quarta-feira, 12 de julho de 2023

Ponte dos Imortais

 

A Incrível "Ponte dos Imortais", 800 metros acima do nível do mar, é a ponte mais alta e misteriosa do mundo. Uma sensação única com as montanhas de granito tocando as nuvens e o impressionante precipício por baixo.

Localizada nas Montanhas Huangshan (“Montanhas Amarelas”, em chinês), região que é patrimônio da Unesco, a ponte tem um acesso difícil e, para chegar até ela, é necessária uma complicada caminhada por penhascos íngremes…


São duas vias de acesso até a ponte: pelo caminho seguro (através dos degraus encravados nos paredões da montanha e cuja construção teve início há mais de 1500 anos) ou pelo Caminho Celestial Sul (três velhas tábuas de madeira juntas por um arame bem mais ou menos e uma corrente enferrujada presa na rocha para o visitante se segurar).


Mas todo o esforço para chegar até o cume de Huangshan vale muito a pena, pois a belíssima paisagem das nuvens tocando as montanhas abaixo de você é simplesmente de tirar o fôlego!

Às vezes as nuvens envolvem completamente o local proporcionando uma incrível sensação de mistério.

Significado do nome: Ponte dos Imortais, porque liga dois contrafortes rochosos da Montanha Amarela que são, segundo uma das lendas transmitidas, duas figuras transformadas em pedra a mando dos deuses e assim se tornaram imortais.

Localização:  Montanhas Huangshan (Montanhas Amarelas), uma cordilheira no sul da província de Anhui - China

 

Fonte: Wikipédia, https://demalasprontasblog.wordpress.com/

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segunda-feira, 12 de junho de 2023

Aranha Tampão

Em meio a tanta diversidade de aracnídeos, pode-se encontrar um grande número de aranhas curiosas e fascinantes. Cyclocosmia é um gênero de aranhas entre 2,5 e 3,5 centímetros, pertencente à família Ctenízidos, da qual são conhecidas sete espécies.

E é o único gênero entre as aranhas de alçapão que desenvolveu uma defesa morfológica contra predadores. Seu abdômen termina abruptamente em um disco endurecido revestido de pêlos e reforçado por uma série de costelas separadas por estreitos sulcos. Criando um relevo que lembra um bloco de carimbo (para outros com uma imaginação mais transbordante, sugere um deus zapoteca).

 O disco abdominal é usado como um escudo protetor que veda perfeitamente a entrada de sua toca. Se em suas viagens de campo você vir o que parece ser uma moeda velha enterrada na areia, deixe pra lá, porque você já sabe o que é.

Fonte: Facebook, Wikipédia

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sexta-feira, 12 de maio de 2023

Hieronymus Bosch

Jeroen van Aken, cujo pseudônimo é Hieronymus Bosch, e também conhecido como Jeroen Bosch Hertogenbosch, c. 1450 — 9 de Agosto de 1516), foi um pintor e gravador brabantino dos séculos XV e XVI.

Muitos dos seus trabalhos retratam cenas de pecado e tentação, recorrendo à utilização de figuras simbólicas complexas, originais, imaginativas e caricaturais, muitas das quais eram obscuras mesmo no seu tempo.

Pintores alemães como Martin Schongauer, Matthias Grünewald e Albrecht Dürer influenciaram a obra de Bosch. Apesar de ter sido quase contemporâneo de Jan van Eyck, o seu estilo era completamente diferente.

Especula-se que a sua obra terá sido uma das fontes do movimento surrealista do século XX, que teve mestres como Max Ernst e Salvador Dalí.

Pieter Brueghel, o Velho foi influenciado pela arte de Bosch e produziu vários quadros num estilo semelhante.

Biografia

O seu nome verdadeiro era Jheronimus (ou Jeroen) van Aken. Ele assinou algumas das suas peças como Bosch (AFI /bɔs/), derivado da sua terra natal, Hertogenbosch. Na Espanha, é também conhecido como El Bosco. Sabe-se muito pouco sobre a sua vida. A não existência de documentos comprovativos de que o pintor tenha trabalhado fora de 's-Hertogenbosch levam a que se pense que Bosch tenha vivido sempre na sua cidade natal. Aí se terá iniciado nas lides da pintura na oficina do pai (ou de um tio), que também era pintor. Casou-se com Aleid van de Meervenne uma rica jovem que lhe permitiu se dedicar à pintura.

Foi especulado, ainda que sem provas concretas, que o pintor terá pertencido a uma (das muitas) seitas que na época se dedicavam às ciências ocultas. Aí teria adquirido inúmeros conhecimentos sobre os sonhos e a alquimia, tendo-se dedicado profundamente a esta última. Por essa razão, Bosch teria sido perseguido pela Inquisição. Sua obra também sofreu a influência dos rumores do Apocalipse, que surgiram perto do ano de 1500. Existem registros de que Filipe, o Belo, duque de Brabante, encomendou a Bosch em 1504 um altar que deveria representar o Juízo final, o Céu e o Inferno. A obra, atualmente perdida (sem unanimidade julga-se que um fragmento da obra corresponde a um painel em Munique), valeu ao pintor o reconhecimento e várias encomendas posteriores. Os primeiros críticos de Bosch conhecidos foram os espanhóis Filipe de Guevara e José de Sigüenza. Por outro lado, a grande abundância de pinturas de Bosch na Espanha é explicada pelo fato de Filipe II de Espanha (neto de Filipe, o Belo) ter colecionado avidamente as obras do pintor.

Bosch é considerado o primeiro artista fantástico.

Pintura: A Morte e o Avarento, trabalho feito em 149

A história desenrola-se no interior de uma casa, na cena vemos o leito de morte de um avarento.

O moribundo está dividido entre o anjo, que lhe assiná-la um crucifixo, colocado numa janela no alto e da qual emana a luz, e um demônio que aparece por debaixo da cortina com um saco de dinheiro na mão. Parece que o diabo está a roubar o dinheiro e o enfermo está mais preocupado com este fato do que com a sua salvação; também pode ser que é ao contrário, que o demônio lhe está a oferecer esse dinheiro para comprar sua alma, e este tem dúvidas se aceita o dinheiro ou escolhe o crucifixo, isto é, a salvação.

Do lado esquerdo, através de uma porta semi-aberta, aparece a morte, representada como um esqueleto que se apresenta segurando um objeto.

Aos pés da cama está um idoso, com um rosário entre os dedos, que está repondo moedas dentro de um cofre cheio de animais monstruosos, enfim, a obra é notavelmente rica em detalhes, permitindo uma ampla reflexão sobre o tema abordado.

Fonte: Wikipédia, https://www.ebiografia.com/hieronymus/

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quarta-feira, 12 de abril de 2023

História de Arte

 História da Arte- Mobiliario das elites na ultima metade do século XVIII

Proprietários de várias terras e palácios, os nobres portugueses eram parcos no que à mobília diz respeito. Para passar uma só noite em casa do marquês de Pombal a sua irmã teve de transportar as camas de toda a família. Pouco dados às artes, confinavam-se ao brilho das pratarias e disfarçavam a falta de quadros nas paredes com damascos e brocados que engalanavam tudo o que era mesa ou cadeira. Muitas e curiosas revelações de uma tese, exaustiva na descrição do mobiliário das elites na última metade do século XVIII e pioneira na clarificação de uma área da História ainda sujeita à especulação. Eis a casa dos nossos egrégios, mas afinal tão «franciscanos» avós.


É na Lisboa pós terramoto de 1755 que surge o «salão», centrado nas mesas de jogo.

Há 250 anos, a casa de qualquer pessoa com um ofício já especializado «não reuniria mais que uns oito trastes. Uma bancada, uns bancos e talvez uma prateleira para suster três ou quatro pratos. Nem pensar em camas ou cadeiras». Quem o diz é Carlos Franco, mestre de História das Artes Decorativas e autor da tese O Mobiliário das Elites de Lisboa na Segunda Metade do Século XVIII, publicada pela Livros Horizonte.

Se como imaginávamos, a casa do cidadão comum espelhava uma existência espartana, a nobreza, que de espartana não tinha muito, estava ainda longe de sonhar com as condições de conforto que nos trouxeram os séculos posteriores. Desfazendo o imaginário de ficção idealizado pelo cinema e a literatura e clarificando a própria história que no capítulo das artes decorativas ainda tem zonas de sombra apenas baseadas na transmissão oral, eis que numa incursão nos arquivos da Torre do Tombo vem desfazer alguns dos nossos mitos de grandeza e deitar por terra monarcas e nobres. Literalmente. Porque camas era coisa que não sobejava.

A investigação centra-se em Lisboa, capital do reino e principal espaço físico da Corte onde resida o maior número de famílias nobres e debruça-se sobre os cinquenta anos pós-terramoto. É um tempo de corte com o passado e de ressurreição da cidade, onde tudo se vai jogar de novo. Ponto final no fausto e ostentação do anterior reinado de D. João V, época de contenção imposta pela estratégia do Marquês de Pombal, mas também período em que vingam as ideias iluministas, transformando por completo o espaço da casa.


Até aqui as cadeiras estavam circunscritas às mulheres, que não conviviam sequer nos mesmos espaços da casa. O quarto era o centro de todas as atenções, espaço de sociabilidade por excelência onde se investiam as mais avultadas somas em dinheiro e onde se dormia, comia e recebiam as visitas que exigissem tratamento condigno. Conceitos de intimidade ou privacidade, só mesmo a partir da segunda metade do século XVIII, com a passagem do palco da acção para a «sala», uma invenção das «luzes» e factor de transformação profunda no comportamento familiar e social.

 A Moda das Barracas

 


(Rei D José I)

Apesar de o seu palácio não ter sofrido, grandes danos com o terramoto de 1755, o rei D. José I, aterrorizado, passa a viver num «palácio de pano» construído por várias tendas montadas no jardim. Para não se afastar da Corte, Sebastião José de Carvalho e Melo, marquês de Pombal, escolhe também como residência um «palacete abarracado» na Calçada da Ajuda. «Lançada a moda das barracas, umas mais sumptuosas, outras mais modestas, em seis meses havia um total de nove mil barracas», escreve Carlos Franco. «As barracas é expressão sua?», queremos confirmar. «Não, não, daí vem aliás o nome de várias ruas e travessas do “abarracamento” que existem em Lisboa», esclarece, em conversa telefónica.


(A família real espanhola, por volta de 1743. À esquerda, de pé, o príncipe herdeiro, o futuro Fernando VI de Espanha, e sentada, de azul, a sua mulher, D. Bárbara de Portugal.)

Em Janeiro, a Corte partia para caçar no Palácio de Salvaterra de Magos, em Fevereiro para a Tapada de Mafra, depois para herdades de Alcácer do Sal, mais dois meses de estada em Vila viçosa, passagem pela lagoa de Albufeira e, no Verão, Palácio de Queluz. À noite entretinha-se assistindo aos espectáculos de música onde era vulgar a presença de companhias de ópera italianas e de dia ocupava-se com a montaria e a altanaria, contando para o desporto com falcões trazidos da Dinamarca.

Não faltavam passatempos e ingredientes, o que faltava era mobília. Porque apesar das deslocações constantes as casas não tinham um único móvel que lhes pertencesse exclusivamente. Fazendo mais que justiça ao vulvar nome de «móveis», transportava-se todo o recheio de uma casa de mansão em mansão. Ornamentos, utilidades, panos, tapeçarias e alcatifas – Danificados e acusando o desgaste provocado pelas sucessivas mudanças- eram sujeitos a uma vida na estrada. Como refere o historiador, até o magnífico Palácio de Mafra («colosso de pedra onde trabalharam diariamente mais de vinte mil homens») continuava sem mobiliário próprio. Nenhum dos Palácios onde a corte vivia regularmente tinha direito a mobiliário permanente, mas as propriedades, essas, não faltavam.

Elucidativo é um trecho das Memórias do Marquês de Fronteira e de Alorna, citadas por Carlos Franco: «Minha avó tinha a mania das viagens e nunca se sabia onde estava. (…) Morava em Benfica e tinha várias casas de campo em Carnide, palma, Telheiras, para onde se mudava, com a sua numerosa família, muitas vezes no ano.» E, para tão intensa actividade nómada, o que não faltava á nobreza eram verdadeiras companhias de transportes e mudanças, na pele dos seus próprios criados. «Não há terra como Lisboa onde os criados de ambos os sexos sejam tantos (…) Pululam nas casas dos fidalgos e dos grandes e nalgumas delas davam para povoar uma aldeia», escreve um visitante estrangeiro citado pelo historiador.

 Gosto bolorento e duvidoso


Cena num Quarto de Dormir. Autor: Desconhecido. Técnica: Óleo sobre tela. Data: ca. 1690. Dimensões: 47,5 x 72 cm. Local de origem: França.

A pintura mostra o interior de um quarto de dormir francês, no final do século XVII. A cama de dossel, com cortinas de veludo encarnado com franjas douradas e, as costas altas das cadeiras, são o tipo de mobiliário de origem francesa, muito usado na Europa, possivelmente também em Portugal, tal como as tapeçarias penduradas nas paredes. - Victoria and Albert Museum

No registo das compras feitas pela Casa Real e investigadas por Carlos Franco, é notório que o rei prefere adquirir porcelanas e aparatosas peças de prataria em detrimento de pinturas e outras obras de arte. Mas o brilho das pratas, de milhares de cristais e das molduras douradas não chega para disfarçar o facto de a realeza ser pobre em mobiliário. Os observadores estrangeiros, consensuais, denunciam que mesmo em dias de gala só há cadeiras para a família real e que os outros «senhores portugueses, para descansarem, apenas se podem ajoelhar». Criticam ainda o mau gosto nacional, referindo que, para além de não existirem quaisquer móveis ricos ou modernos, a situação é agravada pelo costume de «vestirem saias às comodas e ás mesas» não poupando peça alguma a tecidos e «atavios de todas as cores», lisos ou bordados.


Retrato de Casal num Interior. Autor: Eglon van der Neer (holandês). Técnica: óleo sobre madeira. Data: 1665 - 1667. Dimensões: 73,9 x 67,6 cm.

Um casal da burguesia rico, já comodamente sentado no seu quarto, onde se vê couro estampado cobrindo a parede, tapete persa trabalhado com várias cores, sobre a mesa, e por cima da lereira um quadro com a imagem de Venús.  Museum of fine Arts, Boston.

No Diário de Portugal e Espanha do milionário inglês William Beckford (que permaneceu em Portugal vários anos, mantendo estreitas ligações com a nossa nobreza), Beckford escreve que não é «capaz de atinar com o demónio que tentou os portugueses a inventar tão bolorenta moda». Critica o facto de monarcas e nobres viverem arredados das generalidades das artes, chegando a escrever, em Setembro de 1787, que está «inabalável na decisão de deixar Portugal» para ver-se «são e salvo, longe desta terra de pobreza e ignorância».

O distintivo de classe não está de facto no conteúdo, mas na aparência exterior da residência. «A principal preocupação do construtor da casa nobre setecentista é edificar uma imponente fachada», escreve Carlos Franco. La dentro as paredes estão revestidas de painéis de azulejos com cenas de montaria ou orientalizantes, o que, mais uma vez de acordo com os comentários e queixa dos viajantes estrangeiros, torna as casas frias, facto em muito piorado por só existirem lareiras nas cozinhas.

O grande investimento parece centrar-se na profusão de tecidos – de tafetá, chita ou damasco -, decorados com representações sagradas ou profanas e que, possivelmente, acrescentavam a vantagem de encobrir o desgaste que os móveis iam sofrendo no vaivém contínuo. Notória era evidentemente a falta de quadros nas paredes. A casa do Marquês de Marialva, exemplo varias vezes referido no estudo, estava «pobremente ornamentada com estampas inglesas coloridas e corriqueiros registos de santos e madonas». E, no entanto, o valor médio de uma «armação de casa» (conjunto de tecidos que cobriam as paredes) custava cerca de 96$000 réis, enquanto o valor médio de uma pintura era apenas de 1$300 réis.

Tapeçaria, Julho. Autores: Jean De La Croix (fabricante) e Charles Le Brun (designer). Local de origem: Fabricada em Gobelins, Paris. Data: 1670 - 1700.  Técnica: Tapeçaria tecida em lã e seda.

Esta tapeçaria pertence a uma série que representa doze das residências reais de Luís XIV, durante os diferentes meses do ano. O rei é representado a caçar, com a sua comitiva, no terreno do seu castelo. - Victoria and Albert Museum.

Ruas da Prata e do Ouro eram o destino quando o objectivo das compras era o aparato. O restante mobiliário vendia-se na casa/oficina do próprio artífice, já com direito a anúncio no jornal: «Quem quiser comprar huma papeleira, ou dous toucadores marchetados à Francesa, e de bom gosto, com suas guarnições respectivas, falle com Francisco Lemaitre, Mestre Marceneiro, morador na rua de Santa Gertrudes á Calçada da Estrella», publica-se na Gazeta de Lisboa, a 15 de Novembro de 1794.  Através deste jornal procurava-se também comprador ou vendedor para todo o tipo de peças. E se existiam lojas e armazéns que vendiam produtos provenientes do Oriente e do Brasil, a mais importante forma de transação comercial dos «vários trastes de casa» eram os leilões, anunciando «adornos da moda e do bom gosto», «preços muito acomodados», «tudo no último gosto e primor», «móveis de todas as classes e gostos» misturados com «as boas pinturas d’Authores».

 Da cama para o salão

 Se até aqui as mulheres se sentavam num estrado e caso pertencessem ao grupo das «pessoas de qualidade» em tapetes turcos e almofadões de veludo com rendas de ouro e prata, finalmente chegam a Portugal as ideias modernas do iluminismo e a mulher passa a ter direito a assento mais elevado. Os móveis de descanso são os que aparecem em maior profusão neste período, referindo o investigador que num total de 5783 pessoas estudadas, metade são móveis de assento e repouso.


Bufete Séc.XVIII

O número crescente de cadeiras é sintoma de desenvolvimento da vida social que passa a centrar-se no «salão», novo espaço da casa. As ideias iluministas tendem para a sociabilidade e as classes privilegiadas adoptam os comportamentos da «gente educada», que goza das «sãs delícias e do suave prazer da companhia» porque «o homem esclarecido tem prazer em conviver». Como figura principal do salão, os jogos de cadeiras em torno de um canapé. Carlos Franco frisa, em conversa, que nesta época se dá a explosão de dois tipos de móveis: a «mesa de jogo», porque o jogo de cartas se torna o novo vício da realeza, e as «mesinhas de chá», com a introdução do hábito desta bebida.

Rareia ainda a «mesa de casa de jantar», função ainda sem espaço definido, aparecendo por isso as «mesas de abas», versáteis e apropriadas para improvisações.

Nas cadeiras, a nogueira, é a madeira mais utilizada, mas, graças às nossas artes de disfarçar carências, encontram-se já muitas peças de mobiliário «em pinho fingindo nogueira». Há cadeiras de «espaldar abaulado que permitem uma postura menos rígida do corpo representando a vitória da posição sentada e do sedentarismo», «feito à grega», «à inglesa» e «à moderna», muitas com remates de talha dourada, não tantas possuindo braços.


Tamborete Séc.XVIII

Nota-se uma preocupação com a higiene, aparecendo nos inventários «cadeiras de retrete» (com uma bacia de loiça, ou cobre dentro), «poltronas com bidé», «cadeiras de pentear» e «cadeiras de banho» (também com bacia incluída).

Entre os móveis de repouso, o mais sumptuoso é o chamado leito, coberto de tecidos e de brocados. O mais caro encontrado na pesquisa estava avaliado em 264$000 réis. Era de madeira pau-santo, «com imperial, colchas, cobertor e enxergão». Com uma soma destas, referem os documentos, podia comprar-se por exemplo, a «escrava preta por nome Quitéria Rosa, natural de Cabo Verde, de idade de 58 anos pouco mais ou menos, a “livraria” do marquês de Niza, quatro painéis pintados por Josefa de Óbidos, um par de serpentinas de dois lumes em prata, dois colchões de cama grande cheia de lã, um espadim em prata, um vestido de homem e um vestido de mulher americano.

Não foram encontrados quaisquer outros leitos em diferentes divisões das casas para além daquele que enobrecia a câmara principal. Os restantes quartos albergavam catres, cama mais modesta, «com pilares não totalmente levantados como os do leito».


Leito do Séc. XVII

Mas a verdade é que as casas portuguesas as camas não eram ainda um bem de primeira necessidade. Os colchões e enxergões faziam a vez. «mesmo na casa das elites», escreve Carlos Franco, «o número de camas era manifestamente baixo tendo em conta o número de residentes». E note-se que os residentes eram uma multidão. Em casa do marquês de Fronteira, por exemplo, eram mais de oitenta pessoas entre amos e criados e na do marquês de marialva haveria «cinquenta criados a postos». Dormiam oito a dez por divisão, «duas a duas, pretas, brancas ou mulatas, num colchão de lã com coberta».

É tal a falta de camas que a irmã do marquês de Pombal, «para dormir uma única noite na quinta do irmão, transportou a sua cama, a do marido, a da filha e a da sua criada».

William Beckford conta no seu Diário que depois de um arrastado jantar em casa do marquês de Marialva viu-se obrigado a pernoitar naquela casa e passou a noite num colchão cheio de pulgas que não lhe permitiu pregar olho.

Curioso e muito significativo no que diz respeito á importância dada ao mobiliário é o facto de nesta residência não se padecer propriamente de um estado depauperado. De acordo com um testemunho da marquesa de Alorna, igualmente citado por Carlos Franco, sentavam-se todos os dias à mesa do marquês de marialva dezenas de convivas e confeccionavam-se diariamente «trezentas rações distribuídas entre a plebe parasita da capital».

 Muito aparato, pouco conforto


Consola. Autor: Desconhecido. Local: Portugal. Data: 1720 -1740. Técnica: Talha dourada sobre madeira de castanho e tampo de mármore policromado.

Decorada com motivos de cariz vegetalista - festóes e folhas de acanto, que se entrelaçam com volutas e concheados. -  Museu Nacional Machado de Castro, MatrizNet.

Exposições: "Triomphe du Barroque" - Bruxelas Europália, 1991; "Triunfo do Barroco" -  Centro Cultural de Belém, 1992.

Os sinais de grandeza ficavam-se pelos tecidos que vestiam o mobiliário e o maior símbolo de riqueza encontrava-se na exposição de objectos oriundos de outras partes do mundo, testemunho da nossa grandiosidade ultramarina. Uma descrição das Memórias do marquês de Fronteira e Alorna sobre a casa dos condes de Resende dá-nos o retrato: «entrava-se na primeira sala, guarnecida de magníficos panos de arrás e de talhas da Índia, e, depois, para o gabinete onde estavam os Condes e que era dos mais elegantes da época. Os tremós e as bancas estavam cheios de preciosa louça do japão e da Índia e de muitas curiosidades do Brasil, onde o Conde tinha sido Vice-Rei.» E continua dizendo que o visitante «era surpreendido com a beleza da escada, de magnífica e elegante arquitectura, e com o grande número de creados que apareciam com velas acesas em castiçaes de prata». O tom ambiente, pormenoriza o historiador, era o do brilho destes objectos em contraste com os tons mais escuros das madeiras e com os dourados que «a cada dia iam encontrando mais espelhos para os reflectirem e exultarem».

 Para amantes de antiguidades

O mobiliário das elites de Lisboa na segunda metade do Século XVIII (Livros Horizonte, 168pp) é um estudo exaustivo das peças que se encontravam nas casas nobres da época, com desenhos demonstrativos. Descreve-nos o seu estado de conservação, o modelo, os materiais, as cores e as proveniências. Contadores, ventos, oratórios, cofres, mesas, leitos, catres, canapés, tamboretes, tremós, cómodas, baús, aparadores, cantoneiras, cabides ou molduras são aqui reinventariados e descritos ao pormenor, numa obra que não foi pensada para encher o olho a ninguém, pelo contrário, é antes precioso instrumento de trabalho para historiadores das artes decorativas e evidentemente, para qualquer antiquário, leiloeiro e comprador que não queira comprar gato por lebre, o que no caso quer dizer, por exemplo, pinho por mogno ou pau-santo. E para acrescentar mais uma peça á compreensão da nossa História.

 

Fonte: Revista Notícias Magazine, Mobiliário Paço dos Duques, Blog ComJeitoArte

Texto: Claúdia Moura

Fotos da Revista e da Net

sábado, 1 de abril de 2023

Dia das Mentiras

 Um de Abril: O dia de todos nós

(A mentira simbolizada no nariz de Pinóquio. )

Não há dados concretos sobre a origem do dia das mentiras, comemorado por muitos e achado sem graça por tantos outros. No entanto, o certo é que, sendo a mentira um acto praticado com alguma frequência, independentemente do seu grau de gravidade, podemos dizer que é comemorado um pouco por toda a parte e por toda a gente!

Há histórias e lendas que correm ao longo doa anos as várias gerações, mas segundo a maioria dos “historiadores” da “arte de mentir”, o 1 de Abril, como Dia das Mentiras parece estar ligado á sequencia da adopção do calendário gregoriano, em 1564. Até então, o início do ano era comemorado na semana entre 25 de março e 1 de Abril, coincidindo com o equinócio da Primavera. Nesta altura, o Rei Francês Charles IX adoptou o novo calendário, com início a 1 de Janeiro, mas muitas das pessoas, talvez por falta de conhecimento ou pelo seu conservadorismo, censuraram e ignoraram esta alteração. A estes, os adeptos do novo calendário achincalhavam, chamando-os de “tolos de Abril”, convidando-os para festas imaginárias no dia 1 de Abril e pregando-lhes várias partidas.

Hoje, independentemente da veracidade da história, o importante é que a tradição se estendeu a outras regiões europeias e mais tarde à América. Até a comunicação social já costuma incluir, entre as notícias autênticas, uma “mentirinha” para divertir os seus leitores, talvez com o intuito de testar a perspicácia e credulidade do público em geral.

(Na foto, o escritor norte-americano Mark Twain, que descreveu de forma satírica o Dia das Mentiras.)

O escritor norte-americano Mark Twain tem uma frase que talvez descreva o primeiro dia do mês de Abril - O Dia das Mentiras: “É o dia do ano em que nos lembramos daquilo que somos nos restantes 364 dias.”

O 1º de Abril em Portugal, fica marcado também por acontecimentos verídicos:

1876 – Aprovado em Portugal, O Código de Processo Civil.

1910 – Fundado o Sporting Clube Farense

1974 – Reunião de oficiais para a elaboração definitiva do programa de movimento que desencadeou as operações do 25 de Abril em Portugal.

1997 – Portugal assume, pela segunda vez, a presidência do Conselho de Segurança da ONU.

Fonte: Revista Flash

Texto: Flávio Furtado

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segunda-feira, 20 de março de 2023

Dia Mundial sem Carne

Muitas pessoas estão a mudar para um regime à base de vegetais. No dia Mundial sem Carne 20 de Março

Vantagens de não comer carne!

Uma alimentação vegetariana contém, geralmente, menos gorduras e mais fibras dietéticas, prevenindo alguns tipos de cancro, doenças cardio- vasculares, pressão arterial alta e diabetes. Se pensa que uma dieta sem carne, ou mesmo lacticínios, pode não ser segura, desengane-se! Existem produtos que podem ser excelentes alternativas a este alimento…

Tofu

É uma espécie de queijo de soja que, apesar de ter pouco sabor, absorve os sabores de outros alimentos e condimentos durante a confecção. Pode ser utilizado em sobremesas doces, como pudins, e também em pratos mais elaborados, como assados e estufados. O tofu é um alimento, rico em cálcio, proteínas e isoflavonas.

Seitan

É um alimento rico em proteínas, semelhante á carne em aspecto firme, textura e sabor.

Gelatina Agar-Agar

Rica em sais minerais, é feita a partir de algas marinhas vermelhas e o sabor é neutro. Pode ser usada como substituto do ovo.

Salsichas e Hambúrgueres vegetarianos

São produtos feitos a partir de soja ou de seitan, podem conter misturas de algas ou cogumelos. Podem ser usadas para comer no pão ou consumir em refeições principais, servidas com um acompanhamento. São excelentes alternativas às salsichas ou hambúrgueres de carne. Não possuem colesterol nem gorduras saturadas.

Soja

É um dos alimentos mais completos e versáteis que traz muitos benefícios para a saúde. É rica em proteínas, possui isoflavonas e ácidos gordos insaturados q e que têm acção na prevenção de doenças crónico-degenerativas e cardiovasculares. Também é uma excelente fonte de minerais.

Fonte: Revista Maria

Texto/autor: Dr. Custódio César, nutricionista.

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domingo, 12 de março de 2023

Gengibre

 Gengibre – Poderosa raiz

Apesar do seu aspecto pouco apetitoso, o gengibre conquistou um espaço importante nas várias cozinhas orientais pelo seu sabor especial e inúmeras qualidades terapêuticas. O seu clube de apreciadores é extenso e não se admire se lhe disser que até a NASA se rendeu aos seus poderes curativos. Para ajudar os astronautas a controlar as náuseas e enjoos provocados pelas viagens com gravidade zero, esta raiz de odor cítrico e sabor picante tornou-se um aliado valioso com resultados surpreendentes. Mas as suas propriedades não se esgotam aqui. Aprecie as qualidades desta especiaria versátil que dá nome a um dos refrigerantes mais conhecidos do mundo: o ginger ale.

Bilhete de Identidade:

O nome oficial é Zinziber Officinale, mas é mais conhecido entre nós como gengibre. Existe há mais de três mil anos e é natural do Sudeste Asiático, embora o país exacto de origem seja uma incógnita. Adoptado no Ocidente pelos romanos atingiu o seu auge na Idade Média, altura e que o seu consumo se tornou tão comum como o da pimenta. O gengibre era apreciado não só pelo seu uso culinário, mas essencialmente pelas suas propriedades medicinais. Nessa época, tal era a popularidade desse alimento naturalmente rico em magnésio, cálcio, fósforo e potássio, que se atribuiu a sua origem misteriosa ao Jardim do Éden.

Fórmula Natural:

O gengibre ganhou reputação como poderoso antioxidante, anti-inflamatório e fungicida. Os benefícios da utilização desta especiaria não se resumem á prevenção das náuseas e enjoos e o seu uso é recomendado na convalescença de estados gripais, no controlo das dores menstruais, no auxílio da digestão e em dietas de emagrecimento. O gengibre é, também, frequentemente mencionado como um dos mais antigos afrodisíacos. Ao auxiliar a circulação sanguínea, aumenta e prolonga a função eréctil, para além de desempenhar um papel importante no combate da fadiga sexual. Esta é sem dúvida, mais uma excelente razão para o adicionar ao seu menu.

Livro de Receitas:

Pode consumir o gengibre fresco, moído, cristalizado, em conserva ou em pedaços de raiz secos. Quando é fresco pode ser ralado ou cortado em fatias finas e adicionado a sopas, molhos e doces para intensificar o seu sabor. Acredita-se ainda que o chá feito com gengibre fresco ralado tem um efeito anti-séptico e expectorante, qua ajuda no tratamento das gripes e constipações. Em pó pode ser acrescentado a bolos, doces, frutos secos e biscoitos. Deve ser consumido em pequenas quantidades, não excedendo as dez gramas por pessoa. Na hora de escolher o gengibre, procure o mais jovem e opte pelas raízes pequenas e menos enrugadas. As mais novas são consideradas as melhores e as que detêm um sabor mais delicado. Para o guardar basta envolve-lo num saco de papel e coloca-lo no frigorífico onde se conservará por algumas semanas. As sugestões estão dadas. Agora resta-lhe apenas experimentar esta raiz verdadeiramente multifacetada.

 

Fonte: Revista Saber Mais

Texto: Autor: Paula Nascimento

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quarta-feira, 1 de março de 2023

A Universidade chegou a Portugal no dia 1 de Março de 1290

 Liberdade para estudar há 733 anos.

A universidade portuguesa é uma das mais antigas do mundo. Num documento com o selo de D. Dinis, datado de 1 de Março de 1290, o rei anuncia ter decidido ordenar a criação, em Lisboa, de um Estudo Geral – em honra de Deus, da Virgem maria e de S. Vicente (padroeiro da cidade) – com “cópia de doutores em todas as artes e robustecida com muitos privilégios”, garantindo ainda a protecção dos estudantes.

Cinco meses depois, a 9 de Agosto, o Papa Nicolau IV confirmou a fundação da Universidade pela bula De statu regni Portugaliae, lembrando que alguns prelados, abades de Cister, priores das Ordens de santo Agostinho e de S. Bento e reitores de algumas igrejas seculares tinham prometido pagar, das suas rendas o salário dos mestres. Na mesma bula, o Papa aprovava o ensino das “faculdades lícitas”, com excepção de Teologia (cujo estudo ficava reservada aos frades dominicanos e franciscanos; só mais tarde integrou a Universidade): artes (incluindo a Gramática, a Lógica e a Filosofia Natural, antepassada das ciências), Direito Canónico, Direito Cívil e Medicina.

A Universidade ficou instalada em Lisboa, perto de S. Vicente de Fora, onde ainda hoje fica a Rua das Escolas Gerais. Em 1308, D. Dinis decide transferir o Estudo Geral para Coimbra, atribuindo-lhe o Paço Real da Alcáçova. Ali se mantém até 1338 quando foi de novo transferida para Lisboa, mas por pouco tempo: em 1354 voltou a Coimbra, regressando à capital em1377, onde ficou quase dois séculos. Em 1537, já no reinado de D. João III, foi instalada definitivamente em Coimbra, dominada pela torre do sino que gerações de estudantes conheceram como “a cabra”.

Os primeiros estatutos da universidade, Magna charta privilegiorum, datam ainda do reinado de D. Dinis, em 1309. Em 1431, o Infante D. Henrique, então protector da Universidade, atribuiu novos estatutos, no mesmo ano em que fez uma doação de casas, em Lisboa, para instalar as aulas de Geometria, Astronomia, Aritmética e Música.

O título de protector passou a pertencer a rei a partir de D. Manuel I, que, em 1503, outorgou novos estatutos. Em 1513 foi criada a cátedra de Astrologia – que incluía o ensino de matemática e da Astronomia. Foi como professor dessas matérias que se distinguiu Pedro Nunes, já depois da transferência definitiva para Coimbra.

Em 1559, o cardeal D. Henrique, em nome de D. Sebastião, fundou a Universidade de Évora. Dirigida pelos jesuítas, foi extinta exactamente 200 anos depois, em 1759, quando o Marquês de Pombal expulsou de Portugal a Companhia de Jesus. Também em 1559 entraram em vigor novos estatutos em Coimbra, que viriam a ser alterados em 1591, por Filipe I.

Nos séculos XVII e XVIII, a Universidade entrou num período de decadência. Enquanto na europa se vivia a revolução científica das experiências e dos laboratórios Coimbra entrincheirava-se em defesa da Física aristotélica e repudiava as descobertas de Descartes e Newton. Luís António Verney, em O verdadeiro Método de Estudar, publicado em 1746, denunciava o atraso e dava o exemplo da Faculdade de Medicina, onde a anatomia humana era aprendida em carneiros. É tambémVerney quem, perante o panorama da educação em Portugal, desabafa: “É lástima que homens que passaram tantos anos nas escolas não saibam escrever uma carta!” A situação só mudou com a reforma radical da universidade imposta pelo Marquês de Pombal e pelo reitor-reformador D. Francisco de Lemas, em 1772.

Datam dessa altura o laboratório Químico, o Jardim Botânico, o gabinete de física e o Observatório Astronómico, que colocaram Coimbra na vanguarda da ciência experimental europeia. No século XIX a universidade afastou-se do espírito da reforma pombalina e voltou a fechar-se sobre si própria. Em 1911, a Républica acabou com o monopólio de Coimbra e criou as Universidades de Lisboa e do Porto.

(Universidade de Coimbra)

O Fundador D. Dinis

O primeiro Rei de Portugal que foi mais governante do que guerreiro – passou á História como “o Lavrador” -, D. Dinis (1261-1336), “nacionalizou” as ordens religiosas e salvou os templários portugueses ao criar a Ordem de Cristo. Desenvolveu a agricultura e prometeu o povoamento. Além de ter fundado a universidade, protegeu a cultura, tendo sido ele próprio poeta. Foi durante o seu reinado que os documentos oficiais passaram a ser escritos em português.

Fonte: Revista Notícias Sábado

Texto/autor: João Ferreira

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domingo, 12 de fevereiro de 2023

Wangari Maathai

Wangari Maathai (1940-2011)

Uma mulher e 40 milhões de árvores

Lutou pelo ambiente, democracia e direitos das mulheres. Foi a primeira africana a receber o Nobel da Paz.

Na manhã de 8 de Outubro de 2004, o embaixador do Quénia na Noruega telefonou a Wangari Maathai e pediu-lhe para ficar atenta a uma chamada que haveria de receber de Oslo, da parte de um alto representante do parlamento norueguês, a quem cabe o direito de atribuir anualmente o Prémio Nobel da Paz. A senhora Maathai iria transformar-se numa celebridade, vendo reconhecida a missão a que se propôs quando, ainda jovem, regressou ao Quénia depois de se ter doutorado numa universidade norte-americana.

A Academia Nobel nem sequer precisou de muitas palavras para explicar ao Mundo porque premiava aquela mulher queniana: “Wangari Maathai está na vanguarda do combate por um desenvolvimento ecológico que seja social, económico e culturalmente viável no Quénia e em África”.

Wangari Maathai nasceu numa aldeia do Quénia, os seus pais eram agricultores que puderam proporcionar-lhe uma educação. Excelente aluna, foi admitida na escola de uma missão católica, aprendeu a falar fluentemente inglês, converteu-se ao catolicismo e mudou o seu nome para Marie Joséphine.

Ao abrigo de um programa norte-americano de bolsas de estudo para estudantes africanos, doutorou-se em Biologia pela Universidade de Pittsburgh completou os seus estudos na Universidade de Munique. Quando regressou a casa, deixou o nome de Marie Joséphine para trás, reassumiu a sua identidade queniana, a par de lutas várias e com custos para o regime opressivo do seu país, lembrou-se de fundar, em 1977, uma organização a que chamou Movimento Green Belt. O seu projecto era promover a biodiversidade, criar emprego para as mulheres e responder aos efeitos nefastos e visíveis das alterações climáticas com a plantação massiva de árvores. O Movimento Green Belt foi assim responsável pela plantação de mais de 40 milhões de árvores no Quénia, na Tanzânia, no Uganda e no Lesoto.

Wangari Maathai foi também uma notável combatente contra a corrupção em África. Em 2006, entrevistada pela Antena1, em Nova Iorque, a senhora Maathai explicou o seu pensamento e a sua acção: “Os países ricos vão continuar a recusar ajuda aos pobres enquanto os governos dos países pobres não respeitarem compromissos nem evidenciarem transparência e eficiência na sua acção. E é contra isto que luto e lutarei”.

Com Obama, em 2006, quando ainda era um senador à procura de entrar na corrida presidencial, Barack Obama visitou o Quénia e, ao lado de Wangari Maathai, plantou uma árvore no Uhura Park, em Nairobi. Curiosamente, o pai de Obama beneficiou do mesmo programa de bolsas de estudo que permitiu a Maathai estudar nos Estados Unidos.

“Altruísta e determinada, a senhora Maathai foi uma campeã do combate pelo meio ambiente e do combate pela paz e pela prosperidade em África”.

Kofi Annan – ex-secretário-geral da ONU.

 

Texto: Autor: Leonor Pinhão

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