Afinal não é uma
desculpa esfarrapada: O sexo pode mesmo provocar dores de cabeça. Há um tipo de
dor que surge antes e outra durante o orgasmo. A Sociedade Internacional de
Cefaleias garante que há mais de 100 tipos diferentes. Conheça os oito mais
frequentes.
Cefaleia de Tensão
“ Os doentes costumam
usar uma comparação para a descrever: dizem que é como se tivessem uma fita
apertada à volta da cabeça”, explica o neurologista Júlio Barreto. As cefaleias
de tensão caracterizam-se por uma dor bilateral, que se pode estender à nuca e
ao pescoço, e envolvem uma sensação de pressão. A dor é constante e as crises
podem ser diárias. Há dois factores que podem suscitar esta dor: tensão física,
como uma má postura ou uma contração muscular, ou psíquica, provocada por
ansiedade prolongada. A melhor terapêutica é a acupuntura.
Facada ou Pica-Gelo
Também é conhecida como
a dor do Pica-Gelo (em inglês: ice peak headache). É uma localizada e
transitória, de curta duração, mas intensa. “O doente pode ter vários
episódios, durante o dia. Duram segundos, mas são tipo facadas”, compara o
neurologista Júlio Barreto. Estima-se que 40% das pessoas com enxaqueca possam
também sofrer destas dores que se chamam primárias por não terem uma causa
associada.
Em salvas
É o único tipo de dor
de cabeça mais frequente nos homens (a prevalência é três ou quatro vezes maior
do que nas mulheres). Chama-se cefaleia em salvas e caracteriza-se por uma dor
muito intensa, normalmente unilateral, que dura entre 15 minutos e três horas.
Segundo os especialistas, tem quase um horário para aparecer: “Pode surgir
sempre à mesma hora, todos os dias, durante três meses seguidos”, adianta o
neurologista Júlio Barreto. Muitas vezes é acompanhada por alterações no nariz
e nos olhos (congestão nasal, olhos vermelhos ou lacrimejantes). Nas crises
mais fortes, a pessoa não consegue estar quieta e é incapaz de se deitar.
Enxaqueca
Se for atacado por uma
dor intensa e latejante de um lado da cabeça e se, além dessa dor, sentir
náuseas, vómitos e intolerância à luz e ao som pode ter a certeza: é uma
enxaqueca. Em Portugal, estima-se que cerca de 10 % da população a tenha, sendo
mais frequente nas mulheres. As crises normalmente duram entre 4 e 72 horas e
podem ser desencadeadas por cheiros intensos, alterações no sono, stresse e
ansiedade. Pioram com o exercício físico. “Por vezes, também há sintomas antes
da dor como alterações da visão. Por exemplo, flashs ou luzinhas a brilhar”,
descreve Júlio Barreto.
Da Tosse
Surge subitamente e
pode ser desencadeada pela tosse ou pelo esforço físico. Aparece sobretudo
depois dos 40 anos, com crises que podem durar até 30 minutos. Apesar de a maioria
das situações não ser complicada, esta dor de cabeça pode ser indício de um
problema mais grave. Como uma malformação congénita do sistema nervoso central.
Hípnica
Esta dor de cabeça só
aparece normalmente a partir dos 65 anos. “É conhecida como a cefaleia dos
idosos”, esclarece o neurologista Júlio Barreto. Ocorre durante o sono e
incomoda tanto que funciona como despertador. As crises podem durar entre 15 e
60 minutos.
Ligada à actividade
sexual
Há um tipo de dor que
pode acontecer durante a fase da excitação sexual, antes ou durante o orgasmo.
A que surge antes, chamada pré-orgásmica, caracteriza-se por uma dor difícil de
descrever e de localizar na cabeça e no pescoço, associada à contração muscular
do pescoço e dos maxilares; a orgásmica é uma dor intensa e explosiva. Ambas se
manifestam dos dois lados da cabeça. Contudo, por vezes estas dores “podem ser
um sintoma de uma situação mais grave, como um aneurisma”, explica o
neurologista Júlio Barreto. Também não são fáceis de tratar. Razão: “As pessoas
não costumam programar a sua actividade sexual. Portanto, é impossível prevenir
as crises.”
Cervicogénica
Ter uma postura
incorrecta diariamente no local de trabalho pode ser suficiente para
desencadear esta dor de cabeça. Aparece só de um dos lados da cabeça e pode
estender-se aos ombros e pescoço. Tal como na enxaqueca, o doente também pode
ter vómitos, náuseas e intolerância á luz e ao ruído.
Texto:
Lucília Galha
Fotos
da Net
©
Carlos Coelho
