domingo, 12 de fevereiro de 2023

Wangari Maathai

Wangari Maathai (1940-2011)

Uma mulher e 40 milhões de árvores

Lutou pelo ambiente, democracia e direitos das mulheres. Foi a primeira africana a receber o Nobel da Paz.

Na manhã de 8 de Outubro de 2004, o embaixador do Quénia na Noruega telefonou a Wangari Maathai e pediu-lhe para ficar atenta a uma chamada que haveria de receber de Oslo, da parte de um alto representante do parlamento norueguês, a quem cabe o direito de atribuir anualmente o Prémio Nobel da Paz. A senhora Maathai iria transformar-se numa celebridade, vendo reconhecida a missão a que se propôs quando, ainda jovem, regressou ao Quénia depois de se ter doutorado numa universidade norte-americana.

A Academia Nobel nem sequer precisou de muitas palavras para explicar ao Mundo porque premiava aquela mulher queniana: “Wangari Maathai está na vanguarda do combate por um desenvolvimento ecológico que seja social, económico e culturalmente viável no Quénia e em África”.

Wangari Maathai nasceu numa aldeia do Quénia, os seus pais eram agricultores que puderam proporcionar-lhe uma educação. Excelente aluna, foi admitida na escola de uma missão católica, aprendeu a falar fluentemente inglês, converteu-se ao catolicismo e mudou o seu nome para Marie Joséphine.

Ao abrigo de um programa norte-americano de bolsas de estudo para estudantes africanos, doutorou-se em Biologia pela Universidade de Pittsburgh completou os seus estudos na Universidade de Munique. Quando regressou a casa, deixou o nome de Marie Joséphine para trás, reassumiu a sua identidade queniana, a par de lutas várias e com custos para o regime opressivo do seu país, lembrou-se de fundar, em 1977, uma organização a que chamou Movimento Green Belt. O seu projecto era promover a biodiversidade, criar emprego para as mulheres e responder aos efeitos nefastos e visíveis das alterações climáticas com a plantação massiva de árvores. O Movimento Green Belt foi assim responsável pela plantação de mais de 40 milhões de árvores no Quénia, na Tanzânia, no Uganda e no Lesoto.

Wangari Maathai foi também uma notável combatente contra a corrupção em África. Em 2006, entrevistada pela Antena1, em Nova Iorque, a senhora Maathai explicou o seu pensamento e a sua acção: “Os países ricos vão continuar a recusar ajuda aos pobres enquanto os governos dos países pobres não respeitarem compromissos nem evidenciarem transparência e eficiência na sua acção. E é contra isto que luto e lutarei”.

Com Obama, em 2006, quando ainda era um senador à procura de entrar na corrida presidencial, Barack Obama visitou o Quénia e, ao lado de Wangari Maathai, plantou uma árvore no Uhura Park, em Nairobi. Curiosamente, o pai de Obama beneficiou do mesmo programa de bolsas de estudo que permitiu a Maathai estudar nos Estados Unidos.

“Altruísta e determinada, a senhora Maathai foi uma campeã do combate pelo meio ambiente e do combate pela paz e pela prosperidade em África”.

Kofi Annan – ex-secretário-geral da ONU.

 

Texto: Autor: Leonor Pinhão

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