domingo, 20 de novembro de 2016

Peixe-Aranha


O peixe-aranha é utilizado como acepipe astronómico em zonas do nosso País – é comparado à pescada -,nomeadamente em Porto Covo, no Alentejo.
A fama do peixe-aranha é conhecida por todos. Escondido na areia a poucos centímetros de profundidade, este peixe solitário provoca dores intensas nos banhistas mais incautos, através das suas picadas venenosas. No entanto, o homem é uma vítima inocente deste animal. O peixe-aranha desfere a picada sempre que se sente ameaçado e tanto o veneno como o esconder na areia são apenas técnicas de defesa.
As picadas têm origem nos três primeiros espinhos da barbatana dorsal e também num outro existente em cada uma das membranas branquiais. Outra característica é a sua grande vitalidade, que lhe permite resistir várias horas fora de água ou mesmo manter activo o veneno depois de morto. Este pormenor faz dos pescadores vítimas frequentes, no momento em que procuram soltar o peixe do anzol.
Os primeiros socorros para o veneno do peixe-aranha consistem em submergir a zona afectada em água quente. Esta acção deve ser realizada nos 30 minutos seguintes á picada e visa a destruição da toxina, fruto da sua sensibilidade a altas temperaturas. Quando tal  for impossível, aconselha-se o recurso a técnicas improvisadas, como o aproximar de um cigarro ou de outra fonte de calor. Qualquer que seja a terapêutica, deve-se ter o cuidado necessário para evitar queimaduras. Na maioria das situações estes procedimentos são suficientes para atenuar o efeito do veneno. Contudo, a consulta médica torna-se indispensável sempre que a vítima apresentar sintomas de vómitos, convulsões, dificuldades respiratórias, febre ou dores de cabeça. Isto acontece sobretudo com pessoas pertencentes a grupos de risco, como crianças, idosos ou grávidas. Para os portugueses, há muito que se tornou banal o convívio com este pequeno terrorista, uma vez que a sua presença é comum no litoral do País e nos  Açores. E como os portugueses são mestres na arte gastronómica, a cozinha nacional soube tirar proveito deste convívio pouco desejável, fazendo do peixe-aranha um ingrediente de diversos pratos, como as caldeiradas. Desfaz-se assim o mito do peixe predador que vê as pessoas como suas presas.

Fonte: Jornal DN
Texto: João Silva

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