quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Almirante Gago Coutinho

 O grande aventureiro

Foi marinheiro, geógrafo, aviador e fez história, com o seu companheiro Sacadura Cabral, ao atravessar o Atlântico Sul por ar, ligando Lisboa ao Rio de Janeiro.

O Almirante Gago Coutinho era um homem cheio de energia. desde muito jovem, praticava ginástica e tinha em casa umas argolas montadas numa trave, onde, mesmo em velhote, fazia exercício para se manter em forma.

Os pais eram ambos algarvios, mas Carlos Viegas gago Coutinho nasceu em Lisboa, onde a família vivia, no dia 17 de Fevereiro de 1869. O sonho do rapaz era ir para a Alemanha tirar o curso de Engenharia, mas o pai não pode fazer-lhe a vontade porque a família não era rica. Isso não o fez desanimar. Decidiu-se então por seguir a carreira dos mares, como o pai, que era sargento-de-mar-e-guerra, e que certamente ficaria muito orgulhoso se tivesse visto o filho chegar a Almirante, o mais alto cargo da Marinha.

Terminado o curso na Escola Naval, embarcou em 1888, para a sua primeira missão militar, em África. Em 1893, parte de Luanda para o Brasil, país pelo qual se apaixonou e ao qual voltaria muitas vezes. Uma das quais na tal viagem que ficaria para a história.

Entretanto, o Almirante Gago Coutinho, que nessa altura era apenas primeiro-tenente cargo de que gostava tanto que já no fim de vida dizia que continuava a ter alma de tenente, fez muitas outras coisas.

Cruzou oceanos a bordo de vários navios, tornando-se grande conhecedor dos seus ventos e correntes, e em 1898 iniciou aquela que considerou a missão da sua vida: a de geógrafo de campo, de que se ocupou durante vinte anos. A gigantesca responsabilidade de delimitar fronteiras nos territórios portugueses em África e em Timor levou-o a atravessar o continente africano, a viver no mato, a subir árvores e montanhas e a fazer milhares de quilómetros a pé.

Foi numa dessas missões, que conheceu Sacadura Cabral, também oficial da marinha a trabalhar em Moçambique como topógrafo, e ficaram amigos. Anos mais tarde, este, que se dedicava á aviação, convidou-o para participar numa grande aventura: a primeira travessia do Atlântico Sul de avião. Gago Coutinho aceitou o desafio como entusiasmo e começaram a preparar a grande viagem.

O Lusitânia, deslocou do Rio Tejo, em Lisboa, a 30 de Março de 1922, com os dois aventureiros aos comandos. Muitas peripécias depois, incluindo duas substituições de hidroavião, chegaram ao Rio de Janeiro, a 17 de Junho, a bordo do Santa Cruz. Fazia-se história.

Sacadura Cabral morreu dois anos depois, quando o seu avião se despenhou no mar do Norte, mas o Almirante gago Coutinho viveu até aos 90 em 1959. E sempre a «navegar». Hoje há muitas ruas com o seu nome e a sua cara aparecia nas velhas notas de vinte escudos, a moeda antiga de Portugal. 

Fonte: Diário de Notícias /Infopédia

Texto: Carlos Coelho

Fotos da net

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