sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008
Ciência
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008
Miguel Torga
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008
Quadras de amor...II
Quadras de amor...I
Quadras de Amor...
Porque mais ridículo que uma carta de amor
È ter vivido sem nenhuma
Ao longo de toda a vida de dissabor.
Susana Ferreira
Sonhei contigo esta noite
Vi-te linda bela e nua
Pelas janelas do quarto
Envolvida em raios de lua
Manuel Martins
Meu amor tu és tão linda
Mais linda que um botão de rosa
Mas vou acaber a quadra
Porque não tenho mais prosa
António Fernandes
Amo-te, sei que te amo
E, no dia dos namorados
Didico-te esta quadra
Em perdão dos meus pecados
Célia Ruas
Amor é sentirmo-nos seguros
No calor de um simples abraço
Querer dar sem receber e encontrar aquele espaço
Em que nos sentimos simplesmente...realizados.
Célia Cristina
Palavras que se dizem no olhar
Um desejo irresistível de estar e de sentir,
Corações em plena sintonia, a palpitar,
È o amor, o sentimento mais puro que nos faz sorrir!
Célia Cristina Amador
Quem foi São Valentim?
No entanto, Valentine um bispo romano,continuou a celebrar casamentos, mesmo após esta proibição. As cerimónias eram celebradas em segredo. Claudius II viria a descobrir esta prática e Valentine foi preso e condenado à morte. Enquanto esteve preso, muitos jovens atiravam-lhe flores e bilhetes dizendo que ainda acreditavam no amor.
Conta a lenda que também Valentine viria a ser tomado pela seta do Cupido. Asterius, uma jovem cega, filha do carcereiro, conseguiu permissão do pai para visitar Valentine e os dois acabaram por se apaixonar. A força do seu amor fez com que, milagrosamente, Asterius recuperasse a visão. O bispo chegou a escrever uma carta de amor para a jovem, onde assinava "do seu Valentine", expressão ainda hoje utilizada.
Valentine viria a ser decapitado a 14 de Fevereiro de 270 d. C.
Há também quem defenda que o costume de enviar mensagens amorosas neste dia não tem qualquer ligação com o Santo, datando da Idade Média, quando se pensava que o dia 14 de Fevereiro assinalava o príncipio da época de acasalamento das aves.
Na Roma antiga, Fevereiro era o mês oficial do ínicio da Primavera e era entendido como um tempo de purificação. Dia 14 de Fevereiro era dedicado à deusa Juno, que era para os romanos, a deusa das mulheres e do casamento e no dia 15 de Fevereiro iniciava-se o festival Lupercalia, dedicado ao amor e à juventude. Na véspera eram colocados em recipientes pedaços de papel com o nome das raparigas romanas. No decorrer da festa sorteavam-se os nomes dos apaixonados, com cada rapaz a retirar um nome. Essa seria a sua namorada durante o tempo que durasse o festival. Muitas vezes estes casais apaixonavam-se e acabavam por se casar.
Em 494, o Papa Gelásio I proibiu e condenou esta festa pagã. Há quem defenda que a Igreja Católica optou por celebrar o Dia de São Valentim nesta data para cristianizar estas celebrações pagãs.
Charles, o duque de Orleães, terá sido no século XV, o primeiro a utilizar cartões de São Valentim enquanto esteve aprisionado na Torre de Londres, após a batalha de Azincourt, em 1415. Por altura do São valentim, terá enviado vários poemas e mensagens de amor à sua mulher, que se encontrava em França.
Durante o século XVII tornou-se costume os apaixonados escreverem poemas às suas almas gémeas, mas só em 1840, em Inglaterra, é que as mensagens de São Valentim passam a ser enfeitadas com fitas de tecido e papel especial, com expressões que ainda hoje nos são familiares, como "Would you be my Valentine?".
Por: Vânia Vieira
quinta-feira, 31 de janeiro de 2008
TOP 3 Ciência
Pensa-se que a alimentação teve um papel-chave na evolução humana. Uma equipa do Instituto Max Plank testou essa hipótese, usando ratinhos. Durante duas semanas, alimentou um grupo com a dieta dos chimpanzés e outro com comida da cantina do Instituto ou com fast food. No final, os fígados dos ratinhos exibiam diferenças genéticas iguais às existentes entre humanos e chimpanzés. Mas, no cérebro, não houve alterações.
(foto da net)
2- GENOMA DE LABORATÓRIO
Pela primeira vez, uma equipa de cientistas sintetizou artificialmente o genoma de um organismo-a bactéria Mycoplasma genitalium.A façanha é um passo importante para a criação de vida artifícial. A ideia é criar, em laboratório, microorganismos que possam ser usados para produzir biocombustíveis, sequestrar carbono ou limpar lixo tóxico.
3- CALÇADO ANCESTRAL
Os humanos já usavam calçado há 40 mil anos.Cientistas chegarama essa conclusão, depois de terem analisado os ossos dos pés de um esqueleto ancestral encontrado na gruta de Tianyuan (China). É que os sapatos alteram a forma dos dedos dos pés. E os dedos do homem de Tianyuan são semelhantes aos dos esquimós do Alasca, indicando que ele usaria regularmente calçado.
in Revista Visão
terça-feira, 29 de janeiro de 2008
O Enigma Gandhi
Lançar um breve olhar a uma foto de Mohandas Gandhi (conhecido por Mahatma, "grande alma" em sânscrito) faz-nos de imediato pensar nos estranhos mecanismos que desenvolvem a força e comandam o poder.
Aquele homem franzino de cabeça calva e óculos redondos, enrolado em panos e frequentemente arrimado a um varapau, tornou-se uma das figuras mais conhecidas e respeitadas da História, inspiradora de pelo menos 5 mil livros de análise. Mais do que pela independência política da sua Índia natal,ele lutou pela interdepêndencia anglo-indiana voluntariamente assumida e fundada no amor.Defendeu que o uso da força não-violenta é a forma mais eficaz e digna de combater por uma causa. Recorria ao jejum pessoal para fazer vergar os opositores. Vestia-se com khadi, roupas simples de fabrico caseiro. Incorrupto e incorruptível, sempre recusou recompensas materiais ou cargos públicos. A certa altura decidiu ir viver para um ashram, uma comunidade religiosa hindu auto-suficiente. Era vegetariano e durante a maior parte da vida praticou o celibato, embora fosse casado desde os 13 anos com a inteligente mas submissa Kasthurba.
Nem todos saberão que era licenciado em Direito por Londres, que na juventude usara fato com colarinhos duros e que conhecia bem o Ocidente. Como se compreende, a Inglaterra imperial detestava-o e Churchill referia-se a ele como a « uma espécie de faquir seminú». Travaram uma luta de gigantes e venceu o mais forte. O seminú.
Alguns livros recentes, aparecidos na onda comercial do 60º aniversário da morte de Mahatma, apontam facetas consideradas bizarras da sua personalidade. Entre essas irreverências é apaontado o facto de ter comparecido de Khadi a uma recepção de Jorge V, no Palácio de Buckingham. Quando os jornalistas lhe perguntaram se tinha intenção de o fazer, respondeu que o rei haveria de vestir o suficiente para os dois.
Diz-se ainda que Kasthurba haveria de ser vitimada pela pneumonia por ele não ter consentido que lhe fossem administrados antibióticos. Que dormia com jovens às quais não tocava, só para testar o seu próprio auto-controlo. Que escreveu sobre as qualidades dos excrementos humanos na adubagem das terras. Que recomendou aos ingleses que combatessem Hitler de forma não-violenta, ou seja, com armas diferentes das do tresloucado ditador. Afinal, manifestações próprias de um espírito inquieto na incessante busca da natureza e da paz.
Mas o «pai» da moderna Índia será sempre recordado como o homem corajoso que além de ter lutado e obtido a independência, travou ainda uma das maiores batalhas pelos direitos humanos na África do Sul, onde viveu na juventude. Sonhou depois com um subcontinente unido onde convivessem hindus e muçulmanos, e aí falhou, pois o Raj britânico haveria de cindir-se em dois estados: a Índia e o Paquistão. Embora religioso, não era tradicionalista, tendo sabido extrair o melhor de cada uma das filosofias da vida que estudara, com relevo para o hinduísmo em que foi criado, para o ramo Krishna que o orientou, para o cristianismo (apreciava sobretudo o Sermão da Montanha) e para os príncipios básicos da teosofia de Annie Besant e Madame Blavatsky. Se estas últimas leituras lhe conferiram, aos olhos «politicamente correctos», uma tonalidade marginal, elas atestam uma personalidade livre de preconceitos. Foi ainda em liberdade de consciência que este filho de uma nação conservadora esgrimiu pelos direitos dos párias e pela igualdade das mulheres.
Antes de morrer teve tempo para pedir que não fizessem mal ao assassíno mas a justiça ignorou o apelo do mais incomum dos líderes e fez enforcar o autor dos disparos, um radical hindu que não perdoou a Ghandhi o facto de este ter ordenado o pagamento de dívidas ao Paquistão.
Por Luís Almeida Martins in Visão de 24 de janeiro de 2008
França pára testes nucleares
in Jornal Publico de 29 de Janeiro de 2008
sexta-feira, 25 de janeiro de 2008
Escrito na Pedra
quinta-feira, 24 de janeiro de 2008
Urgência em África
in Jornal O metro de 23/ 01/08 Editado por celia.pedroso@metroportugal.com
Anne Frank
sexta-feira, 11 de janeiro de 2008
Jennifer Lopez
Britney Spears
in Jornal DN 11 de Janeiro de 2008
quinta-feira, 10 de janeiro de 2008
A Rainha e a Corte
ARETHA FRANKLIN,65 anosde vida, mais de 40 de carreira, 17 Grammies conquistados. Jewels In The Crow-All Star Duets with The Queen,felizmente não há, ao longo das 16 canções desta colectânea feliz, quem perca o sentido da realidade.
Estas jóias confirmam aquilo que já se sabia: que o registo vibrante de miss Franklin continua a ser uma maravilha da Natureza, agora ajudada pela experiência e pela alma de interprete.
in revista Sábado nº 193 de Janeiro de 2008
sábado, 5 de janeiro de 2008
A Lusitânia
História de Portugal
A Lusitânia
Os lusitanos, vulneráveis
antepassados dos portugueses, viviam na orla ocidental da Ibéria. Duas
fronteiras naturais os confinavam, a norte e a sul – o Douro e o Tejo.
Primitivamente, aquele era o nome de uma simples tribo, que pelas suas
qualidades de energia e tenacidade na defesa, se tornou mais notada dos
estranhos. O nome generalizou-se a outras tribos, depois a outros povos
limítrofes, que, todavia, não divergiam muito pelos caracteres étnicos. Estavam
nesse caso os calaicos, que habitavam ao norte do Douro, nas terras altas do
Noroeste.
Os dados antropológicos, embora precários, porquanto os nossos antepassados usavam a cremação, são, contudo, conducentes a provar que eles eram os descendentes da população neo-eneolítica da região. Influências culturais tinham-nas recebido de outros povos, que vieram comerciar, e até estabelecer colónias e feitorias, nos pontos periféricos da Península. Ainda no século XII a.C. os fenícios, que então possuíam o monopólio do comércio no Mediterrâneo, haviam fundado Gades (Cádis). Nesse entreposto, como em outros que depois foram surgindo, recebiam dos naturais da Península o produto das suas riquezas mineiras, que eles não sabiam aproveitar, e trocavam por artefactos e produtos do Levante. Málaca (Málaga) e Hispalis (Sevilha) foram de fundação fenícia. O nome de Lisboa “Olissipo” parece de origem fenícia. Significaria “baía formosa”. No século VII a.C., começaram os gregos a desapossar os fenícios do domínio do comércio peninsular. Sagunto, na costa oriental da Espanha, foi uma das cidades por eles fundadas.
(Aníbal,
militar e homem de estado cartaginês. Pormenor de pintura de 1527 (Museu de
Clermont-Ferrand.)
A invasão Céltica do século
VI a.C., foi mais profunda, embora muito menos importante em benefícios de
civilização. É uma primeira invasão dos bárbaros do Norte, dez séculos antes
das grandes migrações medievais. Um ramo dos célticos estabeleceu-se ao norte
do Douro, ocupando ainda parte da Galiza. Outro fixou-se na região de entre
Tejo e Guadiana. Mas a terra montanhosa a que depois se chamou Algarve, extremo
sudoeste da Meseta, continuou a ser habitada pelos cúneos ou cinetes.
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Os Lusitanos
“[…] A norte do Tejo fica a
Lusitânia, a maior das tribos ibéricas e que foi combatida pelos romanos
durante muito tempo. A lado Sul da Lusitânia forma-o o Tejo; os lados oeste e
norte, o oceano; o lado leste, carpetanos, Vetões e Calaicos […] Umas trinta tribos
habitam o território entre o Tejo e os Ártabros. Apesar de o território ser
rico em frutos e gado e pela quantidade de ouro, prata e outros metais, a maior
parte dos habitantes, deixando de viver da terra, viviam do roubo e em guerra
permanente […], até que os Romanos acabaram com isto, sujeitando-os e
transformando a maior parte das cidades em povoados não fortificados […]. Os
lusitanos são muito inclinados a sacrifícios e examinam as entranhas, mas sem
as extraírem […]. Também cortam as mãos dos prisioneiros e dedicam as direitas
aos seus deuses […]. Tomam as suas refeições sentadas, tendo bancos de pedra
dispostos em redor dos muros. Dão a presidência aos de mais idade e categoria
social. Lançam do alto dos rochedos os condenados á morte e apedrejam os que
mataram os seus pais, fora das cidades ou além-fronteiras. Casam-se com os
Gregos.”
In Geografia, III de
Estrabão
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Certos termos célticos
persistiram na linguagem das populações do país, sobretudo na composição dos
nomes de cidades e povoações, como por exemplo o elemento briga, que
aparece em Conímbriga e Caetóbriga. Aquele termo significava “monte
fortificado”. As povoações dos lusitanos, como as dos antigos romanos, eram
edificadas em eminências do terreno, para mais fácil defesa. Os inúmeros
castros (crastos na linguagem popular), restos de povoações fortificadas no
cimo de colinas, e que se encontram no nosso país de Norte a Sul, não são de
proveniência romana, como se julgou. Já existiam, havia muito, antes da romanização
da Península e com ela receberam aquela designação de castros, e ainda
as de citânias e cividades.
Pelo mesmo tempo que se
produz a invasão céltica, as costas peninsulares são afanosamente procuradas
pelos mercadores cartagineses, que em vários pontos fundam estabelecimentos ou
povoações, absorvendo muitas das antigas colónias dos seus parentes fenícios,
designada então por Tartessos. Os novos exploradores de Espanha dominam
toda a Bética (Andaluzia), e são levados a pensar na conquista militar da Península,
quando expulsos pelos romanos da Sicília e das ilhas próximas, na chamada
Primeira Guerra Púnica. A ocupação do litoral do Mediterrâneo é feita por
Amílcar Barca, notável chefe militar, que tem de ir subjugar, no Ocidente, as
tribos revoltadas dos lusitanos (238 a.C.).
morre em plena guerra com os vetões, povo que vivia no planalto de Castela.
Seu genro Asdrúbal, por um governo de brandura, conciliação e alianças, firma a
posição dos cartagineses na Ibéria. Estabelece a capital numa povoação por ele
fundada à beira do Mediterrâneo, em face da Á
África, Nova Cartago
(Cartagena).
A Asdrúbal sucede no governo
da Espanha cartaginesa um filho de Amílcar, o arrojado Aníbal, que submete todo
o Ocidente peninsular. No litoral do antigo país dos cúneos (Algarve), funda Portus
Hannibalis (Portimão ou Alvor).
Um conflito entre Sagunto, aliada de Roma, e várias cidades aliadas de Aníbal, dá aos romanos o pretexto para o início da luta que deveria por termo ao crescente império dos cartagineses (Segunda Guerra Púnica). Aníbal toma Sagunto, marcha para a Itália, vence os romanos em canas e vai repousar nas delícias de Cápua, não se atrevendo a assaltar Roma. O senado romano, porém, decreta a destruição do poderio cartaginês ordenando a conquista da Espanha (218 a.C.).
(Cipião,
o Africano, ao apoderar-se de Nova Cartago, completa a conquista do litoral
mediterrânico.)
Na conquista da Ibéria
distinguem-se uma série de generais romanos, pertencentes á mesma família, a
dos Cipiões. Públio, Cornélio, Cipião, chamado “o Africano” pelas suas vitórias
em África, completa a conquista do litoral mediterrâneo, apoderando-se de Nova
Cartago (210 ou 209 a.C.).
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Juramento de Viriato
“ Os Lusitanos, carecendo ao
princípio de um chefe apropriado, apresentaram-se aios romanos como fácil presa
na sua luta; mais tarde, quando tiveram Viriato por chefe, infligiram grandes
reveses aos Romanos. Este era, por certo, um dos Lusitanos que viviam junto ao
mar oceano e, sendo pastor desde criança, viveu habituado à vida na montanha
[…] Acostumou-se a comer pouco, fazendo muitos exercícios, a dormir apenas o
necessário e, resumindo, inseparável das suas armas e mantendo lutas com feras
e ladrões, tornou-se famoso entre o seu povo, sendo eleito seu chefe […] Saindo
vitorioso nos combates, fez-se admirar pelos seu valor e gozou também fama de
excelente general […] nunca se mostrou como um bandido, mas como um chefe, e
lutou contra os Romanos, vencendo-os em muitas batalhas […]
In Biblioteca Histórica,
XXXIII, 1 de Diodoro Siculo
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Mas os povos do interior
mostraram-se insubmissos. A luta torna-se feroz. Por 193 a.C., os lusitanos
fazem valer a sua bravura. Derrotam um outro Cipião. No Ocidente Ibérico, Roma
encontra uma resistência que só subjugará ao fim de longa e pertinaz luta. O
pretor da Espanha, Sérvio Galba, é por eles vencido e vinga a derrota com uma
tremenda matança de lusitanos, que astuciosamente atraíra com promessas de aliança
perpétua (150 a.C.).
Mas o enérgico povo do
Ocidente reage. Tem por chefe Viriato, um pastor, como pastores são os
montanheses que o elegeram.
Entre os lusitanos o processo favorito de combate é o de guerrilhas. Os romanos, habituados a combater em campo raso, qualificam o processo de desleal. Chamando-lhe latrocinium.
(Legionários romanos
assaltam a cidade. Baixo-relevo da coluna de Marco Aurélio (Museu da
Civilização Romana, Roma).
O guerreiro lusitano usava
um escudo redondo com dois pés de diâmetro, que suspendia do pescoço, e brandia
o punhal, a lança de ponta de bronze, o alfange curvo, dardos de ferro. Vestia
cota de linho sobre a qual trazia o sagum (manto grosseiro que descia ao
joelho), preso com uma fíbula. Usava em geral os cabelos compridos e soltos,
atando-os com uma fita durante o combate; frequentemente protegia a cabeça com
capacete cónico, de couro. Batalhava tanto a pé, como a cavalo. Exercitava-se
continuamente nos jogos de destreza, no arremesso do dardo, no pugilato, na equitação,
em combates simulados.
Viriato organiza um exército regular e invade a Turdetânia, no Sul da Península, vencendo as hostes romanas (146 a.C.). Depois de vários anos de guerrilhas, em que os soldados de Roma não levam a palma, o chefe lusitano trata a paz com o governador Quinto Fábio Serviliano. Um outro Cipião, Quinto Servílio, leva o Senado romano a anular a paz e encarrega-se de prosseguir a luta. Mas não consegue vencer pelas armas o caudilho do Ocidente. Suborna três dos companheiros de Viriato, que o assassinam (139 a.C.).
(Morte de Viriato. Quadro de
Jose de Madrazo y Agudo (Museu Nacional do Prado)
Morte de Viriato
“Audaz, Ditalco e Minuro, da
cidade do Urso, vendo que o grande prestígio de Viriato estava sendo afectado
pelos Romanos, temeram por si mesmos e decidiram prestar aos romanos um favor
mediante o qual pudessem obter a sua própria segurança […] Sabendo que Viriato
estava ansioso por acabar com a guerra, prometeram-lhe que convenceriam Cipião
a firmar um acordo de paz se os enviasse como embaixadores para negociar o fim
da luta. Como o chefe o consentisse de muito bom grado, apresentaram-se ante
Cipião e facilmente o persuadiram que lhes concedesse garantia de segurança
mediante promessa de que assassinariam Viriato. Uma vez que deram e receberam
por outro lado garantias sobre o tratado, regressaram prontamente ao
acampamento; depois de anunciar que tinham convencido os Romanos no referente á
paz, deram a Viriato enormes esperanças, ao tanto se empenharem em afastar o
mais possível da sua mente o verdadeiro propósito. Acreditados por ele mercê da
amizade, depois de entrarem durante a noite ocultamente na sua tenda e matarem
Viriato com golpes certeiros de espada, escaparam rapidamente do acampamento e,
valendo-se de caminhos intransitáveis pela montanha, chegaram salvos ao
encontro de Cipião.”
in Biblioteca Histórica, XXXIII, 21 de Diodoro Siculo
(Monumento
a Viriato em Viseu)
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Dezenas de anos se passam
sem que o governo de Roma posso considerar-se senhor absoluto do Ocidente da
Ibéria. Na Itália estala a guerra civil, o conflito entre Mário e Sila. Mário
nomeia propretor da Espanha um partidário seu, Sertório (83 a.C.), o qual é
pouco depois destituído por Sila, quando este alcança o poder. Sertório vagueia,
fugitivo, pelas costas do Sul e pela África, até que no ano de 80 a.C., os
lusitanos o convidam a tomar a direcção da resistência contra Roma. O novo
chefe chega a derrotar o grande Pompeu (76 a.C.), mas de regresso á Lusitânia é
vítima de traição de Perpena, seu lugar-tenente. Este, que numa correria pelas
terras do Norte conquistara Cale, já então romana, conjurou-se com outros
lusitanos e assassinou Sertório num banquete (72 a.C.).
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Lusitanos e Portugueses
“Temos examinado as relações
que se poderiam dar entre nós e aquela porção de tribos célticas denominadas de
lusitanos. – Qual é o resultado de tudo o que fica dito? – que é impossível ir
entroncar com elas a nossa história ou delas descer logicamente a esta. Tudo
falta; a conveniência de limites territoriais, a identidade da raça, a filiação
da língua, para estabelecermos uma transição natural entre esses povos bárbaros
e nós.
[…] Por outra parte é
evidente que a antiga raça céltica, não só da Lusitânia, mas também de qualquer
outra parte da Península, se corrompeu, desaparecendo por fim na sucessão de
tantas invasões e conquistas como as que passaram por este solo. É sobretudo em
virtude do domínio romano que transformou radicalmente a sociedade.”
In História de Portugal, de
Alexandre Herculano
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(Júlio César, o grande
Imperador romano. Pintura de Alexandre Abel de Pujol.)
Caio Júlio César, o grande
César, vem governar a Espanha em 61 a.C.. Saqueia várias cidades da Lusitânia,
que lhe ofereceram resistência. Essa resistência manifesta-se sobretudo no
Norte. Os pastores do Hermínio (Serra da Estrela [?]) descem às terras baixas,
sendo batidos e repelidos até ao mar. mas as cidades do Sul recebem o enviado
Senado amigavelmente. Nessas, a romanização começara já a fazer-se. César
honra-as, dando-lhes o nome. Scallabis (depois santarém) passa a
denominar-se oficialmente Praesidium Julium. Olissipo transforma-se em Felicitas
Julia, Ébora em Liberalitas Julia. No local da moderna Beja, funda
César uma nova povoação, Pax Julia.
A guerra entre Pompeu e
César repercute-se em Espanha. César vem várias vezes à Península para submeter
os partidários daquele. Num dado momento a Bética é o reduto dos filhos de
Pompeu, que, após a morte do pai, ainda resistem. O ditador de Roma vence-os
definitivamente em Munda (45 a. C.).
Ao morrer, sob os golpes dos
conjurados Júlio César deixava a Espanha submetida, mas não inteiramente. Nas
Astúrias, na Galiza, incluindo a região de Entre Douro e Minho, ainda dominava
a rebeldia. É Octaviano Augusto que vem pessoalmente ao Ocidente da Península
completar a obra de submissão (25 a.C.). Brácara (depois Braga) recebe o
qualificativo de Augusta, que é dado a outras cidades da Espanha. A
Península está, finalmente, pacificada, e em breve tempo a romanização é
completa. As instituições políticas e administrativas são impostas. Mas os
costumes, a linguagem, a religião são adoptados pelas populações. A Espanha é
em tudo uma província do Império. Cada povoado de certa importância torna-se um
município à maneira romana, em que o povo tem direitos soberanos. Garantem-se
os interesses locais – o que estava nos hábitos de gente lusitana.
Parte da população da
Lusitânia, a das serranias do Centro e do Norte, vivia da pastoreação.
Alimentava-se de glandes de carvalho, que reduzia a farinha para fabricar pão.
Nas terras baixas dispersava-se uma população de agricultores, que cultivavam a
vinha e os cereais – trigo, centeio, cevada-, criavam gados e fabricavam
manteiga. No litoral e nas margens dos rios, onde mais densamente se agrupavam,
alimentavam-se também de peixe e de marisco. Para a pesca serviam-se de
embarcações de couro ou de troncos escavados e afeiçoados como barcos. O azeite
servia-lhes para untar os corpos, tornando-os mais ágeis para os exercícios
físicos.
Já usavam as águas minerais
como terapêutica. Apesar de fabricarem o vinho, mostravam-se sóbrios. Bebidas
prediletas eram a água, o leite de cabra e a cerveja de cevada. Só nos festins
usavam o vinho. Bebiam por vasos de madeira. A sua cerâmica era um tanto
primitiva; não conheciam a princípio a roda do oleiro: modelavam à mão vasos
sem ornatos de grande simplicidade, meras incisões, e estampavam-nos ou
pintavam-nos.
Vestiam-se de lã ou de pele
de cabra, os homens de negro, as mulheres de cor. Ornavam-se com colares,
manilhas, arrecadas, braceletes e outras joias de ouro, trabalhadas por
martelagem ou pelo processo da filigrana.
Conímbriga
“[…] será preciso
preocupar-se, nos edifícios particulares, com o modo como se devem situar as
diversas peças destinadas ao uso exclusivo ao dono da casa, e como serão as que
são comuns com os estranhos […]. Nas peças que se chamam reservadas, como os
quartos, salas de jantar, banhos e outras destinadas a usos semelhantes, não
podem entrar todos, mas apenas os que tiverem sido convidados. Ao contrário,
nas chamadas comuns pode entrar qualquer pessoa, mesmo sem ser convidada, tais
como nos vestíbulos, átrios, pátios […]. Para as pessoas de fortuna medíocre
não são necessários vestíbulos magníficos, nem grandes salões, nem átrios,
porque essas pessoas vão cortejar as outras, enquanto a elas ninguém as vem
procurar […]. Ao contrário, para advogados e homens de letras as casas devem
ser elegantes e amplas, capazes de receber muitas pessoas. Finalmente para os
nobiles e para os que, no exercício dos seus cargos ou magistraturas, devem
conceder audiência aos cidadãos, devem construir-se vestíbulos sumptuosos,
jardins e áleas de acordo com o decoro e respeitabilidade das pessoas, e para
além disso com bibliotecas, pinacotecas e basílicas instaladas de maneira que
possam rivalizar em magnificência com os edifícios públicos; porque com frequência
nestas casas realizam-se assembleias ou reuniões particulares, ou ainda
julgamentos arbitrais.”
Vitrúvio
Viviam em casas pequenas,
que no Norte eram circulares e no restante quadrangulares, edificadas de pedras
soltas, sendo os pavimentos térreos.
Os cadáveres eram cremados.
Todavia, os lusitanos praticavam o culto dos mortos. Professavam um politeísmo
confuso, usando o sacrifício de animais. Representavam, em esculturas
rudimentares, os seus guerreiros e os seus deuses.
Com a romanização, o tipo de
construção das habitações modificou-se. Adoptou-se a telha para os tectos, os
tijolos e mosaicos para os pavimentos.
Templos Romanos
“a composição da construção
dos tempos, depende da simetria, cujas regras devem, por isso, ser observadas
pelos arquitectos. Nasce a simetria da proporção que os gregos chamam analogia.
A proporção é uma correspondência de medidas entre uma determinada parte das
componentes de cada obra e os eu conjunto: desta correspondência depende a
relação das proporções […] Do mesmo modo, as partes de que se compõem os
edifícios sagrados devem ter correspondência exacta em dimensões entre cada uma
das suas partes e a sua total magnitude […]. Será períptero aquele [templo] que
tenha tanto na fachada como na parte posterior seis colunas e em cada lado,
onze [o de Évora apenas tinha nove colunas de cada lado], incluindo as dos
ângulos, separadas das paredes da nave pela mesma distância que entre elas,
formando assim em redor; no interior do templo, um lugar próprio para passear,
como no pórtico de Metelo, o templo de Júpiter Stator; construído por
Hermodoro, e o edifício de Mário […] no templo da Honra e do Valor; obra de
Murcio.”
In Da Arquitectura de
Vitrúvio.
A Lusitânia beneficiou enormemente da cultura romana. Teve templos, teatros, circos, termas, pontes, aquedutos, vilas, arcos de triunfo e estradas militares de modelo romano. De Olissipo partiam três estradas para Augusta Emérita, Capital da Lusitânia, a Mérida actual, passando uma por Caetóbriga (Setúbal), salácia (Alcácer do Sal) e Ébora; outra por Scallabis; outra por Aritium (?). para o Norte seguia a que terminava em Brácara. Lisboa era assim o centro de uma rede de vias, embora não fosse a capital da divisão jurisdicional a que pertencia – o conventus scallabitanus (sede em Scallabis).
(A Torre de Centum, em
Belmonte, é uma construção romana, de planta rectangular, volume único e três
pisos sobre a qual ainda hoje, de concreto, muito pouco se sabe.)
O latim vulgar, falado pelos
soldados romanos, generalizou-se; passou a ser a língua da Península,
perdendo-se a tradição dos antigos falares. O desenvolvimento económico foi
considerável. As indústrias primitivas progrediram na calma segurança da Paz Romana.
A cristianização desta província do Império começou cedo. Já a perseguição de Nero (século I depois de Cristo) atingiu os cristãos da Espanha. Os primeiros propagadores da nova fé foram os mercadores e navegadores do Mar do Levante que visitavam as costas da Ibéria. Quando da perseguição de Diocleciano (304), houve mártires em Olissipo, Brácara e Ébora. No tempo do Império Constantino (século IV) o cristianismo recebeu consagração oficial com o Édito de Milão, e a Igreja organizou-se na Espanha ao mesmo tempo que na Itália. Na segunda metade do século, a Lusitânia estava dividida, eclesiasticamente, em quatro dioceses, pelo menos: Brácara, Olissipo, Ébora e Ossónoba (Faro).
(Vista parcial das termas de
São Cucufate, localidade no actual Alentejo onde se encontram vestígios de três
fases de construções romanas.)
Súmula e actualização
Mescla étnica
Na Península Ibérica, como
em outras Penínsulas, deu-se a sobreposição, ao longo do tempo, de numerosas
civilizações correspondentes a povos cujo movimento migratório era aqui
interrompido pelo mar. os vestígios arqueológicos são abundantes no território
português, e revelam presença de populações desde o Paleolítico superior (há
cerca de 500 000 anos), documentando-se todas as sucessivas técnicas do trabalho
da pedra até ao período dos metais.
A riqueza mineira atrai exploradores de cobre e estanho desde os inícios da idade do bronze. O castro de Zambujal, em Torres Vedras, construído por recolectores de metais vindos do Oriente, é o mais antigo vestígio da exploração económica do território. Ligadas com as influências orientais estão as duas culturas mais típicas do ocidente peninsular: a cultura megalítica, caracterizada por construções de grandes pedras, e a cultura campaniforme, na região do Tejo, caracterizada por vasos cerâmicos em forma de campânula. Desde os inícios do primeiro milénio a.C. verificaram-se sucessivas invasões de povos originários do centro da Europa (Celtas) que já usavam instrumentos de ferro e eram hábeis artífices do Ouro (as actuais arrecadas do Minho são uma sobrevivência dessa técnica). Esses povos misturaram-se com as populações já instaladas, e originaram as tribos celtibéricas. Os Lusitanos são celtiberos que viviam entre o Douro e o Tejo. Para norte do Douro viviam os Calaios, também de origem céltica.
(Évora: Templo romano,
século I. O aparecimento de um fragmento da estátua da divindade feminina (mão
com romã) permite saber que se trata de um templo consagrado à Deusa Juno.)
Domínio Romano
Em 219 a.C. desembarcaram na Península Ibérica as
primeiras tropas romanas, e cerca de duzentos anos depois toda a Península (com
excepção do País dos Bascos) estava submetida e romanizada. Foi especialmente
difícil a submissão da Lusitânia, tendo ficado célebre a resistência de
Viriato, Chefe dos Lusitanos. A acção colonizadora romana eliminou quase
completamente as diferenciações culturais e linguísticas, e conduziu á formação
de uma população homogénea: a população hispano-romana. A anterior organização
económico-social dos povos indígenas (baseada nas tribos, propriedade colectiva
e economia de subsistência) foi substituída por uma organização colonial. Todo
o território foi organizado com vista á exploração dos recursos locais:
agricultura articulada com a exportação dos principais produtos (sobretudo o
vinho), exploração de minérios, pesca e exportação de peixe conservado em sal.
Generalizou-se o emprego da
moeda como instrumento de troca; havia várias cunhagens de moeda local. A
unidade agrícola predominante era a vila, constituída por um núcleo de terras
férteis que o proprietário explorava directamente com escravos e por parcelas
dispersas, cultivadas por colonos semilivres que entregavam uma parte da
produção ao proprietário da vila; com a decadência económica do século III, a
situação dos colonos aproximou-se da dos escravos. Uma rede de estradas, a
construção de pontes e a acção da administração conferiam unidade social às
províncias romanas: a Galécia, co capital em Brácara, a Lusitânia, com capital
em Mérida.
José Hermano Saraiva
Fonte: Enciclopédia História
de Portugal -Vol 1
Autor/Texto: Ângelo Ribeiro
/José Hermano Saraiva
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