quarta-feira, 12 de abril de 2023

História de Arte

 História da Arte- Mobiliario das elites na ultima metade do século XVIII

Proprietários de várias terras e palácios, os nobres portugueses eram parcos no que à mobília diz respeito. Para passar uma só noite em casa do marquês de Pombal a sua irmã teve de transportar as camas de toda a família. Pouco dados às artes, confinavam-se ao brilho das pratarias e disfarçavam a falta de quadros nas paredes com damascos e brocados que engalanavam tudo o que era mesa ou cadeira. Muitas e curiosas revelações de uma tese, exaustiva na descrição do mobiliário das elites na última metade do século XVIII e pioneira na clarificação de uma área da História ainda sujeita à especulação. Eis a casa dos nossos egrégios, mas afinal tão «franciscanos» avós.


É na Lisboa pós terramoto de 1755 que surge o «salão», centrado nas mesas de jogo.

Há 250 anos, a casa de qualquer pessoa com um ofício já especializado «não reuniria mais que uns oito trastes. Uma bancada, uns bancos e talvez uma prateleira para suster três ou quatro pratos. Nem pensar em camas ou cadeiras». Quem o diz é Carlos Franco, mestre de História das Artes Decorativas e autor da tese O Mobiliário das Elites de Lisboa na Segunda Metade do Século XVIII, publicada pela Livros Horizonte.

Se como imaginávamos, a casa do cidadão comum espelhava uma existência espartana, a nobreza, que de espartana não tinha muito, estava ainda longe de sonhar com as condições de conforto que nos trouxeram os séculos posteriores. Desfazendo o imaginário de ficção idealizado pelo cinema e a literatura e clarificando a própria história que no capítulo das artes decorativas ainda tem zonas de sombra apenas baseadas na transmissão oral, eis que numa incursão nos arquivos da Torre do Tombo vem desfazer alguns dos nossos mitos de grandeza e deitar por terra monarcas e nobres. Literalmente. Porque camas era coisa que não sobejava.

A investigação centra-se em Lisboa, capital do reino e principal espaço físico da Corte onde resida o maior número de famílias nobres e debruça-se sobre os cinquenta anos pós-terramoto. É um tempo de corte com o passado e de ressurreição da cidade, onde tudo se vai jogar de novo. Ponto final no fausto e ostentação do anterior reinado de D. João V, época de contenção imposta pela estratégia do Marquês de Pombal, mas também período em que vingam as ideias iluministas, transformando por completo o espaço da casa.


Até aqui as cadeiras estavam circunscritas às mulheres, que não conviviam sequer nos mesmos espaços da casa. O quarto era o centro de todas as atenções, espaço de sociabilidade por excelência onde se investiam as mais avultadas somas em dinheiro e onde se dormia, comia e recebiam as visitas que exigissem tratamento condigno. Conceitos de intimidade ou privacidade, só mesmo a partir da segunda metade do século XVIII, com a passagem do palco da acção para a «sala», uma invenção das «luzes» e factor de transformação profunda no comportamento familiar e social.

 A Moda das Barracas

 


(Rei D José I)

Apesar de o seu palácio não ter sofrido, grandes danos com o terramoto de 1755, o rei D. José I, aterrorizado, passa a viver num «palácio de pano» construído por várias tendas montadas no jardim. Para não se afastar da Corte, Sebastião José de Carvalho e Melo, marquês de Pombal, escolhe também como residência um «palacete abarracado» na Calçada da Ajuda. «Lançada a moda das barracas, umas mais sumptuosas, outras mais modestas, em seis meses havia um total de nove mil barracas», escreve Carlos Franco. «As barracas é expressão sua?», queremos confirmar. «Não, não, daí vem aliás o nome de várias ruas e travessas do “abarracamento” que existem em Lisboa», esclarece, em conversa telefónica.


(A família real espanhola, por volta de 1743. À esquerda, de pé, o príncipe herdeiro, o futuro Fernando VI de Espanha, e sentada, de azul, a sua mulher, D. Bárbara de Portugal.)

Em Janeiro, a Corte partia para caçar no Palácio de Salvaterra de Magos, em Fevereiro para a Tapada de Mafra, depois para herdades de Alcácer do Sal, mais dois meses de estada em Vila viçosa, passagem pela lagoa de Albufeira e, no Verão, Palácio de Queluz. À noite entretinha-se assistindo aos espectáculos de música onde era vulgar a presença de companhias de ópera italianas e de dia ocupava-se com a montaria e a altanaria, contando para o desporto com falcões trazidos da Dinamarca.

Não faltavam passatempos e ingredientes, o que faltava era mobília. Porque apesar das deslocações constantes as casas não tinham um único móvel que lhes pertencesse exclusivamente. Fazendo mais que justiça ao vulvar nome de «móveis», transportava-se todo o recheio de uma casa de mansão em mansão. Ornamentos, utilidades, panos, tapeçarias e alcatifas – Danificados e acusando o desgaste provocado pelas sucessivas mudanças- eram sujeitos a uma vida na estrada. Como refere o historiador, até o magnífico Palácio de Mafra («colosso de pedra onde trabalharam diariamente mais de vinte mil homens») continuava sem mobiliário próprio. Nenhum dos Palácios onde a corte vivia regularmente tinha direito a mobiliário permanente, mas as propriedades, essas, não faltavam.

Elucidativo é um trecho das Memórias do Marquês de Fronteira e de Alorna, citadas por Carlos Franco: «Minha avó tinha a mania das viagens e nunca se sabia onde estava. (…) Morava em Benfica e tinha várias casas de campo em Carnide, palma, Telheiras, para onde se mudava, com a sua numerosa família, muitas vezes no ano.» E, para tão intensa actividade nómada, o que não faltava á nobreza eram verdadeiras companhias de transportes e mudanças, na pele dos seus próprios criados. «Não há terra como Lisboa onde os criados de ambos os sexos sejam tantos (…) Pululam nas casas dos fidalgos e dos grandes e nalgumas delas davam para povoar uma aldeia», escreve um visitante estrangeiro citado pelo historiador.

 Gosto bolorento e duvidoso


Cena num Quarto de Dormir. Autor: Desconhecido. Técnica: Óleo sobre tela. Data: ca. 1690. Dimensões: 47,5 x 72 cm. Local de origem: França.

A pintura mostra o interior de um quarto de dormir francês, no final do século XVII. A cama de dossel, com cortinas de veludo encarnado com franjas douradas e, as costas altas das cadeiras, são o tipo de mobiliário de origem francesa, muito usado na Europa, possivelmente também em Portugal, tal como as tapeçarias penduradas nas paredes. - Victoria and Albert Museum

No registo das compras feitas pela Casa Real e investigadas por Carlos Franco, é notório que o rei prefere adquirir porcelanas e aparatosas peças de prataria em detrimento de pinturas e outras obras de arte. Mas o brilho das pratas, de milhares de cristais e das molduras douradas não chega para disfarçar o facto de a realeza ser pobre em mobiliário. Os observadores estrangeiros, consensuais, denunciam que mesmo em dias de gala só há cadeiras para a família real e que os outros «senhores portugueses, para descansarem, apenas se podem ajoelhar». Criticam ainda o mau gosto nacional, referindo que, para além de não existirem quaisquer móveis ricos ou modernos, a situação é agravada pelo costume de «vestirem saias às comodas e ás mesas» não poupando peça alguma a tecidos e «atavios de todas as cores», lisos ou bordados.


Retrato de Casal num Interior. Autor: Eglon van der Neer (holandês). Técnica: óleo sobre madeira. Data: 1665 - 1667. Dimensões: 73,9 x 67,6 cm.

Um casal da burguesia rico, já comodamente sentado no seu quarto, onde se vê couro estampado cobrindo a parede, tapete persa trabalhado com várias cores, sobre a mesa, e por cima da lereira um quadro com a imagem de Venús.  Museum of fine Arts, Boston.

No Diário de Portugal e Espanha do milionário inglês William Beckford (que permaneceu em Portugal vários anos, mantendo estreitas ligações com a nossa nobreza), Beckford escreve que não é «capaz de atinar com o demónio que tentou os portugueses a inventar tão bolorenta moda». Critica o facto de monarcas e nobres viverem arredados das generalidades das artes, chegando a escrever, em Setembro de 1787, que está «inabalável na decisão de deixar Portugal» para ver-se «são e salvo, longe desta terra de pobreza e ignorância».

O distintivo de classe não está de facto no conteúdo, mas na aparência exterior da residência. «A principal preocupação do construtor da casa nobre setecentista é edificar uma imponente fachada», escreve Carlos Franco. La dentro as paredes estão revestidas de painéis de azulejos com cenas de montaria ou orientalizantes, o que, mais uma vez de acordo com os comentários e queixa dos viajantes estrangeiros, torna as casas frias, facto em muito piorado por só existirem lareiras nas cozinhas.

O grande investimento parece centrar-se na profusão de tecidos – de tafetá, chita ou damasco -, decorados com representações sagradas ou profanas e que, possivelmente, acrescentavam a vantagem de encobrir o desgaste que os móveis iam sofrendo no vaivém contínuo. Notória era evidentemente a falta de quadros nas paredes. A casa do Marquês de Marialva, exemplo varias vezes referido no estudo, estava «pobremente ornamentada com estampas inglesas coloridas e corriqueiros registos de santos e madonas». E, no entanto, o valor médio de uma «armação de casa» (conjunto de tecidos que cobriam as paredes) custava cerca de 96$000 réis, enquanto o valor médio de uma pintura era apenas de 1$300 réis.

Tapeçaria, Julho. Autores: Jean De La Croix (fabricante) e Charles Le Brun (designer). Local de origem: Fabricada em Gobelins, Paris. Data: 1670 - 1700.  Técnica: Tapeçaria tecida em lã e seda.

Esta tapeçaria pertence a uma série que representa doze das residências reais de Luís XIV, durante os diferentes meses do ano. O rei é representado a caçar, com a sua comitiva, no terreno do seu castelo. - Victoria and Albert Museum.

Ruas da Prata e do Ouro eram o destino quando o objectivo das compras era o aparato. O restante mobiliário vendia-se na casa/oficina do próprio artífice, já com direito a anúncio no jornal: «Quem quiser comprar huma papeleira, ou dous toucadores marchetados à Francesa, e de bom gosto, com suas guarnições respectivas, falle com Francisco Lemaitre, Mestre Marceneiro, morador na rua de Santa Gertrudes á Calçada da Estrella», publica-se na Gazeta de Lisboa, a 15 de Novembro de 1794.  Através deste jornal procurava-se também comprador ou vendedor para todo o tipo de peças. E se existiam lojas e armazéns que vendiam produtos provenientes do Oriente e do Brasil, a mais importante forma de transação comercial dos «vários trastes de casa» eram os leilões, anunciando «adornos da moda e do bom gosto», «preços muito acomodados», «tudo no último gosto e primor», «móveis de todas as classes e gostos» misturados com «as boas pinturas d’Authores».

 Da cama para o salão

 Se até aqui as mulheres se sentavam num estrado e caso pertencessem ao grupo das «pessoas de qualidade» em tapetes turcos e almofadões de veludo com rendas de ouro e prata, finalmente chegam a Portugal as ideias modernas do iluminismo e a mulher passa a ter direito a assento mais elevado. Os móveis de descanso são os que aparecem em maior profusão neste período, referindo o investigador que num total de 5783 pessoas estudadas, metade são móveis de assento e repouso.


Bufete Séc.XVIII

O número crescente de cadeiras é sintoma de desenvolvimento da vida social que passa a centrar-se no «salão», novo espaço da casa. As ideias iluministas tendem para a sociabilidade e as classes privilegiadas adoptam os comportamentos da «gente educada», que goza das «sãs delícias e do suave prazer da companhia» porque «o homem esclarecido tem prazer em conviver». Como figura principal do salão, os jogos de cadeiras em torno de um canapé. Carlos Franco frisa, em conversa, que nesta época se dá a explosão de dois tipos de móveis: a «mesa de jogo», porque o jogo de cartas se torna o novo vício da realeza, e as «mesinhas de chá», com a introdução do hábito desta bebida.

Rareia ainda a «mesa de casa de jantar», função ainda sem espaço definido, aparecendo por isso as «mesas de abas», versáteis e apropriadas para improvisações.

Nas cadeiras, a nogueira, é a madeira mais utilizada, mas, graças às nossas artes de disfarçar carências, encontram-se já muitas peças de mobiliário «em pinho fingindo nogueira». Há cadeiras de «espaldar abaulado que permitem uma postura menos rígida do corpo representando a vitória da posição sentada e do sedentarismo», «feito à grega», «à inglesa» e «à moderna», muitas com remates de talha dourada, não tantas possuindo braços.


Tamborete Séc.XVIII

Nota-se uma preocupação com a higiene, aparecendo nos inventários «cadeiras de retrete» (com uma bacia de loiça, ou cobre dentro), «poltronas com bidé», «cadeiras de pentear» e «cadeiras de banho» (também com bacia incluída).

Entre os móveis de repouso, o mais sumptuoso é o chamado leito, coberto de tecidos e de brocados. O mais caro encontrado na pesquisa estava avaliado em 264$000 réis. Era de madeira pau-santo, «com imperial, colchas, cobertor e enxergão». Com uma soma destas, referem os documentos, podia comprar-se por exemplo, a «escrava preta por nome Quitéria Rosa, natural de Cabo Verde, de idade de 58 anos pouco mais ou menos, a “livraria” do marquês de Niza, quatro painéis pintados por Josefa de Óbidos, um par de serpentinas de dois lumes em prata, dois colchões de cama grande cheia de lã, um espadim em prata, um vestido de homem e um vestido de mulher americano.

Não foram encontrados quaisquer outros leitos em diferentes divisões das casas para além daquele que enobrecia a câmara principal. Os restantes quartos albergavam catres, cama mais modesta, «com pilares não totalmente levantados como os do leito».


Leito do Séc. XVII

Mas a verdade é que as casas portuguesas as camas não eram ainda um bem de primeira necessidade. Os colchões e enxergões faziam a vez. «mesmo na casa das elites», escreve Carlos Franco, «o número de camas era manifestamente baixo tendo em conta o número de residentes». E note-se que os residentes eram uma multidão. Em casa do marquês de Fronteira, por exemplo, eram mais de oitenta pessoas entre amos e criados e na do marquês de marialva haveria «cinquenta criados a postos». Dormiam oito a dez por divisão, «duas a duas, pretas, brancas ou mulatas, num colchão de lã com coberta».

É tal a falta de camas que a irmã do marquês de Pombal, «para dormir uma única noite na quinta do irmão, transportou a sua cama, a do marido, a da filha e a da sua criada».

William Beckford conta no seu Diário que depois de um arrastado jantar em casa do marquês de Marialva viu-se obrigado a pernoitar naquela casa e passou a noite num colchão cheio de pulgas que não lhe permitiu pregar olho.

Curioso e muito significativo no que diz respeito á importância dada ao mobiliário é o facto de nesta residência não se padecer propriamente de um estado depauperado. De acordo com um testemunho da marquesa de Alorna, igualmente citado por Carlos Franco, sentavam-se todos os dias à mesa do marquês de marialva dezenas de convivas e confeccionavam-se diariamente «trezentas rações distribuídas entre a plebe parasita da capital».

 Muito aparato, pouco conforto


Consola. Autor: Desconhecido. Local: Portugal. Data: 1720 -1740. Técnica: Talha dourada sobre madeira de castanho e tampo de mármore policromado.

Decorada com motivos de cariz vegetalista - festóes e folhas de acanto, que se entrelaçam com volutas e concheados. -  Museu Nacional Machado de Castro, MatrizNet.

Exposições: "Triomphe du Barroque" - Bruxelas Europália, 1991; "Triunfo do Barroco" -  Centro Cultural de Belém, 1992.

Os sinais de grandeza ficavam-se pelos tecidos que vestiam o mobiliário e o maior símbolo de riqueza encontrava-se na exposição de objectos oriundos de outras partes do mundo, testemunho da nossa grandiosidade ultramarina. Uma descrição das Memórias do marquês de Fronteira e Alorna sobre a casa dos condes de Resende dá-nos o retrato: «entrava-se na primeira sala, guarnecida de magníficos panos de arrás e de talhas da Índia, e, depois, para o gabinete onde estavam os Condes e que era dos mais elegantes da época. Os tremós e as bancas estavam cheios de preciosa louça do japão e da Índia e de muitas curiosidades do Brasil, onde o Conde tinha sido Vice-Rei.» E continua dizendo que o visitante «era surpreendido com a beleza da escada, de magnífica e elegante arquitectura, e com o grande número de creados que apareciam com velas acesas em castiçaes de prata». O tom ambiente, pormenoriza o historiador, era o do brilho destes objectos em contraste com os tons mais escuros das madeiras e com os dourados que «a cada dia iam encontrando mais espelhos para os reflectirem e exultarem».

 Para amantes de antiguidades

O mobiliário das elites de Lisboa na segunda metade do Século XVIII (Livros Horizonte, 168pp) é um estudo exaustivo das peças que se encontravam nas casas nobres da época, com desenhos demonstrativos. Descreve-nos o seu estado de conservação, o modelo, os materiais, as cores e as proveniências. Contadores, ventos, oratórios, cofres, mesas, leitos, catres, canapés, tamboretes, tremós, cómodas, baús, aparadores, cantoneiras, cabides ou molduras são aqui reinventariados e descritos ao pormenor, numa obra que não foi pensada para encher o olho a ninguém, pelo contrário, é antes precioso instrumento de trabalho para historiadores das artes decorativas e evidentemente, para qualquer antiquário, leiloeiro e comprador que não queira comprar gato por lebre, o que no caso quer dizer, por exemplo, pinho por mogno ou pau-santo. E para acrescentar mais uma peça á compreensão da nossa História.

 

Fonte: Revista Notícias Magazine, Mobiliário Paço dos Duques, Blog ComJeitoArte

Texto: Claúdia Moura

Fotos da Revista e da Net

sábado, 1 de abril de 2023

Dia das Mentiras

 Um de Abril: O dia de todos nós

(A mentira simbolizada no nariz de Pinóquio. )

Não há dados concretos sobre a origem do dia das mentiras, comemorado por muitos e achado sem graça por tantos outros. No entanto, o certo é que, sendo a mentira um acto praticado com alguma frequência, independentemente do seu grau de gravidade, podemos dizer que é comemorado um pouco por toda a parte e por toda a gente!

Há histórias e lendas que correm ao longo doa anos as várias gerações, mas segundo a maioria dos “historiadores” da “arte de mentir”, o 1 de Abril, como Dia das Mentiras parece estar ligado á sequencia da adopção do calendário gregoriano, em 1564. Até então, o início do ano era comemorado na semana entre 25 de março e 1 de Abril, coincidindo com o equinócio da Primavera. Nesta altura, o Rei Francês Charles IX adoptou o novo calendário, com início a 1 de Janeiro, mas muitas das pessoas, talvez por falta de conhecimento ou pelo seu conservadorismo, censuraram e ignoraram esta alteração. A estes, os adeptos do novo calendário achincalhavam, chamando-os de “tolos de Abril”, convidando-os para festas imaginárias no dia 1 de Abril e pregando-lhes várias partidas.

Hoje, independentemente da veracidade da história, o importante é que a tradição se estendeu a outras regiões europeias e mais tarde à América. Até a comunicação social já costuma incluir, entre as notícias autênticas, uma “mentirinha” para divertir os seus leitores, talvez com o intuito de testar a perspicácia e credulidade do público em geral.

(Na foto, o escritor norte-americano Mark Twain, que descreveu de forma satírica o Dia das Mentiras.)

O escritor norte-americano Mark Twain tem uma frase que talvez descreva o primeiro dia do mês de Abril - O Dia das Mentiras: “É o dia do ano em que nos lembramos daquilo que somos nos restantes 364 dias.”

O 1º de Abril em Portugal, fica marcado também por acontecimentos verídicos:

1876 – Aprovado em Portugal, O Código de Processo Civil.

1910 – Fundado o Sporting Clube Farense

1974 – Reunião de oficiais para a elaboração definitiva do programa de movimento que desencadeou as operações do 25 de Abril em Portugal.

1997 – Portugal assume, pela segunda vez, a presidência do Conselho de Segurança da ONU.

Fonte: Revista Flash

Texto: Flávio Furtado

Fotos da Net