quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Pasteur


 Luís Pasteur, filho dum surrador de couros, discípulo dilecto do insigne químico João Baptista Dumas, em cujo laboratório se apurou a sua genial perspicácia, teve uma suprema ambição, que lhe deu glória e a admiração do Mundo – a luta da ciência em vencer a morte. Nenhum sábio moderno se pode comparar a Pasteur, que foi grande, imensamente grande, até na modéstia: quando, na casinha humilde onde nascera, foi colocada lápida comemorativa de tão excelsa data, ele, sem conseguir reter as lágrimas, exclamou comovidamente: «Ó meu pai e minha mãe, meus queridos ausentes, que vivestes aqui, longe de todas as vaidades, é a vós que tudo devo quanto hoje sou»!
Nunca ninguém se apegou tanto ao valor da experiência que esse iminentíssimo director do laboratório da Rua Ulm: baniu do campo científico a crença na inspiração, para substituir para método experimental, que sempre conduz às mais belas e úteis descobertas. Pasteur praticou o método experimental com maravilhosa habilidade e penetração. Diante de um fenómeno já estudado por outros, sujeitava-o à sua portentosa crítica experimental, e tendo cuidado punha em seus estudos que conseguia eliminar, a pouco e pouco, o erro, para, vitoriosamente, encontrar a verdade, em todo o seu esplendor apoteótico. Como ele se encantava diante das retortas e do microscópio, em busca do mistério que envolve a origem e restauração da vida! Foi ele, em audácias de génio, que soube descobrir o vasto mundo dos micróbios, mundo novo, onde o mal existia num inimigo infinitamente pequeno, e a sua doutrina surge nos preceitos seguintes: os fenómenos da vida devem-se ao trabalho de agentes biológicos; estes agentes são os infinitamente pequenos, que se encontram em todos os organismos; eles mesmo contêm em si o remédio aos males que possam causar. Assim num autêntico milagre cientifico , Pasteur cria a microbiologia, o primeiro passo dado no combate contra a Morte, sombra tétrica que aflige a Humanidade inteira.


Estuda o vírus carbunculoso e descobre o poder da imunidade da vacina correspondente. Trava discussão com os veterinários de Turim, e, depois de lhes mostrar o motivo porque se frustraram as experiências, ei-lo, corajosamente, ante da prova realizada em Pouilly-le-Fort, num rebanho de cinquenta carneiros. Fica vencedor, e a gloria pertence à França, a essa França que ele tanto ama, e as homenagens, logo prestadas ao seu saber e admirável sagacidade, quase o intimidam, como o hino nacional tocado em sua honra, no famoso congresso internacional de Medicina, em Londres, hino que ele supõe ser executado para anunciar a presença do Príncipe de Gales.
As descobertas deste sábio apresentam-se tão extraordinárias que abrangem a Medicina, a Veterinária, a Agricultura e as Indústrias. A França deve-lhe tudo: é o processo de conservar os vinhos; a maneira de evitar a doença nos bichos-da-seda, para produzirem casulos bons; o melhor fabrico de cerveja; a cura da cólera das galinhas, pela vacinação.


Torna-se quase divino quando enfrenta, heroicamente, a luta contra a hidrofobia, ensaiando a inoculação da saliva dos cães raivosos em coelhos sãos! Estamos a vê-lo, com o tubo de vidro na boca, inclinado sobre um cão, sugando, sem receio da morte, a perigosíssima saliva! Dramática experiência a do soro anti-rábico, numa criança alsaciana, que,  ao fim de trinta e um dias, se encontra curada!
Pasteur merece as palavras seguintes, que um notável médico-escritor, em 1895, escreveu como preito de admiração: «Bendito seja este Moisés da Ciência! Glória àquele que trabalhou denodadamente para diminuir o padecimento sobre a Terra»!

Fonte: Almanaque Diário de Notícias (1954)
Texto/ Autor: Desconhecido
Foto da Net
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quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Fruta com casca

As vantagens de comer fruta com casca


Os produtos oriundos da agricultura biológica estão na moda no mundo ocidental e em Portugal, embora não ao ritmo de outros países europeus, há um crescente interesse por parte dos consumidores. As frutas são um dos principais vectores desse crescimento, respeitando a sazonalidade, não recorrendo a pesticidas, apresentando um sabor muito mais intenso e agradável.
José Carlos Ferreira, vice-presidente da Agrobio, adianta uma das principais vantagens para a saúde do consumo de fruta biológica. “Na pêra, por exemplo, a casca tem 40 vezes mais antioxidantes do que a polpa e quatro vezes mais vitamina C. Mas muitos nutricionistas aconselham a comer a fruta descascada porque sabem que é na casca que se concentram os pesticidas. Ora, na agricultura biológica isso não acontece. Pode-se comer à vontade uma pêra com casca”. No entanto, apesar de parecerem inquestionáveis as vantagens para a saúde e para o ambiente dos produtos biológicos, os seus preços elevados, quando comparados com os “convencionais”, são ainda um factor que inibe o consumo. O mesmo responsável considera que essa diferença de preços tem vindo a atenuar-se e a tendência vai nesse sentido. “À medida que aumentar o consumo, aumenta o número de produtores e a sua oferta. Logo, os custos de produção e transporte vão ser menores”. Aliás, já quase toda a grande distribuição os inclui e há mesmo “ilhas” de certos produtores em hipers. Mas ele sublinha que os preços, dadas as características da produção biológica, deverão ser sempre um pouco superiores. “Temos também que pagar os custos de ter uma empresa que nos certifica. É o princípio do pagador-poluidor, mas ao contrário”, diz.

Pêssego – o inimigo do estômago


Um pêssego médio (100g) contém 33 calorias e vitaminas A, B1, B2, C e D, sendo uma excelente fonte de potássio. Conhecido como laxativo e diurético, é muito bem tolerado pelo estômago graças à sua acidez média. Também é aconselhado em casos de reumatismo, obesidade, úlceras e afecções pulmonares. Se não estiver bem maduro, guarde-o. À temperatura ambiente, numa só camada, mas atenção porque, se estiver “tocado” deteriora-se rapidamente. Por isso, examine-o bem na hora de comprar. Em boas condições, aguenta bem uns três ou quatro dias fora do frigorífico. Pode também ser congelado, mas convém retirar o caroço.

Melancia – para os rins e a sede


Uma talhada (200g) de melancia contém 62 calorias, mais vitamina C, alguns carotenóides e potássio. É muito aconselhada para os rins devido á sua acção depurativa e desintoxicante. Certos autores salientam que o seu sumo limpa os tecidos e o sangue e também a recomendam em caso de bronquite e catarros pulmonares. Muito refrescante, sabe especialmente bem no verão, para matar a sede. Apesar de gostarmos dela fresca, temos de ter cuidado porque temperaturas inferiores a 10ºC podem danificá-la, mas entre os 13ºC e os 16ºC conserva-se por duas semanas. É facilmente transformada em sumo e em gelados.

Figo – o reconstituinte


Não tendo quase vitamina C, o figo é rico em vitaminas do grupo B, bem como em ferro e cobre. Durante séculos, recomendaram-no para a cura do cancro, mas parece certo ser aconselhável para tonificar os pulmões, para casos de obstipação e para libertar o sangue de impurezas. É há muito tempo visto como reconstituinte do organismo, para recuperar a energia e vitalidade. Deve-se comprar figos já maduros, porque contém um látex cáustico que só desaparece com a maturação completa. Mas atenção porque são muito frágeis e rapidamente se deterioram fora do frigorífico. Prestam-se a um sem número de utilizações culinárias.

Ameixa – Laxativa e nutritiva


Uma ameixa média contém 20 calorias e é boa fonte de vitaminas A e C. Rica em açúcares naturais, apresenta bons minerais como magnésio, cálcio, ferro, cobalto, manganésio, fósforo, enxofre, potássio e sódio. É assim uma fruta extremamente nutritiva. São conhecidas as suas propriedades laxativas, sobretudo quando consumida logo pela manhã, em jejum, ao acordar. Mas também favorece a função dos rins e é diurética, podendo ser benéfica para a tosse, artrite, reumatismo, gota e intoxicações alimentares. Deve ser consumida bem madura, mas como é muito perecível, é melhor guardá-la no frigorífico, onde poderá aguentar uma semana.

Melão – sozinho e de manhã


Uma talhada de melão (100g) tem 24 calorias, sendo muito rico em caroteno (uma forma percursora da vitamina A) e apresentando um importante teor de vitamina C. É das poucas frutas frescas que não tem potássio, mas contém brómio e SOD (superóxido dismutase) que desempenha um papel antioxidante na luta contra os radicais livres que provocam o cancro. Laxativo e diurético, refrescante, é também bom para hepáticos. Ao contrário do que muita gente faz, recomendam comê-lo sozinho, de preferência logo de manhã. Tem de haver algum cuidado com o seu consumo excessivo, já que pode ser indigesto. Aguanta bem uma semana no frigorífico ou em local fresco.

Pêra – boa para quase tudo


Uma pêra média (150g) contém 60 calorias, sendo rica em vitaminas A, B e C, bem como em açúcar, apesar de permitida a diabéticos, e em minerais alcalinos. Boa fonte de fibras, previne o cancro de cólon e diminui o mau colesterol. São inúmeros os problemas de saúde que ajuda a combater: hipertensão arterial, obstipação, reumatismo, artritismo, gota, astenia, anemia, edema nos doentes cardíacos e renais e muitos mais. Quando cozinhada, além de manter várias propriedades, ainda ganha outras, podendo, por exemplo, ao ser cozida em pouca água, ser adequada a quem sofre de enxaquecas. É das frutas que melhor se conservam no frio.

Fonte: Jornal Diário de Notícias
Texto/Autor: Desconhecido
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terça-feira, 8 de novembro de 2016

Argentina – Ushuaia

A derradeira cidade da Argentina

Cidade de Ushuaia

Deixei El Calafate e segui para sul até à cidade mais austral do Planeta – Cidade de Ushuaia. Entalada entre os montes Marciais, a cidade estende-se pela encosta da montanha frente ao canal Beagle. No horizonte estão as últimas ilhas chilenas e ao fundo começa o Oceano Glaciar Antártico. Por lá ficaram os últimos Índios Yaghan, convivendo entre emigrantes ingleses e o povo argentino. O que resta é natureza e silêncio.
A caminho do melhor hotel da cidade, o meu guia, prazenteiro, de olhos rasgados e cabelo hirsuto, não deve ter com toda a certeza sangue índio, diz-me que foi Fernão de Magalhães quem primeiro cruzou aquelas paragens. “Sim, foi ele mesmo quem provou que a ligação entre o Atlântico e o Pacífico era possível através do longuíssimo e estreito canal, a qual viria mais tarde a ser baptizado com o seu nome.” Respondi-lhe que sabia e que estava contente por ele mo contar.
O las Hayas Resort Hotel, belíssimo, fica suspenso a meio da encosta, com vista sobre a cidade. Foi de lá que assisti ao mais raro pôr-do-sol da minha vida. O factor atmosférico não me permitiu dar largas ao programa que tinha delineado e tive de me contentar com alternativas que me souberam a pouco.
Cai uma chuva miudinha à medida que passeio pela cidade para conhecer os lugares de maior destaque e reparo nos telhados coloridos e nas casas de chapa ondulada, pintadas de tons garridos contrastantes. Desde logo me apercebo do clima pitoresco da pequena cidade de Ushuaia. 

Avenida Maipu

Visto o curioso Museu do Fim do Mundo, em plena Avenida Maipu, que reúne objectos descobertos ao longo dos tempos e que narram histórias da Terra do Fogo. Mais tarde, uma volta pela zona comercial na Calle San Martin mostra-me artigos de artesanato que fazem as minhas delícias.

Calle San Martin

Às 14.30 horas embarco para uma excursão através do canal Beagle. O mar revolto e negro, as nuvens violetas e um nevoeiro intenso, que pouco ou nada me deixa observar, acabam por estragar o tão desejado passeio. Pinguins, poucos, lobos-marinhos, alguns, e outros tantos animais cuja oportunidade de ver e fotografar era aquela, a única. Desiludida, regresso, gelada, ao hotel, acompanhada por um temporal.
No dia seguinte dou um passeio no Tren del Fin del Mundo em direcção ao Parque Nacional Terra do Fogo, percorrendo devagar uma paisagem soberba. Apesar de tudo, sempre estava a passear no mítico comboio. O mais austral do mundo!

Tren del Fin del Mundo - Parque Nacional Terra do Fogo

O Parque Nacional é um esplendor. Rodeado pelas montanhas chilenas e argentinas, com mais de 63 mil hectares praticamente inexplorados, sou conduzida por entre bosques até Ensenada e Lagoa Negra e por último levam-me à escura Baía Lapataia. 

Ensenada e Lagoa Negra

É precisamente ali que a cordilheira dos Andes mergulha no mar e acaba o continente. É o fim do território argentino e da célebre estrada nacional nº3, com mais de 3600 quilómetros.

Mirante Baia Lapataia

E porque gosto de celebrar despedidas com uma boa refeição, qual não é o meu espanto quando me dizem que em Ushuaia se encontra um dos melhores restaurantes do Mundo. Não posso perder esta oportunidade. O Kaupé é um restaurante muito particular. O chefe e gentil proprietário apresenta-me um cardápio de difícil escolha. Foi isso mesmo, um festim e um regalo para o olhar.
Muitas foram as razões que me levaram a conhecer este lugar mítico. Parece um sítio inventado, irreal. Agora sei porque lhe chamam “as terras do fim do mundo”.

Fonte: Revista Caras / Viagens
Texto /Autor: Maria da Assunção Avillez
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segunda-feira, 7 de novembro de 2016

A Longa História do Turbante


A quem associaria o turbante? A Carmem Miranda? Ao islão? A um tuaregue? Provavelmente, escolheria uma destas três opções, embora ninguém se bata por ele como os Sikhs mais devotos. Na cidade de Amritsar, no Punjab indiano, a capital espiritual dos sikhs, já se celebra inclusive o Dia Mundial Do Turbante.
O 13 de Abril é um dia grande para o turbante. E faz sentido: os homens da religião sikhs, e também algumas mulheres, foram proibidos de cortar o cabelo pelo seu 10º líder espiritual, mais conhecido por Guru Gobind Singh, em 1699. Desde então o turbante (ou dastar), usado para esconder o cabelo, ganhou um valor transcendental. Simboliza, entre outros conceitos, honra, amor-próprio, espiritualidade, coragem, piedade.


Metade dos 23 milhões de sikhs ainda usam diariamente o dastar, mas os jovens começam a deixá-lo. Os  sikhs mais novos dizem que oito metros de pano são demasiado pesados para jogar críquete, já para não falar do sonho de se parecerem com as estrelas de Bollywood, que usam cabelos ao vento. Também há argumentos menos pessoais: países como a França proíbem símbolos religiosos nas escolas; os turbantes impedem a utilização de capacetes e geram contra tempos com a segurança nos aeroportos; e há conotações com os talibãs e o território islâmico.


Em matéria de turbantes, há um antes e um depois do 11 de Setembro. Nessa semana de 2001, Amrik Singh Chawla foi espancado numa estação de metro dos Estados Unidos, enquanto lhe chamavam terrorista e o ameaçavam de morte, só porque usava um dastar.
Muito antes, em 31 de Outubro de 1984, o mundo pôde perceber até que ponto  um sikh está disposto a vingar a sua honra. Dessa vez, a vítima foi a primeira –ministra indiana Indira Gandhi, assassinada por dois dos seus guarda-costas de origem sikh, num acto de vingança depois da operação Estrela Azul (as tropas tentaram erradicar a comunidade sikh do templo do Ouro de Amritsar, acabando por matar muitos civis).
Mas nem todas as notícias relacionadas com o dastar são negativas. No Reino Unido, por exemplo, investigadores estão a tentar criar um turbante à prova de bala, o que permitiria a  muitos sikhs servir nas Forças armadas. Outra iniciativa é o concurso bianual Mr. Singh Internacional – eleição dos turbantes sikh mais elegantes. Os panos vão-se  metamorfoseando á medida que o cabelo do dono vai crescendo. 
 
Retrato de Homem - Jan Van Eyck 1433

No festival pró-turbante acontece um pouco de tudo. Há protestos, competições, rezas e vigílias. O objectivo é sempre o mesmo, como apregoa Jaswinder Singh, líder do Akaal Purkh Ki Fauj, um movimento de turban pride (literalmente: orgulho turbante): “Convidamos todos os sikhs que abandonaram o turbante a voltar a ele.”
Entre os sikhs, todos os homens são baptizados com o apelido Singh (Leão); as mulheres são Kumari (princesas). Por isso o líder espiritual desta religião monoteísta, Singh Sahib Giani Gurbachan Singh Ji, adverte: “Um turbante grande pode dificultar o críquete, mas um sikh sem turbante é como um leão sem juba.”

Fonte: Revista Visão
Texto: João Lopes Marques
Foto da net
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domingo, 6 de novembro de 2016

Maquiavel


Viveu há 500 anos e o seu nome ainda é um sinónimo de cinismo, crueldade e falta de escrúpulos. Injustiça? Parece que era um marido carinhoso e um bom pai.

O ano de 1513 foi péssimo para Nicolau Maquiavel. Perdeu o emprego na segunda Chancelaria do Governo de Florença e foi obrigado a pagar uma multa de mil florins. O ditador Piero Soderini acabara de ser derrubado, regressando o poder às mãos da poderosa família dos Médici.
Acusado de conspiração contra os novos governantes, Maquiavel foi preso e torturado durante 22 dias e desterrado para a aldeia de Sant’Andrea.
O pensador queria voltar à política rapidamente. Sem possibilidades de sustentar a família, escreveu no desterro O Príncipe, para impressionar os novos líderes. O livro pretendia mostrar que só um governante forte podia unificar os fragmentados reinos italianos. O Príncipe entraria na história como um manual para atingir os fins sem olhar a meios, uma espécie de guia do político sem escrúpulos.
Maquiavel nunca mais voltaria à política até morrer em 1527.
Uma nova biografia, Machiavelli, escrita pelo historiador Milles J. Unger, afirma que o pensador italiano era extremoso para com os seus seis filhos (quatro rapazes e duas raparigas) e tratava a mulher, Marietta Corsini, como uma princesa. Tinha até uma veia romântica que passava para o papel em poesia e em peças de teatro.
Diz Unger na introdução: “O nome de Maquiavel transformou-se hoje num adjectivo que descreve um acto cínico ou a sede de poder sem consciência. Este estereótipo é errado e injusto.” O autor defende que a obra de Maquiavel foi mal interpretada. O florentino foi pioneiro na defesa de um governo independente da Igreja e expressou uma visão realista da brutal natureza humana. Talvez por isso mesmo, o Vaticano o excomungou e, no teatro, foi dezenas de vezes representado como o Diabo.
Mas uma Característica essencial está presente na biografia: a ambição que marcou toda a vida de Maquiavel. Unger descreve as suas origens humildes, a adolescência sem meios para estudar, os tempos livres, ocupados com leituras, prostitutas e jogo.
Com 29 anos, entrou para o governo e começou a integrar missões de diplomacia e espionagem da República de Florença, negociando com Luís XII, de França, com o Papa Alexandre VI e com o seu filho César Bórgia – sua inspiração para o Príncipe.

Fonte: Revista  Sábado
Texto/Autor: Tiago Carrasco
Foto da Net
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sábado, 5 de novembro de 2016

Elvas

Sabe qual é a cidade do Mundo com o maior conjunto de fortificações do tipo Baluarte?
É Elvas, na planície alentejana, com Badajoz à vista e, por via dessa vizinhança e das invasões castelhanas que por lá vinham, cedo transformada em praça-forte.
Pois esta singularidade foi recompensada pela UNESCO, que, de entre 33 candidatas, fez da cidade raiana portuguesa Património da Humanidade.
A região alentejana passou a contar com dois títulos de Património Mundial: o centro histórico de Évora e as fortificações de Elvas.
O orgulho dos elvenses é indisfarçável, já que de mero ponto de passagem a caminho de Espanha, a sua cidade se transformou em local de paragem quase obrigatória dos turistas nacionais e estrangeiros.

(A batalha aqui travada em Janeiro de 1659 teve importância fundamental na Guerra da Restauração.)


As poderosas defesas de Évora remontam ao reinado de D. Sancho II, no século XIII. Porém, o que lhes confere carácter único são as muralhas em estrela, construídas no século XVII segundo o estilo desenvolvido pelo engenheiro francês Vauban e que desempenharam papel inestimável durante a Guerra da Restauração, pela qual Portugal garantiu a sua Independência após 60 anos de união ibérica. Do monumental conjunto defensivo fazem ainda parte os Forte de Santa Luzia e da Graça e o Aqueduto da Amoreira.

Aqueduto da Amoreira

Forte de Santa Luzia

Forte da Graça 

A propósito: as famosas ameixas de Elvas serão os frutos deste nome, que inegavelmente existem na região, ou os projécteis disparados das fortificações sobre um inimigo condenado a não passar?...

Fonte: Revista Visão
Texto/Autor: Desconhecido
Foto da Net
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sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Tróia

A guerra e o cavalo de madeira


A lendária guerra de Tróia que, durante dez anos após aquela cidade da Ásia Menor às suas rivais da Grécia, começou quando Páris, filho do Rei de Tróia, raptou a bela Helena, mulher de Menelau, rei da cidade grega de Esparta. Durante nove anos a guerra arrastou-se com destruição e morte de ambos os lados, e até os deuses tomaram partido. Mas o conflito arrastava-se e nem quando Aquiles, o invencível guerreiro grego, matou Heitor – chefe militar dos troianos -, o conflito chegou ao fim. Aquiles era invulnerável porque a sua mãe o tinha mergulhado nas águas do Estige, um rio do Mundo Inferior. Como pegou na criança pelo calcanhar, esta zona ficou para sempre tão frágil como a de qualquer humano. Após a morte de Heitor, quando a paz já se anunciava, eis que Príamo, não querendo entregar Helena aos gregos, atirou uma seta envenenada que, acertando no calcanhar de Aquiles, lhe tirou a vida.


A guerra continuou, mais renhida que antes, e só viria a resolver-se quando Ulisses teve a ideia de simular uma retirada dos gregos durante a noite, deixando frente á porta principal de Tróia um enorme cavalo de madeira. Os troianos a princípio desconfiados, acabaram por levar o cavalo para dentro das muralhas, como recordação da sua vitória. Á noite festejaram com danças e vinho. Quando finalmente adormeceram, de dentro do cavalo saltaram 50 guerreiros gregos que depois de matarem os guardas, abriram as portas aos seus companheiros, que discretamente, tinham regressado.

Mortos ou aprisionados os troianos, a guerra  chegava ao fim, com o regresso de Helena a Esparta. Muitos dos chefes gregos, depois de tantos anos de ausência das suas terras, foram encontrar o lugar ocupado por outros.

Fonte: Revista Correio Da Manhã Domingo Magazine
Texto: Manuel Rosado
Foto da Net
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quinta-feira, 3 de novembro de 2016

René Magritte

A Caixa negra de Magritte

O pintor surrealista que transfigurava objectos quotidianos, tem uma nova casa. Um museu com o seu nome, em Bruxelas, com alguns quadros que nunca reconheceríamos como “magrittianos”. A casa de um homem é como a sua alma: diversa


A metáfora arquitectónica assenta como uma luva a René. O Museu Magritte, inaugurado em Junho de 2006, é um grande edifício de linhas clássicas e janelas quadradas, dispostas em fileiras obedientes, que, no interior, se transfigura radicalmente em caixa negra. Como um cara e coroa a três dimensões. Um L’Empire des Lumières em escala rebentada.
Recordam-se deste quadro? Mostra a paisagem serena de uma rua, com uma casa semioculta no arvoredo, um céu de dia claro, pintado em cima, em baixo as cores de uma noite iluminada, por um candeeiro público. Um enigma pictório que levanta a pergunta «é isto possível?» aos espectadores. A realidade do mundo é, afinal, a aceitação do mistério, patente em muitos trabalhos do pintor. 

L’Empire des Lumières

L’Empire des Lumières está declinado em duas versões, uma de 1954, outra de 1961, na exposição patente no Museu: um mundo dividido em cinco andares, onde se  abriga a maior colecção de pinturas de René François Ghislain Magritte, o belga nascido na cidade de Lessines, a 21 de Novembro de 1898. Surrealista discreto, capaz de grandes rasgos.
Esse é o verdadeiro truque de prestidigitação, não a fachada renovada do antigo hotel Altenloh, na Place Royale. Nem as imagens mais conhecidas do artista que defendia que a realidade não era algo em que se pudesse confiar. Magritte desenhou objectos de contornos realistas em cenários oníricos, desarrumados em paradoxos ou contradições. 


Ele é  o artista que pintou um célebre cachimbo com a legenda Ceci N’est Pas une Pipe («Isto não é um cachimbo»). Não era um cachimbo, porque não se podia fumar com ele, linguagem provocatória para recordar que a   representação  de um objecto nunca é o próprio objecto. 

La Durée Poignarde

Dele são também os quadros em que um comboio fumegante sai de uma vulgar chaminé (La Durée Poignarde) desenhada a partir da que se encontrava na sala de estar da sua casa. 

Black Magic, 1945

Ou aqueles em que o corpo nu de uma mulher se funde num céu de nuvens brancas (Black Magic, 1945). Ou ainda as imagens em que homens de chapéu de coco e sobretudo descem dos céus ou se apresentam de rosto ausente ou tapado por uma maçã. Cite-se o pintor belga para ajustar os binóculos que permitem entender este universo: «Ver é um acto.» Ainda que o próprio René, enquanto estudante de artes, tinha ido visitar o Museu Ufizzi, em Florença, lá permanecendo apenas meia hora entre obras-primas e explicando que era bom, mas que «os postais também funcionavam».

Visitações

É de outra ordem o jogo de ilusão provocado pela visita ao excelente Museu Magritte. Não sai nem de uma cartola de mágico nem de um qualquer chapéu de coco. Revela-se na surpresa de encontrar coisas novas num universo que se pensava já decifrado, repetido e esgotado em muitos postais. Há lugar para a ampla divulgação, por exemplo, da sua obra gráfica, quando trabalhou com o irmão antes de o sucesso chegar, cartazes publicitários ou ilustrações para partituras de música, de surpreendente eficácia. Ou para uma selecção de retratos dedicados a  patronos e amigos, mulheres loiras bizarramente sorridentes, mecenas que lembram sábios gregos. Há até a encomenda da companhia aérea Sabena, um óleo que mostra uma pomba a sobrevoar uma pista de aterragem, em L’Oiseaux de Ciel (1966).

L’Oiseaux de Ciel (1966

No espaço, pontuado por fotografias e citações nas paredes do próprio Magritte, o artista é-nos  dado num permanente jogo de revelações e ocultações. Em recantos inesperados, há manuscritos e filmes de época mostrando as brincadeiras domésticas com os amigos e a mulher, Georgette – fiel a todas as horas, de quem o museu mostra retratos da jovem lindíssima que era. Por ela, doente em Bruxelas num período difícil em que a guerra devastava a Europa, Magritte virá do Sul de França onde se refugiara, a primeira parte da viagem feita de bicicleta. 

Georgette 

Com medo e remorso. Há , aqui, quadros que contam essa história: arbustos de aves feridas e mochos vigilantes, como os povos mal tratados; ou a leveza do grande pássaro de nuvens a sobrevoar um ninho de Le Retour (1940).

Le Retour (1940

Há que andar entre andares organizados cronologicamente, e entre as esquinas desta caixa negra para ver estas obras, muitas delas que não se associaram à sua produção fortemente inspirada no quotidiano – nem que seja no dos sonhos deste rapazinho de família pobre, que aos 12 anos descobriria o corpo da mãe, fazedora de chapéus, que se suicidara. Sobe-se pelo elevador, cujos andares se vão revelando partes de um corpo: primeiro piso, uns pés. Depois, joelhos, um sexo feminino, uns seios, até chegar a  um rosto de mulher, última paragem, o topo do seu mundo. É esse o lugar onde decorrerão as exposições temporárias do espólio vasto: aqui está a produção integral das obras de Magritte, desde os anos académicos até ao último trabalho que deixou incompleto. O pintor seria primeiro influenciado pelo  construtivismo até ter uma epifania, em 1923, ao conhecer o trabalho de Georges de Chirico – talvez o primeiro pintor a abrir caminho para o território dos sonhos. É fácil de ver esse impacto no quadro L’Homme du Large (1927), uma silhueta sem rosto. 

L’Homme du Large 1927

Influenciado pelo cinema e pela literatura de Poe, Stevenson e Fantomas, passa pelo chamado Período Negro. Mas Magritte descobriu-se Magritte depois, com o manifesto surrealista proclamado em 1924 por André Breton. E nós descobrimos outro Magritte, ainda depois da ruptura com o escritor francês.

Experiências

Magritte fará a sua própria interpretação do pensamento sem travões morais do surrealismo, mesmo estando próximo do movimento: por exemplo, convidava o grupo para baptizar os seus quadros.

La page Blanche 

La page Blanche foi alterado por causa deles: a lua crescente passou a ser uma lua cheia pintada sobre os ramos das árvores, coisa impossível. A ruptura, brutal com o surrealismo, foi provocada também por aquilo a que alguns chamam o Período Renoir de Magritte: quadros próximos do universo impressionista, de cores vivas e traços arrastado de pincel, sóis que giram como os girassóis de Van Gogh, mulheres arco-íris que descansam na relva, árvores narigudas e fantasistas como fábulas infantis. A raiva causada pelo repúdio originou o que é, no museu, uma parede de grande impacto: convulsão de caricaturas e borrões de tinta em cores ácidas mas sem alegria, alinhada em cerca de 40 quadros, feita por Magritte em menos de 15 dias, e a que se chamou o Período Vache. A inspiração foi buscá-la a uma subversão dos comics, na altura uma produção bem-comportada. Magritte olha para  artistas cáusticos, expressionistas antes de tempo. No fim da parede, há um quadro com outro tom: La Part du Feu (1948), o que se tem de abandonar para atingir algo de maior. 

La Part du Feu 1948

Uma mulher estende um prato a um homem deitado numa cama com um candelabro aos pés, alusão a uma última refeição. É-nos dito que talvez Magritte queira representar o funeral do surrealismo que ele tanto amou.
René Magritte defendia que as suas pinturas eram concebidas «como so sinais físicos da liberdade de pensamento». 

Le Domaine d’Arnheim 1962

E é em nome dessa liberdade, que no fim da caixa negra, atordoados por tantos símbolos e imagens oníricas, esmagados por esse quadro imenso da montanha  em forma de águia de Le Domaine d’Arnheim (1962) e confrontados com a palavra «rêve» («sonho») numa edificação de pedra em L’art de La Conversation(1950), é-nos lembrado que a interpretação que verdadeiramente interessa, e lhes interessava, é a de que olha. A nossa.

L’art de La Conversation 1950


Fonte: Revista Visão
Texto: Silvia Souto Cunha
Fotos : Revista Visão / Net
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quarta-feira, 2 de novembro de 2016

As Mansões dos Famosos - 23

Estilistas preferem a Côte D’Azur

São mansões fabulosas na sua grandiosidade que pertencem a quatro afamados estilistas. São eles Donatella Versace, Giorgio Armani, Pierre Cardin e Karl Lagerfeld.

A Côte D’Azur ou Riviera francesa é dos sítios mais concorridos pelas gentes famosas de todo o mundo, atraídos, certamente, pelo luxo e pela proximidade do Mediterrâneo.
Localiza-se na região francesa de Provence, na fronteira com a Itália e fica numa das mais bonitas zonas de França. Seduzidos pelos seus encantos alguns estilistas construíram ou adquiriram fabulosas mansões nesta bela região.

Demos uma “espreitadela” na área e pela região encontramos quatro casas de cortar a respiração.


Donatella Versace não resistiu aos encantos da Côte D’Azur e construiu uma casa na afamada região francesa. Uma fantástica casa de férias, onde a estilista italiana passa as suas férias rodeada de amigos.


Também o criador Giorgio Armani elegeu a Côte d’Azur para ter a sua casa de Verão. Quase todos os anos, o designer italiano vai passar ali os seus dias de descanso.


É também na Riviera francesa que Pierre Cardin tem a sua casa Bolha, uma esplendorosa casa com vista para o Mediterrâneo que prima pela sua originalidade.


Karl Lagerfeld tem uma grandiosa mansão de férias junto ao Mediterrâneo. Sumptuosa como todas as outras criações do designer de moda.

Fonte: Revista Flash!
Fotos: Brainpix
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