O carro que marcou
muitas gerações…
… chegou ao fim
Há setenta anos pela
estrada fora
Depois de 70 anos na
linha de montagem, o carro mais omnipresente do Mundo deixou de ser fabricado.
O passado dia 10 de julho marcou o fim de um veículo que é, ainda hoje, muito
mais do que isso!
Uma peça de ‘design’
intemporal!
Os puristas desta
verdadeira pérola da mecânica ridicularizam o novo Beetle! Chamam-lhe
tupperware, e perguntam como é que alguém consegue chamar carocha a um carro
com motor a diesel, que nem se sabe se durará, sequer, seis anos? De facto, a
tentativa de “reanimação” do modelo, por parte do fabricante, foi um sucesso no
mercado norte-americano, mas um verdadeiro “fiasco” na Europa, o que os
verdadeiros “carochistas” explicam pelo facto dos americanos não terem hipótese
de conduzir o verdadeiro ícone da Volkswagen.
Em 1971 foram exportadas, para os
EUA, cinco milhões de unidades Thing (coisa) como lhe chamavam. Contudo,
durante o auge do “sonho americano”, era considerado uma vergonha possuir um
carro que gastasse apenas 13,5 litros aos 100 km/h. Contudo, desde o seu
lançamento, o novo Beetle é uma espécie de adereço com que se identifica a
maior parte da comunidade artística nova-iorquina.
Porém, o grande enigma com
que se deparam os adoradores do original é o seguinte: Se ficou provado que a
refrigeração do motor do “velho” carocha, por via de uma ventoinha que
trabalhava á mesma velocidade da rotação do motor, garantia longa vida ao
veículo, porque é que passou a utilizar-se o sistema de radiador nas outras
marcas? É simples: Os mecânicos precisam de trabalhar, o que equivale a dizer
que não compensa aos fabricantes produzirem um carro cuja assistência seja rara
ou mesmo inexistente. Isto vem provar que o ícone da marca alemã foi o último
veículo a ser fabricado sem objectivos comerciais.
O orgulho do “carochista” é
possuir um veículo que, com 50 anos, é mais fiável do que qualquer outro,
acabado de comprar. Infelizmente, reside aqui um fundo de verdade. Talvez por
isso, a unidade fabril no México tenha produzido o último exemplar, que ficará
em exposição na Alemanha.
Origem Negra
Estando em guerra
iminente, o partido nazi retirou dos arquivos, em 1938, os planos de um veículo
militar, o Kubelwagen, cabendo aos engenheiros da Porsche a criação de uma
carroçaria suficientemente leve para garantir a mobilidade necessária. Nos
testes realizados, o protótipo Typ 62 mostrou ser claramente superior aos
pesados 4x4.
Quando exposto a
temperaturas gélidas, o líquido de arrefecimento não congelava e, no deserto,
não entrava em ebulição. Em 1939, já o definitivo Typ 82 estava pronto,
sofrendo algumas alterações no decorrer da guerra, como a adição de
amortecedores na direcção e o aumento da cilindrada, de 985 para 1,131 cm3. Baptizado então como Kubel, foram produzidos
mais de 50 mil carochas militares. Quando a segunda Grande Guerra terminou, a
fábrica estava arrasada, mas o major Ivan Hirst, um oficial inglês, retomou a
sua produção.
Durante a gerência
deste, os fabricantes ingleses, franceses e ingleses ridicularizaram o projecto
da Porsche, tendo Henry Ford, inclusivamente, recusado o mesmo, por
considera-lo “sem futuro”. O controlo da fábrica passa, então, para o governo
alemão e, em 1948, já como “carro do povo”, chegava-se ás 25 mil unidades
anuais. A Volkswagen contribuiu, grandemente, para o reerguer alemão
pós-derrota, empregando milhares de pessoas e tornou-se o maior angariador de
divisas, devido á exportação. Como se calculará, este modelo tinha tudo para
estar adstricto ao preconceito para com o regime nazi e ser, assim, indesejado.
Mas não! A partir desta altura, o sucesso do “insecto com rodas” prolongou-se
até aos nossos dias. Constituem, cada vez mais, heranças familiares e é um
facto que muitos Beetles passaram de geração para geração, sempre a uso! Mais
do que um carro, é um símbolo!
Fonte: Revista Ego
Texto: Nuno Miguel Dias
Fotos da Net
© Carlos Coelho