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sexta-feira, 8 de maio de 2020

César



César
101 – 44 antes de J. C.
Magistrado supremo da Républica romana, encarregado, em circunstancias extraordinárias, de substituir os dois cônsules e possuído por um poder absoluto, o Ditador ficou com o seu nome no vocabulário corrente, para designar todo aquele que, general vitorioso, presidente da Républica, ministro ou simples particular, se arvorou com plenos poderes ou os recebeu dos corpos constituídos, para governar o Estado.

César, o grande predecessor, o modelo e o inspirador de todos os ditadores que apareceram depois dele. Foi homem de génio, e sob todos os aspectos: militar, político, oratório, literário. Ambicioso, até ao ponto de não admitir que fosse o segundo em Roma; aristocrata por nascimento, por natureza e por carácter, mas democrata por cálculo até à demagogia, afasta-se do partido conservador onde só vê rivais, e volta-se para o povo que cumula de favores, para os soldados, a quem causa extraordinária admiração. Junta vitórias sobre vitorias em todos os campos de batalhas do mundo antigo e nas questões da política. Um chefe que vem acabar somente pelo assassinato.
Quando, em 78, a morte de Sila lhe deixou o campo livre, sobe ao poder, solicita, umas após outras, todas as funções, empregando para as obter todos os meios, mesmo os bons. Tribuno dos soldados, consegue a simpatia dos tribunos do povo.

Questor em Espanha, não perde o seu tempo; voltando para Roma, vai pacificar algumas colónias latinas que pretendiam revoltar-se. Não abandona, todavia, o caminho legal: torna-se sucessivamente edil, soberano pontífice, pretor e, como chefe da justiça, instruir com brandura o processo da conjuração Catilina. O pretoriado levou-o a um governo de província, pelo que foi para Espanha. Ao voltar a Roma, para entrar no consulado, aproxima-se dos chefes do partido conservador, casa com Calpúrnia em quartas núpcias, entrando assim na família patrícia dos Pisões; tornou Pompeu seu genro, casando-o com a sua filha Júlia; alia-se com Crassus, o rico banqueiro.

Em 59 é nomeado cônsul, parece ter ganho a partida. Consegue afastar Bìbulos, seu colega, e passa a governar, de facto, como ditador. Jogos, distribuições de trigo, concessões de terras, confirmam as suas mãos largas para o povo. Mas a oposição começou a guerreá-lo, obrigando-o, depois do seu consulado, a aceitar o governo da Gália latina. Então, exorbitando do seu poder, empreende e consegue a conquista de Gália transalpina, entra na Grã-Bretanha, passa para além do Reino; depois, quando estava senhor de tropas que lhe eram devotadas e de despojos que o haviam tornado prodigiosamente rico, tira a máscara e, como resposta às censuras do Senado, passa o Rubicão, apequena ribeira limite da Itália propriamente dita, que era interdito transpor a qualquer general com as suas tropas.


Legionário romano, com a adaga rectangular, o gládio e a lança

Ao terem conhecimento dessa nova, o Senado, os cônsules, Pompeu, põem-se em fuga; em menos de sessenta dias, César esta senhor de Itália. Começa então uma assombrosa série de vitórias: vence os lugares-tenentes de Pompeu em Espanha, o próprio Pompeu na Grécia (Farsália); e catão, que representava a última esperança do Partido Republicano, é batido em África: entrando novamente em Roma, recebe, com as honras do triunfo, a ditadura por dez anos. Uma última Victória sobre o filho de Pompeu, e fica ditador para toda a vida.Legionário romano, com a adaga rectangular, o gládio e a lança
O primeiro destes títulos torna-o chefe da república. Pertenciam-lhe, com efeito, como principais prerrogativas, além do poder tribunício, o comando único e permanente de todas as legiões; o direito de declarar a guerra e de fazer a paz; o de indicar os governadores das províncias pretorianas, mesmo das mais importantes; o de nomear os magistrados curules; o de ser o primeiro a falar nas sessões do Senado; o de presidir aos jogos, o que era uma inapreciável dignidade, etc.
Acessoriamente, o vencedor de Gália e de Pompeu foi considerado como um semi-deus. Mostra-o uma inscrição gravada no Capitólio, junto da sua estátua, em frente da de Júpiter.

Não parece que a ditadura por toda a vida acrescentasse ao seu poder mais nada que uma maior duração. Entretanto o Senado, ainda faz melhor; desapossa-se, em seu favor, da administração do erário publico, proclama-o o Pai da Pátria e tem a honra de organizar a sua guarda particular. Todo o estado, decididamente, se resume a ele.
No decorrer dos dois breves anos (46-44) em que o deixaram em sossego os seus inimigos políticos, manifesta-se um hábil administrador. Agricultura, colonização, justiça, obras-publicas, a tudo presta atenção, tudo dirige com tanta competência como a que manifestara na guerra.

Às honras que lhe concediam respondia ele com liberalidades para o povo e para os soldados; aos veteranos que lhe pediam para repousar das fadigas da guerra, concede-lhes tratos de terra para cultivarem; a todos os legionários, prémios, aumentos de sôldo; dos sem-trabalho faz colonos das regiões conquistadas; aos seus inimigos políticos concede uma generosa amnistia…


Local onde Julio César foi assassinado

Mas nada faz desarmar o ódio de certos adversários, ambiciosos e insaciáveis. Aqueles a quem César tudo perdoara, não lhe perdoam; e nos idos de março, em plena sessão do Senado, foi raivosamente atravessado por vinte e três punhaladas, pelos mesmos que julgava serem seus amigos.

Fonte: Almanaque Lello / 1934
Fotos da Net
© Carlos Coelho