sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Viagem aos alicerces da Excentridade

Imagine Fred Astaire e Ginger Rogers a sapatear alegremente nas margens do Rio Moldava. Repita o exercício adicionado a este compasso no Centro de Praga uma boa porção de aço Inoxidável, vidro e cimento. Se preferir, para ajudar à dança, perspective um gelado a derreter num dia de Verão escaldante. Resultado? Uma ‘Casa Dançante’, um dos edifícios mais insólitos que a Republica Checa viu despontar na sua paisagem urbana pelos traços da dupla Frank O. Gehry e V. Milunic. Um entre vários pretextos para uma volta ao Mundo em edifícios excêntricos, alheios aos roteiros convencionais, numa escapadinha de férias perto de si.

(Dancing House)

Construída em 1989, a famosa ‘Dancing House’ trazia na manga uma lufada de ar fresco para a cidade, erigida como símbolo da libertação, sequiosa de afugentar um passado político cinzento. A sua forma, semelhante à imbatível parelha de bailarinos, representou uma verdadeira loucura arquitectónica que abriu alas para o cosmopolitismo a Leste. Chegado a Praga, se perguntar pela estrutura ‘Ginger e Fred’, todos saberão indicar-lhe o caminho. Inusitadamente inclinado, o edifício ocupa uma superfície de 5400 metros quadrados e põe em relevo a impressionante torre de vidro que rompe com todas as normas estabelecidas ao ser quebrado pela metade e suspenso por pilares curvos. Entre os seus habitantes contam-se multinacionais e um restaurante Francês.

(Ray and Maria Stata Center, MIT)

A milhares de quilómetros de distância, os jogos visuais despertam nova curiosidade. No estado de Massachusetts, nos EUA, o mesmo Frank O. Gehry confiou o protagonismo da sua obra à estética da banda desenhada e dos filmes da Disney para dar vida a um edifício científico. O Stata Center, sede da computação científica e inteligência artificial do Instituto de Tecnologia (MIT) dá provas da união entre o talento e a imaginação sem limites do seu criador. O ‘pai’ do Stata alude a uma ‘festa de robôs embriagados’ para caracterizar o seu arrojado projecto.

(‘Ripley’s’? Ex-libris da cidade de Branson)

E que dizer do ‘Ripley’s’? Ex-libris da cidade de Branson, no Colorado, é uma das casas mais fotografadas da região. Concebido com uma enorme fenda, em 1988, homenageia o sismo na escala 8 de Richter que devastou a zona em 1812.

(o ‘The Wilson Hall’)

Menos exuberante, mas igualmente apelativo, o ‘The Wilson Hall’ foi construído em 1971 e 1974 em Sumter, Carolina do Norte. O seu design único deu um novo fôlego ao sentido da arquitectura e ajustou-se como uma luva ao espírito dos seus ‘inquilinos’ mais de 1500 cientistas dispersos por espaços laboratórios e centenas de escritórios.

(A casa ‘Astra’ de Hamburgo)

Na Alemanha, a casa ‘Astra’ de Hamburgo, actual cervejeira, volta a por em relevo a originalidade. Outras obras únicas testemunham os desafios superados pela arquitectura de autor, como um simpático restaurante em Windsor, Inglaterra.

(‘Robot Building’)

Em 1985, o coração financeiro de Banguecoque, abria os seus braços ao ‘Robot Building’, um robô gigante, símbolo da modernidade, que deu abrigo ao grande Banco da Àsia.

(O Hotel Sofitel Tóquio)

Já na cidade de Tóquio, ergue-se um edifício inspirado nos templos japoneses e na árvore da vida. O Hotel Sofitel, desenhado por Kikutake Kiyonori, é um dos mais espectaculares do país. 

(o Restaurante Sakasa)

Do Japão chegam outros regalos para a vista. Será que o Restaurante Sakasa saiu do meio de um cenário dos Playmobil? Construída com um ângulo de 135 graus, parece impossível descobrir vida lá dentro. Mas que há, há!

(‘Crooked House’)

Como um boneco animado as linhas sinuosas da (‘Crooked House’), assemelha-se a uma pisadela de gigante. Atracção turística de um centro comercial de Sopot, na Polónia, foi edificada em 2004 por Szotynscy & Zalesky. Há quem arrisque perguntar, qual será a reacção de uma pessoa sobre o efeito do álcool quando conhece esta casa.

(A Casa da Música no Porto)

A Rotunda da Boavista entre o centro histórico e a Foz do Porto, é habitada por uma das mais recentes e arrojadas obras em território Português que merece uma visita in loco pela sua origina volumetria. A Casa da Música, da autoria do arquitecto e urbanista holandês Rem Koolhaas, foi concebida para servir o projecto Porto 2001 – Capital Europeia da Cultura. Actualmente é palco para todas as variantes da sua convidada mais nobre: a música. Da clássica, à electrónica passando pelo fado e pelo jazz, pelas grandes produções internacionais e pelos pequenos projectos experimentais, a diversidade habituou-se a pisar esta sala de espectáculos situada a Norte. Aliando a arquitectura e a engenharia, a Casa destaca-se pelos elementos estruturais principais do edifício dos Auditórios, como a casca formada pelos painéis das paredes exteriores em betão armado, com 0,40m de espessura. A ideia inicial pressupunha um edifício ‘ translucido’ com uma estrutura metálica, mas razões de custo e a perda do efeito de transparência a que a densidade de elementos estruturais inevitavelmente obrigaria, levaram à opção pelo betão branco (pouco comum nos países do Norte da Europa). Mesmo assim, a ideia agradou a Rem Koolhaas.

Fonte: Revista Domingo
Texto: Maria Ramos Silva
Fotos da Net
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