segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

A Construção do Teatro de S. Carlos


Lisboa, que o Marquês de pombal reconstruíra com cera pomposidade, sob as directrizes dum plano audacioso aformoseamento, não possuía teatro próprio para ópera. Os teatros do Salitre, do Bairro Alto e da Rua dos Condes eram edifícios sem condições artísticas e higiénicas. Neles o público apertava-se aflitivamente, ouvindo mal e vendo com dificuldade.
Foram alguns negociantes e capitalistas da nossa capital que tomaram a iniciativa de dotarem Lisboa com um teatro lírico que fosse capaz de ombrear, em aspecto arquitectónico, luxo e condições acústicas, com o famoso S. Carlos de Nápoles. Merecem, sem dúvida, referência especial esses seis beneméritos cujos nomes andam esquecidos na penumbra do tempo – Anselmo José da Cruz Sobral, Joaquim Pedro Quintela, Jacinto Fernandes Bandeira, João Pereira Caldas, António Francisco Machado e António José Ferreira Sola.

(Joaquim Pedro Quintela, 1º Conde de Farrobo.)

O arquitecto José da Costa e Silva incumbiu-se do risco, e serviu de modelo o Teatro de S. Carlos de Nápoles, que um incêndio mais tarde, destruiria. Joaquim Pereira foi o competentíssimo mestre das obras.
Pina Manique, o célebre intendente da polícia, homem enérgico, a quem Lisboa deveu grandes melhoramentos, interessou-se pela construção do novo teatro, e, por isso, quis vê-lo depressa erguido, facilitando a escolha de bons operários e a aquisição cuidada e económica dos materiais necessários.

(Vista exterior do "Real Theatro de S. Carlos", em 1893)

Vencendo as maiores dificuldades, Pina Manique contribuiu, como muito acertadamente escreveu Fonseca Benevides, «para a pronta conclusão do edifício». As obras, iniciadas a 8 de Dezembro de 1792, estavam terminadas seis meses depois, e os lisboetas daquela época podiam assistir, assim, a deslumbrantes espectáculos de ópera.

(O Theatro Real de São Carlos durante a primeira metade do século XIX)

Imagine o leitor moderno que essas obras, no seu admirável conjunto, incluindo também o terreno, custaram 165.845$196 réis!
Na construção do Teatro de S. Carlos trabalharam os mais hábeis pedreiros, carpinteiros, serradores, entalhadores, marceneiros, funileiros, douradores e estucadores.

(Interior do Teatro)

O Teatro, que, por proposta de Pina Manique, recebeu a denominação de S. Carlos, foi inaugurado em 30 de Julho de 1973, com a ópera La ballarina amante, de Cimarosa.

Fonte: Almanaque Diário de Notícias
Texto/Autor: Desconhecido
Foto da net
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