No passado 24 de Março de 1905
Júlio Verne morre em Amiens
Se se fizesse uma sondagem mundial para apurar o autor de quem os
inquiridos conseguiam citar um maior número de títulos, Júlio Verne (seria
pedante chamar-lhes Jules) seria um candidato prometedor. Não só porque
escreveu muitos livros – mais de uma centena -, mas porque muitos deles se
tornaram clássicos universais. Verne está traduzido em 148 línguas.
O cinema ajudou a sua popularidade, adaptando muitos dos seus
títulos, num total de quase cem filmes. Mais de um século após a morte do
autor, quem não conhece hoje as Vinte Mil Léguas Submarinas e a Viagem ao
Centro da Terra, A Volta ao Mundo em 80 Dias ou Miguel Strogoff, para citar apenas
algumas obras mais conhecidas?
Filho de um advogado, Verne nasceu em 1828, em Nantes, onde passou a
infância. Radicou-se depois em Paris, onde conheceu outro escritor infatigável,
Alexandre Dumas. Ambos escreveram movimentadas
histórias de aventuras, mas ao passo que Dumas se interessou por fazer
reviver o passado, centrando a sua obra ficcionada na História de França, Verne
gostava de imaginar o futuro. Justamente considerado um precursor da fcção
científica, antecipou submarinos, aviões e outras máquinas. E quando, em 1968,
os tripulantes da Apollo 8 orbitaram em torno da Lua, estavam apenas a repetir,
um século depois, a façanha de Miguel Ardan e dos seus amigos, descrita em Da
Terra à Lua (1865) e À roda da Lua (1869).
Mesmo quando se resignava ao presente, Verne preferia situar as suas
venturas em lugares exóticos, que descrevia minuciosamente sem nunca lá ter
posto os pés. Os seus últimos livros, muito focados nos riscos ambientais da má
utilização da tecnologia, tornaram-no ainda num pioneiro da ecologia. Escreveu
quase literalmente até morrer e deixou vários livros incompletos, que o seu
filho Michel terminou. Em 1989, foi descoberto um romance que escrevera em 1863
e deixara inédito: Paris do Século XX.
Jules Gabriel Verne foi enterrado no Cemitério
de La Madeleine, na cidade francesa de Amiens, com honras militares pois era
possuidor da Legião de Honra da República de França. O cortejo, no dia 28 de
Março, foi acompanhado por mais de cinco mil pessoas.
Fonte: Jornal Público
Texto: Luís Miguel Queirós
CarlosCoelho