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sexta-feira, 13 de outubro de 2023

Paul Gauguin



Uma amendoeira estende os ramos por cima de uma campa discreta. Sobre uma pedra redonda, gravado numa laje, lemos em letras brancas: Paul Gauguin, 1848-1903. No cemitério de Atuona, na Ilha d’Hiva Oa, nas Marquesas, Polinésia, repousa o célebre pintor francês. Tal como Van Gogh (muito menos desprezado, no entanto), Paul Gauguin não assistiu em vida, ao reconhecimento da sua obra.

(“Cavaliers Sur la Plage”)

(“Vairumati (1892)”)

Até aos 34 anos teve uma vida perfeitamente normal. Foi aprendiz de piloto da marinha mercante e empregado de um agente de câmbios, tendo alcançado sucesso como corrector da Bolsa de Paris. Começou a sua actividade na pintura na qualidade de amador e expôs, pela primeira vez, no ano de 1876. Foi em 1883 que rompeu radicalmente com o passado, ao sair de casa, abandonando a família e um emprego estável. Mudou-se para Pont-Aven, na Bretanha, onde repartiu a casa com o pintor Charles Laval. Posteriormente, fez uma série de viagens e regressa, novamente á Europa. Em Arles, aprofunda a sua relação com Van Gogh, de quem se tornaria grande amigo. Foi o próprio artista holandês que o convidou para uma estada em sua casa. Ao fim de alguns meses, uma terrível discussão entre os dois – ambos de temperamento difícil – colocou um fim à convivência. Gauguin partiu e Van Gogh, num acto de desespero e remorso, cortou a sua própria orelha.

(“Sob o Pandanus (1891”)

Paul Gauguin aproximou-se do impressionismo, na altura, uma corrente de pintura que fazia moda em Paris. No entanto, o pintor manteve sempre alguma relutância em relação a alguns métodos do movimento. O extremo cuidado com o tratamento da luz, típico dos impressionistas, era posto de lado pelo artista. Este entendia que a luz deveria ser “exterior” à pintura; por isso, centrava-se em aspectos “interiores”, como a superfície, a cor e o desenho. Por ter criado uma linguagem artística que contemplava a autonomia da cor e o tratamento do tema com expressão simbólica, Gauguin, a par de Cézanne e Van Gogh, foi integrado na corrente pós-impressionista. Este movimento surge, assim, como consequência da constante renovação e pesquisa plástica implementadas pelos pintores impressionistas.

(“O Nascimento de Cristo (Te tamari no atua) (1896)”)

Em reacção contra a rotina parisiense, Paul Gauguin sofreu de neurastenia. Por esta razão, em 1891, fugiu para o Taiti, num “acesso de irresponsabilidade”. Deixou a sua mulher no momento em que esta esperava o quinto filho. Alguns meses mais tarde, a mulher de Paul Gauguin voltaria para casa da família, em Copenhaga, com o intuito de proteger a sua prole.

(“Jeunne Fille á La Mangue”)

O Taiti deslumbrou Gauguin. Andou descalço por aquelas terras paradisíacas, pescou com os aldeões e partilhou a sua vida com uma jovem havaiana, de quem teve um filho. À procura de dinheiro e sedento de reconhecimento público, o pintor regressa a Paris. Porém a venda dos seus quadros é um fracasso. Em 1895, parte, novamente, para o Taiti.

No cais da estação de comboios de Lyon, Paul Gauguin está lavado em lágrimas, pois sabe que nunca mais regressará a França.

(“Spirit of the Dead”)

Um novo ponto de viragem dar-se-ia na vida de Gauguin quando um merchand d’art lhe oferece uma mensalidade de 300 francos pela produção de quadros. Com este dinheiro, o pintor parte para as Ilhas Marquesas, na Polinésia, e instala-se numa palhota de bambu. Como provocador que era, baptiza-a com o nome de Casa do Orgasmo e aí “acolhe” uma rapariga muito jovem, espicaçando o colégio interno católico seu vizinho. Desta união, e tal como tinha acontecido no Taiti, nasce mais uma criança, da qual descende todo o ramo genealógico de Gauguin nas Ilhas Marquesas.

No centenário da sua morte, toda a família do pintor se juntou para a fotografia, na ponte do Iate Paul Gauguin. Encontramos maria, bisneta Dinamarquesa do pós-impressionista, tal como uma amálgama de casais, de filhos e netos, todos eles descendentes seus nos mais diversos graus. Além disso, os habitantes de da Atuona, uma “capital de bolso” nos trópicos participaram nas celebrações do centenário da sua morte. Sem ressentimentos, o pároco daquela localidade celebrou uma grande missa em memória do artista e foi inaugurado um centro cultural dedicado a Gauguin.

(“Two Thaitian Woman”)

Como nos tempos de Koke (contracção do nome de Gauguin no idioma marquisienne), as jovens desfilaram envergando vestidos de missionárias, retomando, assim, a pose dos quadros mais célebres do pintor. Por fim, esteve patente, no Grand Palais, em Paris, uma exposição intitulada Gauguin – Tahiti, L’Atelier des Tropiques, focalizada em torno das duas estadas consecutivas do artista no Taiti (1891-1893, 1895-1901) e, depois nas Ilhas Marquesas (1901-1903). Desde 1949 que não era feita uma mostra desta dimensão com os seus trabalhos.

(“Ta Matete”)

A “viagem” que iniciou no pacífico começa a ser entendida como uma grande aventura. No fundo, e como muitos acreditam, esta foi uma entrega á sua grande paixão: a pintura. No meio dos autóctones, livrou-se das influências da civilização. Nada mais quis do que a arte simples, muito simples e, para o conseguir, necessitou de se retemperar na natureza virgem…

Fonte: Revista Vip

Texto/Autor: Jorge Freitas Ferreira

Fotos da net

sexta-feira, 12 de maio de 2023

Hieronymus Bosch

Jeroen van Aken, cujo pseudônimo é Hieronymus Bosch, e também conhecido como Jeroen Bosch Hertogenbosch, c. 1450 — 9 de Agosto de 1516), foi um pintor e gravador brabantino dos séculos XV e XVI.

Muitos dos seus trabalhos retratam cenas de pecado e tentação, recorrendo à utilização de figuras simbólicas complexas, originais, imaginativas e caricaturais, muitas das quais eram obscuras mesmo no seu tempo.

Pintores alemães como Martin Schongauer, Matthias Grünewald e Albrecht Dürer influenciaram a obra de Bosch. Apesar de ter sido quase contemporâneo de Jan van Eyck, o seu estilo era completamente diferente.

Especula-se que a sua obra terá sido uma das fontes do movimento surrealista do século XX, que teve mestres como Max Ernst e Salvador Dalí.

Pieter Brueghel, o Velho foi influenciado pela arte de Bosch e produziu vários quadros num estilo semelhante.

Biografia

O seu nome verdadeiro era Jheronimus (ou Jeroen) van Aken. Ele assinou algumas das suas peças como Bosch (AFI /bɔs/), derivado da sua terra natal, Hertogenbosch. Na Espanha, é também conhecido como El Bosco. Sabe-se muito pouco sobre a sua vida. A não existência de documentos comprovativos de que o pintor tenha trabalhado fora de 's-Hertogenbosch levam a que se pense que Bosch tenha vivido sempre na sua cidade natal. Aí se terá iniciado nas lides da pintura na oficina do pai (ou de um tio), que também era pintor. Casou-se com Aleid van de Meervenne uma rica jovem que lhe permitiu se dedicar à pintura.

Foi especulado, ainda que sem provas concretas, que o pintor terá pertencido a uma (das muitas) seitas que na época se dedicavam às ciências ocultas. Aí teria adquirido inúmeros conhecimentos sobre os sonhos e a alquimia, tendo-se dedicado profundamente a esta última. Por essa razão, Bosch teria sido perseguido pela Inquisição. Sua obra também sofreu a influência dos rumores do Apocalipse, que surgiram perto do ano de 1500. Existem registros de que Filipe, o Belo, duque de Brabante, encomendou a Bosch em 1504 um altar que deveria representar o Juízo final, o Céu e o Inferno. A obra, atualmente perdida (sem unanimidade julga-se que um fragmento da obra corresponde a um painel em Munique), valeu ao pintor o reconhecimento e várias encomendas posteriores. Os primeiros críticos de Bosch conhecidos foram os espanhóis Filipe de Guevara e José de Sigüenza. Por outro lado, a grande abundância de pinturas de Bosch na Espanha é explicada pelo fato de Filipe II de Espanha (neto de Filipe, o Belo) ter colecionado avidamente as obras do pintor.

Bosch é considerado o primeiro artista fantástico.

Pintura: A Morte e o Avarento, trabalho feito em 149

A história desenrola-se no interior de uma casa, na cena vemos o leito de morte de um avarento.

O moribundo está dividido entre o anjo, que lhe assiná-la um crucifixo, colocado numa janela no alto e da qual emana a luz, e um demônio que aparece por debaixo da cortina com um saco de dinheiro na mão. Parece que o diabo está a roubar o dinheiro e o enfermo está mais preocupado com este fato do que com a sua salvação; também pode ser que é ao contrário, que o demônio lhe está a oferecer esse dinheiro para comprar sua alma, e este tem dúvidas se aceita o dinheiro ou escolhe o crucifixo, isto é, a salvação.

Do lado esquerdo, através de uma porta semi-aberta, aparece a morte, representada como um esqueleto que se apresenta segurando um objeto.

Aos pés da cama está um idoso, com um rosário entre os dedos, que está repondo moedas dentro de um cofre cheio de animais monstruosos, enfim, a obra é notavelmente rica em detalhes, permitindo uma ampla reflexão sobre o tema abordado.

Fonte: Wikipédia, https://www.ebiografia.com/hieronymus/

Fotos da Net

segunda-feira, 18 de abril de 2022

Eugène Boudin

 

Eugène Boudin

Nascido em Honfleur, na região francesa da Normandia, no seio de uma família de marinheiros, aos 11 anos Eugène Boudin já era grumete num barco onde o pai era comandante. Aos 21 anos, abre uma loja de molduras onde Millet corrige os seus primeiros desenhos. Em 1846, vende a sua parte do negócio para pagar a isenção do serviço militar e passa a dedicar-se à pintura. Em 50 faz a sua primeira exposição na Sociedade Amigos das Artes do Havre e este município concede-lhe uma bolsa de 3 anos em Paris, para onde parte no ano seguinte.

Patrocinado pelo barão Taylor, viaja pela Bélgica e França e estuda os marinhistas do séc. XVII. Regressa a Paris em 55 e conhece Monet, sobre quem exerce uma profunda influência. A partir de 1859 expõe com regularidade no Salon. Ganha a medalha de ouro da Exposição Universal de 1889 e recebe a Legião de Honra em 1892. Morre em Deauville, em 1898.


“Veneza. O cais Esclavons, a Alfândega e o Salute”. Óleo sobre tela (46x65cm) de 1895.


Precursor do Impressionismo, Eugène Boudin, a quem Carot chamava “rei dos céus”, pelo extraordinário tratamento plástico que dava aos seus céus e nuvens, tem agora uma retrospetiva no Museu Jacquemart-André. Mestre das atmosferas, recorria a uma fórmula iconográfica muito simples e eficaz, centrada na sobreposição de alinhamentos horizontais, planos de céu, de água, frisos de gente e areia da praia. Como escrevia Castagnary, em 1869, Boudin inventou um género de marinhas povoadas pelo mundo exótico da burguesia, no ócio estival, e que aqui nos parecem próximos, em confronto com a fluidez dos horizontes no mar.

Fonte: Revista Caras

Texto: Arte por Júlio Quaresma

Fotos: net

© Carlos Coelho

 

sábado, 13 de junho de 2020

Pierre-Auguste_Renoir



Flores de Renoir

Pierre-Auguste Renoir (Limoges, 25 de fevereiro de 1841 — Cagnes-sur-Mer, 3 de dezembro de 1919) foi um pintor francês que iniciou o desenvolvimento do movimento impressionista. Conhecido por celebrar a beleza e, especialmente, a sensualidade feminina, diz-se que Renoir é o último representante de uma tradição herdada diretamente de Rubens e terminando com Watteau.
Ele foi pai do ator Pierre Renoir (1885–1952), do cineasta Jean Renoir (1894–1979) e do ceramista Claude Renoir (1901–1969). Foi avô do cineasta Claude Renoir (1913–1993).
Pierre-Auguste Renoir foi um pintor francês que iniciou o desenvolvimento do movimento impressionista.

Fotos da Net
© Carlos Coelho

terça-feira, 9 de junho de 2020

Os 10 quadros mais caros de sempre


Se pensa que poderá ver as obras mais valiosas num qualquer museu de uma capital europeia, terá de conter a sua curiosidade. Isto porque tal só será possível se um dos proprietários decidir empresta-lo a uma sala de exposições, a troco de uma choruda quantia, claro!


Saiba por quanto foram vendidas, em leilão, as pinturas mais caras do Mundo.


1. Retrato do Dr. Gachet, Vincent Van Gogh: 82,5 milhões de euros.


2. Au Moulin de la Galette, Pierre-August Renoir: 78 milhões de euros.


3. O Massacre dos Inocentes, Peter Paul Rubens: 76,7 milhões de euros.


4. Auto-Retrato sem Barba, Vincent Van Gogh: 71,5 milhões de euros.


5. Natureza-morta com cortina, Jarro e fruteira, Paul Cezanne: 60,5 milhões de euros.


6. Mulher de braços cruzados, Pablo Picasso: 55,6 milhões de euros.


7. As núpcias de Pierrette, Pablo Picasso: 51,7 milhões de euros.


8. Mulher sentada no Jardim, Pablo Picasso: 49,5 milhões de euros.


9. Íris, Vincent Van Gogh: 49 milhões de euros.


10. O sonho, Pablo Picasso: 48,4 milhões de euros.

Fonte: Revista Ego
Fotos da Net
© Carlos Coelho



segunda-feira, 8 de junho de 2020

Giotto



Giotto di Bondone, conhecido por todos simplesmente como Giotto, foi um dos maiores pintores do mundo. Nasceu em 1267, em Itália, e em criança era um pequeno pastor.
Narra a lenda que o mestre Cimabue, que era um grande artista, vi-o um dia enquanto apascentava as ovelhas. Giotto desenhava nas pedras que encontrava no prado e a sua grande habilidade levou Cimabue a admiti-lo na sua oficina. Pouco tempo depois, Giotto fez uma simpática brincadeira ao seu mestre: desenhou uma mosca sobre o nariz de um rosto que Cimabue estava a pintar. Quando o mestre viu a mosca, tentou afastá-la com as mãos… Aquele insecto estava tão bem pintado que parecia verdadeiro!!!

Giotto foi um artista único! Foi o pintor que iniciou a arte moderna, inventando um estilo novo: nos seus quadros, as pessoas exprimem os sentimentos e as emoções que experimentam: alegria, espanto, dor… Antes dele, nenhum pintor desenhara deste modo! Giotto foi chamado o “discípulo da Natureza”, porque também foi o primeiro a pintar as paisagens e as pessoas de um modo semelhante à realidade. Vendo as suas pinturas, também todos os outros artistas descobriram este novo modo de fazer Arte. As suas pinturas mais importantes são as “Histórias de São Francisco”, que pintou por volta de 1295.Estátua de Giotto


Estátua de Giotto

Conta-se que uma vez o Papa Bento XI, curioso pela fama de Giotto, enviou até ele um amigo, para lhe pedir um desenho que mostrasse a sua habilidade. Giotto pegou numa folha, mergulhou um pincel na tinta vermelha e sem o auxílio de qualquer instrumento, só com uma mão, desenhou um círculo perfeito. «Só isto?», perguntou o amigo do Papa. «Até é demais!», respondeu Giotto. E, de facto, o Papa chamou-o logo para trabalhar em Roma, porque tinha percebido o seu talento Excecional!

Fonte: Revista Cidade Nova
Texto: Patrizia Bertoncello
Fotos da Net
© Carlos Coelho

sábado, 18 de abril de 2020

Joseph Mallord William Turner



William Turner: Auto-retrato, 1798.

Pintor e gravador inglês, nasceu a 23 de Abril de 1775, filho de um barbeiro. Começou por ser aguarelista e trabalhou com Girtin para Thomas  Monro, fazendo cópias de obras de Cozens.
Aos 14 anos já estuda na Royal Academy of Arts. Em 1791 apresenta, pela primeira vez, duas aguarelas na Royal Academy e, aos 21 anos, pinta o seu primeiro quadro a óleo. Apesar de se ter levantado a suspeição de que teria sido, em 1799, amante da actriz Sara Danby e de ter viajado muito, tendo atravessado os Alpes e passeado pela Europa continental, foi na realidade um homem solitário e muito avarento. Em 1803 abre a sua própria galeria e em 1807 é nomeado professor de perspectiva da Royal Academy, mas só em 1823 se torna A.R.A. ou seja, Academic of the Royal Academy. Morreu em 1851, num quadro debruçado sobre o Rio Tamisa.

"Paz e Enterro no Mar", Óleo sobre tela, executado em 1842, com o qual Turner hemenageia Sir David Wilkie, que morreu ao largo de Gibraltar.

A composição intitulada Paz – Enterro no Mar foi feita em homenagem ao pintor escocês David Wilkie, colega de Turner que, ao regressar da Palestina por meio de um navio a vapor, morreu próximo a Gilbratar, em 1841. Naquela época, como a peste dizimava o Oriente Próximo, o porto foi fechado, impedindo a chegada de pessoas que vinham daquela parte do planeta. David Wilkie morreu no navio e seu corpo foi lançado ao mar.

Nesta sua comovente pintura, Turner apresenta um fenômeno luminoso no céu, na água e na linha da costa longínqua, enquanto no mar jaz a escuridão do navio com suas velas içadas, solto e sem rumo sobre as águas.
Uma luz forte e dourada, proveniente dos archotes que iluminavam o corpo de Wilkie no momento em que esse estava sendo entregue ao mar parece separar o escuro navio em duas partes, como se aquilo fosse algo divino e sobrenatural.


O museu do Prado, em Madrid, acolheu a primeira exposição de grandes dimensões de Turner em Espanha em 2010. Esta exposição que antes passou por Londres e Paris, apresentou algumas novidades, mantendo o principio do diálogo num universo de 80 obras, metade de Turner e outra metade de grandes mestres, como Rubens, Rembrant, Canaletto e Constable, nos quais se fundamentou ou deixou influenciar.
Mestre da paisagem e do romantismo britânico, estudou em profundidade esses mestres, mas conseguiu imprimir uma linguagem original, criando não só tensões, mas exacerbando uma imagem emocional e uma plasticidade que o posiciona como percursor do Impressionismo. Linguagem essa quase tátil, nas texturas insólitas, expressionistas, por vezes raiando o abstracionismo e sempre próximas do Impressionismo e que se traduzem em paisagens aquosas, com torvelinhos de cores expandidas e de luz. Pintava com recurso a uma técnica matéria, pastosa, que pode parecer rude, mas afinal cheia de matrizes e velaturas que hoje vemos como antecipações de outras linguagens plásticas.
Intensamente privado, excêntrico e recluso, Turner foi uma figura controversa ao longo da sua carreira. Ele não se casou, mas teve duas filhas, Eveline (1801–1874) e Georgiana (1811–1843), ambas por sua governanta Sarah Danby. Ele ficou mais pessimista e moroso quando ficou mais velho, especialmente após a morte de seu pai, ao que sua visão se deteriorava, a sua galeria caiu em desuso e negligência, mas a sua arte intensificou-se. Ele viveu na miséria e com saúde precária em 1845, morreu em Londres em 1851 aos 76 anos. Turner está enterrado na Catedral de Saint Paul, em Londres.
Ele deixou para trás mais de 550 pinturas a óleo, 2.000 aquarelas e 30.000 obras em papel. Ele foi amplamente defendido pelo principal crítico inglês da época, John Ruskin, em meados de 1840; hoje é considerado como detentor de uma pintura paisagista sofisticada, elevada a uma eminência que rivaliza com a pintura histórica.

Algumas das suas obras


Naufrágio de um Cargueiro

Naufrágio de um Cargueiro é uma pintura a óleo sobre tela do pintor inglês Joseph Mallord William Turner de cerca de 1810 e que se encontra actualmente no Museu Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

A composição de O Naufrágio de um Cargueiro destaca o próprio evento do naufrágio, muitas vezes considerado como sendo do navio Minotauro o que causou confusão, evento que ocupa o primeiro plano da imagem, em contraste com a obra anterior O Naufrágio de 1805 (em Galeria).
Turner executou várias pinturas de grandes dimensões na década iniciada em 1800 em que representava catástrofes naturais e tempestades no mar, tendo iniciado em 1801 com The Bridgewater Sea Piece (de Coleção Particular em depósito na National Gallery, Londres, também em Galeria) e o referido O Naufrágio (Tate Britain, Londres) com o qual a obra da Gulbenkian apresenta semelhanças evidentes.


Tempestade de Neve

Tempestade de Neve: Aníbal e o seu Exército a Atravessar os Alpes (Snow Storm: Hannibal and his Army Crossing the Alps) é uma pintura a óleo sobre tela do mestre inglês J. M. W. Turner, e que foi exibida ao público pela primeira vez em 1812.
A tela aborda a fragilidade humana ante as forças da natureza, sendo a própria composição um redemoinho. Turner volta a utilizar a idéia de vórtice, numa encenação do terror que se apossa do homem ante a grandiosidade da natureza. Montes altíssimos e blocos de neve fustigam a presunção humana que ousou desafiá-los. O sol é um pálido círculo distante, como que um olho indiferente a observar a audácia do homem diante da inclemência do tempo.
Deixada ao património público nacional pelo Turner Bequest, ficou primeiro na National Gallery tendo em 1910 transitado para a Tate Gallery onde permanece atualmente.


Dido erguendo Cartago, ou O Nascimento do Império Cartaginês

Dido erguendo Cartago, ou O Nascimento do Império Cartaginês (Dido building Carthage, ou The Rise of the Carthaginian Empire), é uma pintura a óleo sobre tela de 1815 do mestre inglês J. M. William Turner.
Esta pintura é uma das obras mais importantes de Turner que foi muito influenciado pelas paisagens clássicas luminosas de Claude Lorrain. Turner classificava-a como a sua obra-prima.
Foi apresentada ao público pela primeira vez na exposição de verão da Royal Academy de 1815, tendo Turner mantido esta pintura na sua posse até que foi integrada no espólio nacional inglês através do Legado de Turner (Turner Bequest). Tem feito parte do acervo da National Gallery (Londres) desde 1856.


Quillebeuf, na Foz do Sena

Quillebeuf, na Foz do Sena é uma pintura a óleo sobre tela do pintor inglês Joseph Mallord William Turner de 1833 e que se encontra actualmente no Museu Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
O quadro representa a frente portuária da povoação de Quillebeuf, perto do estuário do Sena, local que Turner visitou no decurso da década de 1820. O quadro foi apresentado publicamente na Royal Academy, em 1833, com uma nota no catálogo da exposição a alertar para os perigos de navegação decorrentes da subida brusca da maré e para o irromper súbito de uma enorme onda, um macaréu, fenómeno conhecido entre a população da região por mascaret ou barre.


The Fighting Temeraire

The Fighting Temeraire é uma pintura do artista inglês J. M. W. Turner. Mostra o navio HMS Temeraire, que participou da Batalha de Trafalgar em 1805, sendo rebocado para seu ancoradouro final em Rotherhithe, no sudeste de Londres, em 1838 para ser sucateado. A pintura é exibida na National Gallery, Londres, tendo sido doada à nação em 1851 pelo artista. Em 2005 foi eleita a pintura favorita dos britânicos numa pesquisa organizada pela BBC.
O Commons possui uma categoria contendo imagens e outros ficheiros sobre The Fighting Temeraire
Quando Turner pintou este quadro, o artista estava no auge de sua carreira, tendo ficado famoso por suas pinturas de perspetiva atmosféricas em que explora os assuntos do tempo (meteorológico), do mar e dos efeitos da luz. Ele viveu grande parte de sua vida nas margens do rio Tâmisa e fez muitas pinturas de navios e cenas da água; fazia pequenos esboços para posteriormente trabalhar a pintura no estúdio.
Os especialistas acreditam que muito provavelmente Turner não presenciou o reboque do Temeraire e que usou as suas liberdades criativas para a criação do quadro. Quando a Grã-Bretanha entrou nas guerras napoleônicas Turner tinha apenas dezoito anos, o que provavelmente despertou nele um forte sentimento patriótico. O Temeraire foi um navio muito conhecido devido ao seu desempenho heroico na batalha de Trafalgar e a sua venda pelo Almirantado tinha atraído uma cobertura considerável da imprensa da época, o que teria chamado a atenção do artista.
A pintura aparece durante o filme 007 Skyfall (2012) na cena em que o agente secreto James Bond (Daniel Craig) conhece o agente Q (Ben Whishaw). Nesta cena, Bond aguarda o contramestre na National Gallery enquanto contempla a pintura.


Fonte: Revista Caras /Arte por Jùlio Quaresma,
Fotos da net
© Carlos Coelho

domingo, 1 de janeiro de 2017

Leonardo Da Vinci

Códigos. Os segredos  do maior artista de sempre. 
A vida misteriosa de Da Vinci


(Autoretrato de Leonardo)
Sete anos depois de ter recebido a encomenda, deu os últimos retoques no quadro. Era um retracto de meio corpo, tipicamente renascentista, um clássico da iconografia de Jesus Cristo, repetido inúmeras vezes até então. Mas Leonardo Da Vinci, 61 anos estava satisfeito com o resultado. A mão direita erguida em sinal de bênção e o globo sob a palma esquerda estavam lá, respeitando a tradição. Mas o seu Salvator Mundi era diferente. A esfera que representa a Terra não era o convencional globus cruciger que Ticiano, Antonello de Messsina e tantos outros tinham pintado – translucida, em vez de uma cruz no topo tinha três pintas brancas, em forma de triângulo, à superfície. E o rosto de Cristo, que ensaiou pelo menos duas vezes em papel com cabelos aos caracóis, tinha traços femininos. Entregou a encomenda. Só não se sabe a quem. Seis anos depois estaria morto.

(O Salvator Mundi perdido desde 1763 e encontrado em 2005. Em 1958, o Salvator Mundi foi vendido por 45 libras. Hoje vale 137 milhões de euros.)

Pelo menos durante o último século, o paradeiro de Salvator Mundi de Da Vinci foi um mistério. Os especialistas sabiam que tinha sido pintado (para Luís XII de França ou para o mecenas italiano Gian Giacomo Trivulzio) porque foram encontrados estudos para o quadro nos manuscritos de Leonardo e porque vários discípulos do mestre o tinham reproduzido. Mas acreditavam que a pintura teria sido destruída ou perdida para sempre – a partir do século XVIII, o percurso do pedaço de madeira de 65cm por 45cm, que em 1649 foi registado na colecção particular de Carlos I de Inglaterra, tornou-se impossível de reconstruir.

(Desenho de época)

Depois de ter visto o pai ser executado, Carlos II herdou o Salvator Mundi e uns anos mais tarde ofereceu-o ao duque de Buckingham. Quando o filho do nobre leiloou a pintura, em 1763, o rasto perdeu-se. Em 1900, num leilão no Reino Unido, apareceu um quadro que era parecido. Estava em péssimo estado mas, ainda assim, o coleccionador Frederick Cook resolveu licitá-lo. Terá sido o único a acreditar que tinha um verdadeiro Leonardo nas mãos, mesmo quando os especialistas da época concluíram que não passava de uma cópia do original, feita por Giovanni Boltraffio. Em 1958, os seus herdeiros venderam-no por apenas 45 libras.




(Interiores do Clos Luce, castelo ligado por uma passagem subterrânea à residência do Rei Francisco I, onde Leonardo se instalou em 1515, quando se mudou para o Vale do Loire, como convidado real. Passou  os últimos quatro anos em França. Foi sepultado na capela do castelo.)

Em 2005, o quadro reapareceu muito degradado e coberto de inúmeras camadas de tinta e verniz. Foi submetido a testes intensivos e à análise dos maiores especialistas mundiais da obra de Da Vinci. Em Julho do ano de 2011, estes chegaram à conclusão: é o original de Leonardo e estava avaliado em 137 milhões de euros. Ficou pela primeira vez em exposição em Novembro de 2011 na National Gallery, em Londres.
Apesar de ter documentado grande parte do trabalho que fez nos, seus famosos códices, a obra de Leonardo permanece um mistério. Ao longo de toda a vida, terá completado pouco mais de 20 quadros e frescos (acredita-se que pelo menos 10 estejam desaparecidos) e a maioria das suas esculturas perdeu-se sem que ninguém as tivesse visto. Da Vinci pintou poucas obras e passava vários anos (por vezes décadas, como aconteceu com Mona Lisa) a trabalhar nelas até estarem perfeitas. Mas deu-se ao trabalho de pintar o mesmo quadro duas vezes.



Aconteceu com a Virgem dos Rochedos – existem duas, uma no Museu do Louvre, a outra na National Gallery. Estiveram ambas lado a lado pela primeira vez, na exposição de Londres. Foi então mais fácil perceber as diferenças que fizeram com que a primeira versão tivesse sido recusada pela Confraria da Imaculada Conceição, que encomendou o trabalho.
Segundo Sarah B. Benson, do Departamento de Arte e Arqueologia da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, “um dos motivos que fizeram com que a primeira tela fosse rejeitada foi o aparecimento no cenário, atrás dos personagens, de plantas utilizadas em rituais pagãos”. A encomenda previa que o artista apresentasse Nossa Senhora e o Menino, rodeados por anjos e profetas, mas Leonardo pintou um episódio que nem sequer vem descrito na Bíblia. 


Trata-se do encontro de Cristo com o jovem São João Baptista, numa gruta a meio do caminho, quando a Sagrada Família fugia para o Egipto, depois de ter sido avisada pelo anjo de que Herodes ordenara o massacre de todos os recém-nascidos em Jerusalém. O encontro só foi relatado num dos evangelhos apócrifos, escritos por autores desconhecidos, nos primeiros séculos do cristianismo, e nunca reconhecidos pela Igreja Católica.
Além das plantas utilizadas em rituais heréticos, Da Vinci excluiu São José; pintou São João Baptista sem a tradicional cruz de madeira e mais próximo da Virgem Maria do que o próprio Menino Jesus, como se estivesse sob a sua protecção; e desenhou o arcanjo Uriel com um dedo esticado, como se estivesse a fazer o sinal de decapitação, defendem alguns estudiosos. Outros, como os críticos de arte John Ruskin e Walter Pater, acrescentaram ainda, no início do século XIX, que a forma andrógina que o pintor deu ao arcanjo é prova inequívoca da “decadência de Leonardo e das suas actividades homossexuais”.



Apesar de haver registos que defendem que Leonardo só pintou uma segunda Virgem dos Rochedos porque vendeu a primeira a outro comprador, a dúvida mantem-se: porque mudou tanto, de uma pintura para a outra? É que, apesar de terem o mesmo nome, e de à partida serem semelhantes, os dois quadros são muito diferentes. “ Nunca saberemos o que Da Vinci queria realmente dizer com alguns elementos. O facto é que na segunda versão do quadro estes foram tirados ou suavizados”, explica Benson.


Este episódio reforça a tese de que, apesar de todo o seu trabalho no campo da pintura religiosa, Leonardo Da Vinci não acreditava em Deus e poderá ter estado ligado a grupos secretos anticatólicos. Esta desconfiança vem de Longe: Na primeira edição de A Vida dos Artistas, de 1550, Giorgio Vasari, um dos seus primeiros biógrafos, garantia que o artista era herege. Mas na segunda edição, publicada 18 anos depois, Vasari apagou a frase polémica: “O seu espírito era de uma natureza tão herética que nunca aderiu a nenhuma religião, pensando talvez que fosse preferível ser um filósofo a ser um cristão.”




Certo é que Da Vinci sempre viveu á margem das regras rígidas da Igreja e fez experiências consideradas “negras” na época. Há registos de que, ao longo de toda a vida, o artista terá aberto e estudado cerca de 30 cadáveres dentro da própria casa, muitas vezes de madrugada. Num dos seus cadernos escreveu até sobre o “medo de passar a noite na companhia destes homens mortos, desmembrados, esfolados, horríveis de ver”.

(Anatomia, Gravidez. Foi o primeiro a descrever a localização exacta do feto no útero. Com um senão: desenhou a placenta múltipla de uma vaca e os seres humanos têm só uma.)

A actividade permitiu-lhe chegar a conclusões inéditas sobre o funcionamento e organização do corpo humano e a questionar ideias defendidas pela igreja. Nos seus códices, Leonardo descreveu o sistema vascular e desenhou esboços fidedignos de músculos e órgãos, mas também aludiu ás semelhanças entre primatas e humanos. 

(Dissecações, Heresia. Da Vinci autopsiou 30 cadáveres. Catalogou todos os ossos do corpo humano e descreveu os mecanismos que os fazem mover.)

Entre as mais de cinco mil páginas que resistiram até á actualidade, contam-se ainda os estudos de Leonardo para as suas esculturas (como o gigantesco cavalo Sforza, que projectou para o Duque de Milão, mas nunca chegou a construir) e todos os detalhes para a criação das suas visionárias invenções: há 500 anos, projectou pára-quedas, escafandros, tanques de guerra, máquinas escavadoras, catapultas e até uma espécie de precursor do helicóptero. Todas essas notas foram, como era seu hábito, escritas da direita para a esquerda, e com as letras invertidas, como se estivessem pensadas para serem lidas em frente a um espelho.

(Engenheiro, Armas. Desenhou uma besta gigante e um tanque de guerra. Até idealizou as primeiras bombas de fragmentação.)

A escrita especular é um dos maiores mistérios da vida de Da Vinci. Alguns historiadores acreditam que o fazia porque era canhoto e autodidacta e preferia escrever ao contrário para não borrar a tinta com a mão. Outros defendem que não queria que os seus apontamentos fossem decifrados por pessoas ligadas á Igreja Católica. Michael White, ex-editor de política do Jornal The Guardian e autor de Acid Tongues and Tranquil Dreamers: Eight Scientific Rivalries that Changed the World, não tem dúvidas: “Leonardo era paranóico, em parte por boas razões. Havia os que queriam plagiar as suas ideias, rivais que chegaram a colocar assistentes no seu estúdio para o roubarem, e havia os espiões de Roma, sempre á espera que ele se descuidasse.”

(Visionário, "Helicóptero". Foi uma das obsessões, voar. Também desenhou um ornitóptero. Nenhum saiu do chão.)

Estes factos ajudam a teoria de que o pintor terá sido um dos mais importantes grão-mestres de uma misteriosa sociedade secreta, o Priorado de Sião, cujo objectivo seria perpetuar e divulgar um dos maiores segredos da humanidade Jesus teria casado com Maria Madalena e tido um filho com ela. Essa descendência humana de Cristo era na verdade o que se escondia, explicam Henry Lincoln, Michael Beigent e Richard Leigh em The Holy Blood and the Holy Grail, por trás do símbolo do Santo Graal.

(Um Cavaleiro Templário aparece no topo da mesa, do lado esquerdo. Do Lado esquerdo de Cristo, a experiência revela uma mulher com um bebé ao colo.)

(À frente de Jesus surge um cálice tombado. Tiago está a olhar para ele. O Italiano Slavisa Pesci inverteu a imagem da Última Ceia, como se esta estivesse à frente de um espelho, e colocou-o por cima do original. Resultado: foram reveladas figuras ocultas no fresco.)

Esse segredo revelou o italiano Slavisa Pesci em 2007, pode ter sido ocultado pelo pintor florentino num dos seus mais famosos frescos. Para o estudioso amador. A última Ceia, que sempre foi alvo de controvérsia (existe uma corrente que defende que o apóstolo João, o único imberbe representado, seria na realidade Maria Madalena), não é apenas a visão de Da Vinci sobre o momento em que Jesus revela aos seus seguidores que foi traído por um deles. Invertendo uma cópia do quadro e colocando-a por cima do original, Pesci descobriu imagens escondidas no desenho: vários cavaleiros templários, com as cabeças cobertas por cotas de malha ou elmos, e uma mulher, com um bebé ao colo.
Pesci garante que os desenhos ocultos no fresco a que Leonardo se terá dedicado entre 1495 e 1498 (e que 20 anos depois já se começava a deteriorar, fruto de uma mistura de óleo e têmpera que não correu bem) comprovam a crença do pintor na descendência de Cristo.




(Alguns esboços da Ceia de Cristo)

Não é a única referência ao assunto encontrada pelos símbologistas na obra de Leonardo. Porque entretanto mudava de ideias ou porque tinha intensão de ocultar mensagens e significados, raros foram os quadros do génio florentino que não tiveram várias camadas de tinta. Em 2005, Maurizio Seracini, um dos maiores especialistas mundiais na obra de Leonardo, revelou que A adoração dos magos não é apenas uma recriação de mais um episódio bíblico, o da visita dos Reis magos à Virgem e a Jesus recém-nascido. Mais: revelou que a pintura terá sido começada por Da Vinci, mas alguém a terá acabado, pintando por cima e ocultando várias imagens da versão original.


Por baixo da camada superior do quadro, com recurso a raios X, fotografias digitais de alta definição e raios ultravioleta e infravermelhos, Seracini descobriu novos elementos escondidos. Atrás da mais recente tecnologia, o investigador revelou que no lado esquerdo do desenho, onde antes parecia existir apenas um edifício destruído, Leonardo desenhou operários escondidos.



De acordo com o especialista, a presença de trabalhadores naquele que era um templo pagão revela uma intensão de Leonardo: mostrar que o templo está em processo de reconstrução. Por que motivo o fez, ninguém sabe. Apesar de tudo apontar para que o Priorado de Sião não passe de uma farsa criada em 1956 por um francês chamado Pierre Plantard, há quem acredite nessa tese: o edifício representaria a dissolução e a consequente reedificação encapotada da Ordem dos Cavaleiros Templários, o braço armado do Priorado de Sião, que ainda hoje defenderá o segredo do Santo Graal.



Questionado pelo Guardian sobre se teria sido o próprio Leonardo a cobrir o trabalho, por saber que como estava não iria ser aceite pelos monges de São Donato de Scopeto, que lho tinham encomendado, Seracini recusou-se a comentar: “Os historiadores de arte, é que têm de o dizer. Mas eu não excluiria a hipótese.” É bastante provável. O especialista italiano descobriu cerca de 70 novas figuras por baixo d’A Adoração dos magos: há cavalos, um boi e um burro na manjedoura, inúmeros rostos dispersos, muitos ameaçadores, e uma cena de batalha a cavalo, no canto superior direito.
Em 2008, O argentino Hugo Conti dedicou-se a estudar os códigos e mensagens que poderão estar escondidos nas pinturas de Leonardo Da Vinci. 


As conclusões a que chegou são, no mínimo, perturbadoras. Utilizando apenas um espelho, o investigador, líder de uma organização obscura chamada O espelho das sagradas Escrituras e Pinturas, descobriu uma série de imagens ocultas em quadros do pintor. “É fácil encontrar imagens invisíveis nas pinturas de Leonardo. Muitas das suas personagens parecem estar a olhar para o vazio. Na verdade, estão a indicar o local onde se deve colocar o espelho para ver as imagens”, explicou ao Discovery News. O método funciona, mas não para os quadros onde Da Vinci retractou personagens com dedos a apontar – neste caso, é no indicador que deve ser colocado o espelho.
Os resultados do estudo, que o Vaticano disse na altura precisar de “provas sólidas”, bem como do aval de críticos de arte, são intrigantes. No ombro de Mona Lisa, o quadro mais famoso do pintor, pode ver-se a imagem de uma figura com um capacete, estranhamente semelhante a um guerreiro. Exactamente a mesma imagem que surgiu quando o teste foi aplicado à Virgem com o Menino e Santa Ana. Hugo Conti explicou: tratar-se-iam de duas representações de Javé, deus descrito no Antigo Testamento e que alegadamente simboliza a “luta da mente humana contra os Vícios do corpo”.


Em Baco, a imagem oculta também é uma referência às Sagradas Escrituras: um corpo com quatro pernas, misto de homem e mulher. De acordo com Conti, trata-se da Árvore da vida no jardim do Éden: “Todas estas imagens bíblicas escondidas estão relacionadas com uma mensagem secreta deixada pelo artista. Representam alegorias do Génesis e do Novo Testamento e abrem as portas a uma nova forma de interpretar as suas obras.”
Embora os especialistas se tenham mostrado cépticos, a imagem gerada pelo reflexo de A Última Ceia reforça uma série de outras teorias. Entre as mãos de Jesus, exactamente no sítio para onde Tiago dirige o olhar, aparece um cálice deitado: “O apóstulo Tiago não está a fixar Judas, mas o lugar onde o Santo Graal, visível apenas através de um espelho, está tombado na mesa.”


Em 1506, Leonardo Da Vinci abandonou o fresco da Batalha de Anghiari que estava a pintar numa das paredes do Salone dei Cinquecento, no Palazzo Vecchio, de Florença. Era uma pintura grandiosa e violenta, com cavalos possantes e soldados furiosos de espadas em punho. Mesmo inacabada, era uma obra admirável, copiada repetidamente por discípulos de Da Vinci.
Depois, em menos de meio século, a tinta começou a soltar-se das paredes – não se sabe se foi mais uma experiência que correu mal ou se a culpa foi de Francesco Nuti, merceeiro, que lhe vendeu óleo de linhaça adulterado. Em 1563, o fresco estava na iminência de se perder para sempre. Foi nessa altura que Giorgio Vasari recebeu uma encomenda por parte dos Medicis, entretanto regressados ao poder: pintar nas mesmas paredes a batalha de marciano, que opusera nove anos antes, na Toscana, os exércitos de Florença e Siena. Aceitou o trabalho. E o fresco de Leonardo desapareceu.
Por que Motivo terá Vasari pintado por cima do trabalho de Leonardo? O investigador Charles Nicholls não deslinda i mistério: “Há duas coisas que se podem inferir, uma pessimista, outra optimista: que, na opinião de Vasari, nada se via que valesse a pena conservar; ou então que tomou medidas para proteger o que lá estava antes de começar a pintar.”
A má notícia? O fresco perdeu-se mesmo. A boa? Tudo aponta para que o biógrafo soubesse perfeitamente o que estava a fazer. Mais uma vez, foi Maurizio Seracini quem descobriu tudo. A busca durou 35 anos. Desde a década de 70 do século passado que o director do Centro de Ciência Multidisciplinar da Arte, Arquitectura e Arqueologia da Universidade da Califórnia viveu obcecado com os relatos sobre os magníficos cavalos de Leonardo (que subsistem através de várias cópias dos estudos para o original, a mais conhecida será a de Rubens).
Em 2005, encontrou o que procurava: o fresco perdido, de Leonardo, estava mesmo por baixo da Batalha de Marciano, pintada por Vasari. Por meio de radares e equipamentos de raios X, o especialista descobriu uma pequena câmara-de-ar, de não mais de três centímetros, que separa a pintura de Vasari do mural de Leonardo Da Vinci.
O município de Florença e o Ministério da Cultura italiano autorizaram, em 2007,  que o especialista prosseguisse as investigações. Seracini esta actualmente a trabalhar em parceria com um fotógrafo e um cientista nuclear, no desenvolvimento de uma câmara de rais gama, capaz de detectar pigmentos atrás do fresco de vasari. O problema: as despesas ascendem a 190 mil euros e, até á data, nenhum patrocinador ofereceu tanto ( o fotografo david Yoder e a National Geographic até lançaram uma campanha de angariação de fundos para viabilizar o projecto).


Fascinante foi a forma como Maurízio Seracini resolveu o mistério e teve a certeza de que estava a procurar o mural perdido no sítio certo. Depois de horas a estudar o fresco de Vasari, descobriu uma mensagem enigmática numa das dezenas de bandeiras pintadas no quadro, composto por uma imensidão de corpos, espadas e lanças, No topo do fresco, a cerca de 12 metros do chão, o especialista encontrou uma bandeira, carregada por um soldado florentino. Sobre o verde, a tinta branca, o especialista conseguiu ler, apenas com a ajuda de binóculos, duas palavras, com não mais de dois centímetros e meio de altura. Uma mensagem disfarçada por Giorgio Vasari para os especialistas do futuro: “Cerca Trova” – Procura e Encontrarás.

Fonte: Revista Visão
Texto: Tânia Pereirinha
Fotos da Net
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