Lisboa, que o Marquês de
pombal reconstruíra com cera pomposidade, sob as directrizes dum plano
audacioso aformoseamento, não possuía teatro próprio para ópera. Os teatros do
Salitre, do Bairro Alto e da Rua dos Condes eram edifícios sem condições
artísticas e higiénicas. Neles o público apertava-se aflitivamente, ouvindo mal
e vendo com dificuldade.
Foram alguns negociantes e
capitalistas da nossa capital que tomaram a iniciativa de dotarem Lisboa com um
teatro lírico que fosse capaz de ombrear, em aspecto arquitectónico, luxo e
condições acústicas, com o famoso S. Carlos de Nápoles. Merecem, sem dúvida, referência
especial esses seis beneméritos cujos nomes andam esquecidos na penumbra do
tempo – Anselmo José da Cruz Sobral, Joaquim Pedro Quintela, Jacinto Fernandes
Bandeira, João Pereira Caldas, António Francisco Machado e António José
Ferreira Sola.
(Joaquim Pedro Quintela, 1º Conde de Farrobo.)
O arquitecto José da Costa
e Silva incumbiu-se do risco, e serviu de modelo o Teatro de S. Carlos de
Nápoles, que um incêndio mais tarde, destruiria. Joaquim Pereira foi o
competentíssimo mestre das obras.
Pina Manique, o célebre
intendente da polícia, homem enérgico, a quem Lisboa deveu grandes
melhoramentos, interessou-se pela construção do novo teatro, e, por isso, quis
vê-lo depressa erguido, facilitando a escolha de bons operários e a aquisição
cuidada e económica dos materiais necessários.
(Vista exterior do "Real Theatro de S. Carlos", em 1893)
Vencendo as maiores
dificuldades, Pina Manique contribuiu, como muito acertadamente escreveu
Fonseca Benevides, «para a pronta conclusão do edifício». As obras, iniciadas a
8 de Dezembro de 1792, estavam terminadas seis meses depois, e os lisboetas
daquela época podiam assistir, assim, a deslumbrantes espectáculos de ópera.
(O Theatro Real de São Carlos durante a primeira metade do século XIX)
Imagine o leitor
moderno que essas obras, no seu admirável conjunto, incluindo também o terreno,
custaram 165.845$196 réis!
Na construção do
Teatro de S. Carlos trabalharam os mais hábeis pedreiros, carpinteiros,
serradores, entalhadores, marceneiros, funileiros, douradores e estucadores.
(Interior do Teatro)
O
Teatro, que, por proposta de Pina Manique, recebeu a denominação de S. Carlos,
foi inaugurado em 30 de Julho de 1973, com a ópera La ballarina amante, de Cimarosa.
Fonte: Almanaque
Diário de Notícias
Texto/Autor:
Desconhecido
Foto da net
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