A ciência náutica mundial
beneficiou de um enorme desenvolvimento devido aos avanços portugueses pelo mar.
não foi apenas no design de objectos e equipamentos, mas também no desenho dos
mapas, na evolução da cartografia. Não fomos em momento algum os únicos
inventores, mas durante muitos anos fomos grandes impulsionadores da arte de
navegação.
Desde instrumentos náuticos
até embarcações de porte que os nossos homens, cientistas e marinheiros,
inovaram muita da parafernália necessária para a aventura marítima, permitindo
uma verdadeira revolução nesta área.
Com a nossa coragem e
capacidade criativa acelerámos o domínio sobre o que permitiu, finalmente,
conhecer a escala real do mundo que habitávamos e criar as redes de
conhecimento de uma espécie, a nossa, finalmente global, ecuménica e
comunicante.
Nessa apropriação do
mar e dos oceanos houve também um sublinhar da nossa capacidade de dominar
vários materiais e vários modos de fabrico artesanal, muitos deles com minucia
e de grande engenho. A restrição de materiais disponíveis e tecnologias
existentes – falamos do período entre os séculos XIV e XVI maioritariamente –
não foi um obstáculo, foi uma condição. Algo a que os designers estão
habituados e que faz parte do seu ponto de partida e enquadramento.
Nesses tempos passados
não se falava em design. Mas a forma como os problemas eram encarados, o modo
como se criavam soluções para os mesmos, o gesto que seguia um pensamento e que
resultava num novo artefacto, que funcionava quer do ponto de vista técnico
quer estético, era já parte do raciocínio que iria ser identificado, muitos
anos depois, como design.
A nós juntaram-se os holandeses,
os espanhóis, os italianos, os noruegueses, os japoneses, os índios, tantas
outras raças e povos. Ás vezes em complementaridade, outras em competição,
outras por mero acaso ou ocasião. Mas existiram, sem dúvidas momentos que foram
nossos, quase solitários, em que fomos os fazedores do domínio do mar porque
soubemos desenhar, produzir e fazer o que era necessário.
Quadrante
O quadrante, que tinha
a forma de um quarto de círculo graduado de 0 a 90 graus e um fio de prumo, no centro,
tinha duas pínulas com um orifício, por onde se apontava á Estrela Polar. Este instrumento
permitia determinar a distância entre o ponto de partida e o lugar onde a
embarcação se encontrava, cujo o cálculo se baseava na altura desse astro.
Caravela
O termo caravela ocorre
pela primeira vez na documentação portuguesa em 1255, encontrando-se ainda num
manuscrito de 1766. Descreve múltiplas embarcações desde a pequena caravela
latina de um mastro até à caravela redonda ou de armada, passando pela caravela
latina de dois mastros, que protagonizou as viagens de exploração atlântica até
1488, sem deixar de continuar a ser utilizada depois desta data em várias circunstâncias.
Astrolábio Náutico
O astrolábio
desenvolve-se de uma ideia da antiga Grécia, que nos chegou por via dos árabes.
Existem pelo mundo fora cerca de 1500 astrolábios antigos de vários tipos,
incluindo os náuticos. O astrolábio náutico é uma versão simplificada, ficando
apenas com a capacidade de medir a altura dos astros, fundamental para a
navegação. Os astrolábios náuticos usados para medir a altura do sol diferiam
dos usados para medir a altura das estrelas.
Bússola
A bússola é um dos
instrumentos de navegação mais importantes a bordo. Foi nos finais do século
XII, que a bússola, também chamada agulha de marear, começou a ser utilizada na
navegação. Nessa época consistia apenas numa agulha magnetizada que flutuava
sobre a água, tendo uma das suas pontas virada para Norte. Essa indicação
permitia que os navegadores se orientassem em alto mar e não se perdessem. Pensa-se
que foi a partir do início do século XIV que a bússola passou a ser utilizada
tendo como base um cartão com o desenho da rosa dos ventos. No tempo do Infante
D. Henrique já se utilizava a rosa dos ventos com 32 rumos.
Mapa
Um mapa é uma
representação simbólica e gráfica de uma forma de ver uma realidade específica,
que pertence a dado momento. Este é um mapa do Noroeste africano e do Golfo da
Guiné, atribuído a Fernão Vaz Dourado (1520-1580), um dos muitos que contribuíram
para o mapear de um mundo que se ia conhecendo aos poucos e através dos olhos
de alguns.
Balhestilha
Há quem afirme que a
balhestilha foi inventada pelos portugueses, mas tal não é 100% seguro. Serve para
medir a latitude, à noite, através das estrelas. Foi o primeiro instrumento a
usar o horizonte do mar e apareceu após o astrolábio e o quadrante.
Fonte: Revista Expresso
/ Guta Moura Guedes
Fotos da net
© Carlos Coelho