Wangari Maathai (1940-2011)
Uma mulher e 40 milhões de árvores
Lutou pelo ambiente,
democracia e direitos das mulheres. Foi a primeira africana a receber o Nobel
da Paz.
Na manhã de 8 de Outubro de 2004, o embaixador do Quénia na Noruega telefonou a Wangari Maathai e pediu-lhe para ficar atenta a uma chamada que haveria de receber de Oslo, da parte de um alto representante do parlamento norueguês, a quem cabe o direito de atribuir anualmente o Prémio Nobel da Paz. A senhora Maathai iria transformar-se numa celebridade, vendo reconhecida a missão a que se propôs quando, ainda jovem, regressou ao Quénia depois de se ter doutorado numa universidade norte-americana.
A Academia Nobel nem sequer
precisou de muitas palavras para explicar ao Mundo porque premiava aquela
mulher queniana: “Wangari Maathai está na vanguarda do combate por um
desenvolvimento ecológico que seja social, económico e culturalmente viável no
Quénia e em África”.
Wangari Maathai nasceu numa
aldeia do Quénia, os seus pais eram agricultores que puderam proporcionar-lhe
uma educação. Excelente aluna, foi admitida na escola de uma missão católica,
aprendeu a falar fluentemente inglês, converteu-se ao catolicismo e mudou o seu
nome para Marie Joséphine.
Ao abrigo de um programa
norte-americano de bolsas de estudo para estudantes africanos, doutorou-se em
Biologia pela Universidade de Pittsburgh completou os seus estudos na
Universidade de Munique. Quando regressou a casa, deixou o nome de Marie
Joséphine para trás, reassumiu a sua identidade queniana, a par de lutas várias
e com custos para o regime opressivo do seu país, lembrou-se de fundar, em
1977, uma organização a que chamou Movimento Green Belt. O seu projecto era
promover a biodiversidade, criar emprego para as mulheres e responder aos
efeitos nefastos e visíveis das alterações climáticas com a plantação massiva
de árvores. O Movimento Green Belt foi assim responsável pela plantação de mais
de 40 milhões de árvores no Quénia, na Tanzânia, no Uganda e no Lesoto.
Wangari Maathai foi também
uma notável combatente contra a corrupção em África. Em 2006, entrevistada pela
Antena1, em Nova Iorque, a senhora Maathai explicou o seu pensamento e a sua
acção: “Os países ricos vão continuar a recusar ajuda aos pobres enquanto os
governos dos países pobres não respeitarem compromissos nem evidenciarem
transparência e eficiência na sua acção. E é contra isto que luto e lutarei”.
Com Obama, em 2006, quando ainda
era um senador à procura de entrar na corrida presidencial, Barack Obama
visitou o Quénia e, ao lado de Wangari Maathai, plantou uma árvore no Uhura
Park, em Nairobi. Curiosamente, o pai de Obama beneficiou do mesmo programa de
bolsas de estudo que permitiu a Maathai estudar nos Estados Unidos.
“Altruísta e determinada, a
senhora Maathai foi uma campeã do combate pelo meio ambiente e do combate pela
paz e pela prosperidade em África”.
Kofi Annan – ex-secretário-geral
da ONU.
Texto: Autor: Leonor Pinhão
Fotos da Net