sábado, 2 de maio de 2020

Ciência Náutica


A ciência náutica mundial beneficiou de um enorme desenvolvimento devido aos avanços portugueses pelo mar. não foi apenas no design de objectos e equipamentos, mas também no desenho dos mapas, na evolução da cartografia. Não fomos em momento algum os únicos inventores, mas durante muitos anos fomos grandes impulsionadores da arte de navegação.
Desde instrumentos náuticos até embarcações de porte que os nossos homens, cientistas e marinheiros, inovaram muita da parafernália necessária para a aventura marítima, permitindo uma verdadeira revolução nesta área.
Com a nossa coragem e capacidade criativa acelerámos o domínio sobre o que permitiu, finalmente, conhecer a escala real do mundo que habitávamos e criar as redes de conhecimento de uma espécie, a nossa, finalmente global, ecuménica e comunicante.
Nessa apropriação do mar e dos oceanos houve também um sublinhar da nossa capacidade de dominar vários materiais e vários modos de fabrico artesanal, muitos deles com minucia e de grande engenho. A restrição de materiais disponíveis e tecnologias existentes – falamos do período entre os séculos XIV e XVI maioritariamente – não foi um obstáculo, foi uma condição. Algo a que os designers estão habituados e que faz parte do seu ponto de partida e enquadramento.
Nesses tempos passados não se falava em design. Mas a forma como os problemas eram encarados, o modo como se criavam soluções para os mesmos, o gesto que seguia um pensamento e que resultava num novo artefacto, que funcionava quer do ponto de vista técnico quer estético, era já parte do raciocínio que iria ser identificado, muitos anos depois, como design.
A nós juntaram-se os holandeses, os espanhóis, os italianos, os noruegueses, os japoneses, os índios, tantas outras raças e povos. Ás vezes em complementaridade, outras em competição, outras por mero acaso ou ocasião. Mas existiram, sem dúvidas momentos que foram nossos, quase solitários, em que fomos os fazedores do domínio do mar porque soubemos desenhar, produzir e fazer o que era necessário.

Quadrante

O quadrante, que tinha a forma de um quarto de círculo graduado de 0 a 90 graus e um fio de prumo, no centro, tinha duas pínulas com um orifício, por onde se apontava á Estrela Polar. Este instrumento permitia determinar a distância entre o ponto de partida e o lugar onde a embarcação se encontrava, cujo o cálculo se baseava na altura desse astro.

Caravela


O termo caravela ocorre pela primeira vez na documentação portuguesa em 1255, encontrando-se ainda num manuscrito de 1766. Descreve múltiplas embarcações desde a pequena caravela latina de um mastro até à caravela redonda ou de armada, passando pela caravela latina de dois mastros, que protagonizou as viagens de exploração atlântica até 1488, sem deixar de continuar a ser utilizada depois desta data em várias circunstâncias.

Astrolábio Náutico


O astrolábio desenvolve-se de uma ideia da antiga Grécia, que nos chegou por via dos árabes. Existem pelo mundo fora cerca de 1500 astrolábios antigos de vários tipos, incluindo os náuticos. O astrolábio náutico é uma versão simplificada, ficando apenas com a capacidade de medir a altura dos astros, fundamental para a navegação. Os astrolábios náuticos usados para medir a altura do sol diferiam dos usados para medir a altura das estrelas.

Bússola


A bússola é um dos instrumentos de navegação mais importantes a bordo. Foi nos finais do século XII, que a bússola, também chamada agulha de marear, começou a ser utilizada na navegação. Nessa época consistia apenas numa agulha magnetizada que flutuava sobre a água, tendo uma das suas pontas virada para Norte. Essa indicação permitia que os navegadores se orientassem em alto mar e não se perdessem. Pensa-se que foi a partir do início do século XIV que a bússola passou a ser utilizada tendo como base um cartão com o desenho da rosa dos ventos. No tempo do Infante D. Henrique já se utilizava a rosa dos ventos com 32 rumos.

Mapa


Um mapa é uma representação simbólica e gráfica de uma forma de ver uma realidade específica, que pertence a dado momento. Este é um mapa do Noroeste africano e do Golfo da Guiné, atribuído a Fernão Vaz Dourado (1520-1580), um dos muitos que contribuíram para o mapear de um mundo que se ia conhecendo aos poucos e através dos olhos de alguns.

Balhestilha


Há quem afirme que a balhestilha foi inventada pelos portugueses, mas tal não é 100% seguro. Serve para medir a latitude, à noite, através das estrelas. Foi o primeiro instrumento a usar o horizonte do mar e apareceu após o astrolábio e o quadrante.

Fonte: Revista Expresso / Guta Moura Guedes
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