Uma tradição que nunca morreu!
Em meados do ano de 50 a. C., a região de Gália
(terra dos Celtas, hoje Bélgica e França) fazia parte do Império Romano. Antes
de incorporar a Gália no Império, o exército mais poderoso do mundo, chefiado
por Júlio César, teve de enfrentar um grupo de valentes guerreiros chefiados
por Vercingentórix. Após uma dura batalha, os Romanos venceram os Gauleses.
Júlio César, impressionado escreveu «De Bello Gallico» (Acerca das Guerras
Gálicas), contando a sua experiência nessa guerra.
Séculos depois, essa frase da história foi
retratada na divertida série francesa «Astérix» de histórias aos quadradinhos –
desenhada por Albert Uderzo e escrita por René Goscinny. Nas aventuras, o
baixinho e esperto Astérix e o grandalhão e pesado Obélix (referência óbvia aos
obeliscos celtas) enfrentavam sozinhos os Romanos. Por trás da sua valentia
estava uma poção mágica preparada por Panoramix – um velho druida da aldeia que
passava o tempo no mato a colher ervas para preparar poções. Astérix levava
sempre consigo um frasco cheio dessa poção. Obelix não precisava de a tomar
porque tinha caído num caldeirão cheio de poção quando era criança.
Essas engraçadas aventuras trouxeram à tona a
figura do druida, as poções mágicas e o interesse por uma religião que se
pensava estar morta ou esquecida no tempo. Mas o Druidismo não está esquecido…
e muito menos morto!
O druidismo é um conjunto de conhecimentos e
práticas esotéricas oriundas da tradição celta. Forma um sistema de iniciação
que pode ser seguido por qualquer pessoa que se identifique com essa filosofia.
Há diferenças entre druidismo e celtismo. O
druidismo é uma organização maior do conhecimento de iniciação dos Celtas; a
tradição celta, segundo o druida Telmon (clã do lobo), nem sempre significa uma
iniciação e pode ser apenas «feitiçaria».
O druida é o senhor das tradições celtas, mas
isso não significa que quem esteja em contacto com essa tradição seja um
druida. Por exemplo, há pessoas que praticam o catolicismo, mas não são padres;
outras praticam o budismo, mas não são monges. Enfim, no druidismo, um druida é
um mestre.
A Origem dos Celtas está nos montes Hiperbóreos
(acima das Ilhas Britânicas). Com o avanço das zonas geladas nos seus
territórios, o povo celta migrou e desceu para a Europa Ocidental.
Os seguidores do druidismo acreditam em
reencarnação, na lei da causa e do efeito e na existência de uma força suprema:
a consciência maior criadora de tudo e de todos, ou seja, Deus. Ele forma uma
trindade com o deus Caçador (principio masculino) e a deusa Branca (princípio
feminino); por isso, para manter esse equilíbrio, a mulher tem os mesmos
direitos que os homens e exerce a função de druidesa. No druidismo, a força
criadora não é deus nem deusa.
No celtismo, as árvores como o carvalho
(sabedoria), o freixo (protecção), o salgueiro (divindades da água), tinham uma
grande importância, assim como os animais: o touro (fertilidade) e a serpente
(sabedoria).
Nas duas linhas, as festas principais são nas
mesmas datas e têm um objectivo igual ao dos ritos pagãos: estabelecer um elo de
ligação sagrado entre o homem e a natureza, criar um espaço sagrado para
invocar a deidade e não fazer rituais em templos, mas em contacto directo com a
natureza, criando assim um elo entre a deusa-mãe, os elementais (ar, água,
terra e fogo) e a comunidade.
O druidismo está dividido em linhas ou colégios,
devido ao grande número de clãs. Os colégios são vários: a Ordem dos Bardos,
Ovados e Druidas, os Druidiactos, o Colégio das Gálias, que transmitem um
ensinamento exotérico (aberto); porém, por trás desses colégios está o
verdadeiro druidismo, o isotérico (oculto). Chega-se a esses colégios
esotéricos através de endereços publicados em livros como Elementos da Tradição
Druida, de Philip Carbon (chefe eleito da Ordem dos Bardos, Ovados e Druidas),
e outros.
Na tradição existiam três níveis: os bardos
(água) dedicavam-se a transmitir a história, a tradição, a cultura e o código
(lei) do clã através de parábolas. Os ovados (terra) dedicavam-se à busca de
minérios e cristais e utilizavam plantas. O druida (ar) ocupava a função de
juiz e médico do clã, instigando-o à filosofia, à ciências e às artes (a
natureza e a magia como temas).
As actividades dos três níveis não eram rígidas,
e existia um quarto nível, ligado ao fogo: o dos ferillties, que se dedicavam à
metalurgia. O «rei», o Rig, não tomava nenhuma atitude sem consultar o druida.
Para ingressar numa ordem druida, não se deve
dar quaisquer passos nesse sentido; o contacto é feito no momento certo.
Fonte: Revista Esperança
Texto: Fernando Pascoal
Fotos da net
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