domingo, 16 de outubro de 2016

Saltos Altos



São um símbolo de elegância, um fetiche sexual, uma tortura para os pés. Os saltos altos transformam uma Gata Borralheira numa Cinderela, uma Maria rapaz numa Mata Hari, uma secretária numa executiva. Elevam a estatura, o estatuto e sublinham a autoridade. Desafiam as leis da gravidade, os conselhos médicos e a sensatez das mulheres. São idolatrados por quem quer sentir-se sexy e odiados por quem nunca aprendeu a caminhar sobre eles.
Anita Ekberg pôs a cabeça dos homens a andar à roda quando ergueu um dos seus magníficos «salto agulha» para tomar um «sapato»de champanhe com Marcelo Mastroianni numa das cenas fellinianas mais emblemáticas em La Dolce Vita (1960). Elisabeth Taylor reconquista o marido (Paul Newman) com o sex appeal com que tira um par de sapatos de salto alto em Telhado de Zinco Quente (1958). O balançar de ancas de Marilyn Monroe em  Os Homens Preferem as loiras (1953) conseguido graças a  uns exclusivos sapatos vermelhos que viriam a render 42 mil dólares num leilão da Christie’s só conseguiram rival à altura com Kim Basinger em Nove Semanas e Meia (1986) nuns  inesquecíveis sapatos abertos… de salto.

A culpa é da Rainha


Claro que no século XVI Catarina de Médicis estaria muito longe de imaginar o furor que fariam quatrocentos anos depois os saltos com que resolveu elevar a sua baixa estatura para ir ao encontro do futuro marido, que ficaria para a história como Henrique II de França. Diz-se que foi esta rainha a verdadeira  introdutora dos saltos altos nas cortes europeias – ao que consta, no século XVIII a moda tinha pegado de tal maneira que os exageros na elevação obrigavam as damas a apoiar-se em bengalas, criados ou maridos para conseguirem andar em cima das plataformas que não dispensavam.


Mas os saltos nos sapatos não são, nem foram, um exclusivo feminino. A história dos objectos indica que nos séculos XV / XVI eram um acessório muito utilizado no meio militar, porque permitiam um encaixe perfeito nos estribos dos cavalos e ajudavam a um melhor controlo do galope. E para quem tem de exercer autoridade não há nada como estar  uns centímetros acima dos outros para se fazer respeitar. Nas cortes europeias do Renascimento, os saltos altos permitiam a distinção: acima da plebe e acima da lama dos caminhos.

Toda a vaidade é castigada


Se é lícito supor que os sapatos surgiram para proteger os pés, a verdade é que rapidamente (em termos históricos, claro) se tornaram símbolo da vaidade feminina. E o facto de as mulheres sofrerem estoicamente horas a fio em cima de uns afilados e altos sapatos para garantirem a elegância do seu pé encontra explicações nos arquétipos mais profundos do imaginário europeu. Que o diga a Gata Borralheira, transformada em princesa Cinderela pela herança genética que lhe permitiu enfiar o pé num delicado – e afilado – sapatinho de cristal de salto bem alto e assim ser recompensada pela abnegação com que aguentou anos de maus tractos pelas malvadas irmãs. E o politicamente correcto dos dias de hoje apagou das «histórias de encantar» a moral da história, o verdadeiro fim das duas manas más, que fizeram um pacto com o diabo para conseguirem calçar o sapato de cristal. Quem ainda não conseguiu um exemplar da história anterior à versão açucarada da Disney ficará a saber que a irmã mais velha levou o sapato para o quarto e tentou calça-lo em frente à mãe. Mas o seu pé grande e gordo não entrava de maneira nenhuma. A mãe deu-lhe uma machadinha e disse-lhe para cortar o dedo grande do pé: «quando fores rainha não precisarás de andar a pé.» A fila assim fez, enfiou o pé no sapato, mordeu os lábios para não gritar de dor e foi ter com o príncipe.
E claro, toda a vaidade é castigada e era para isso mesmo que serviam os «contos de fadas» Na triste história da menina dos sapatinhos vermelhos, a protagonista, que tanto desejava uns para poder dançar, acaba por também firmar um pacto com quem não deve e recebe os desejados sapatos. Começa a dançar e nunca mais para - «dançou pelos campos, dançou pelos prados, dançou à chuva, dançou ao sol, de dia e de noite e continuou sempre a dançar». Quando tentou tirar os seus lindos sapatinhos não conseguiu – estavam demasiado apertados. Rasgou as meias, mas nem assim conseguiu. Continuou sempre a dançar, atravessou florestas e bosques, dançou sobre silvas e espinhos que a arranharam até fazer sangue e acabou por aceitar a ajuda de um camponês, que lhe cortou os pés com os sapatinhos vermelhos – e mesmo assim estes continuaram a dançar, com os seus pés lá dentro, e a menina ficou a vê-los desaparecer, sempre a dançar, em direcção á negra floresta.

A marca da diferença


O que torna o pé o centro das atenções e dá ao salto um protagonismo inusitado é que a forma como assenta no chão é que vai ditar a sexualidade do corpo da mulher: quanto mais vertical for o salto, mais o peito se projecta para a frente. Quanto mais reduzida for a superfície de apoio do peso do corpo maior o ondular das ancas ao andar – lei da física de que Marilyn Monroe foi um perfeito exemplo.
Os saltos altos para as mulheres, estão de forma incontornável, associados a «ser sexy». O salto agulha é a marca diferencial de uma longa lista de actrizes tornadas objecto de desejo. E sabe-se que os saltos são muito apreciados por drag queens e actrizes porno, embora nas suas variantes de «plataforma» e sola espessa, e de preferência de verniz. E claro, objecto de culto nas gavetas escondidas de muitos fetichistas. Difícil é esquecer os Tacones Lejanos em que se empoleirou Miguel Bosé em Saltos Altos, de Pedro Almodóvar.
Para as mulheres do final do século XX, os saltos altos – e afiados – também surgem como símbolos da sua capacidade de se imporem perante os homens, sobretudo no mundo do trabalho. Porque as tornam mais altas – dez artificiais e psicológicos centímetros são suficientes para mudar a carreira de uma mulher – e lhes dão mais autoridade. Constatação passada para a tela por Hollywood no filme:  Uma Mulher de Sucesso (1988) em que a «secretária» Melanie Grifith substitui os seus inestimáveis ténis pelos elegantíssimos saltos agulha de Sigourney Weaver, «roubando-lhe» assim não só o lugar de executiva como também o bem sucedido e bonitão candidadato a namorado Harrison Ford.

Mulheres altas, homens pequenos


Mas não há bela sem senão, e esse acréscimo de altura que pode ser um trampolim profissional pode também significar a descida aos infernos numa relação amorosa. O imaginário cultural ocidental admite com dificuldade que num casal a mulher seja mais alta do que o homem. E mais do que imaginário é o homem que se sente mesmo mal com a sua (menor) altura. Não terá sido por acaso a malograda Princesa Diana optou por elegantes sapatos rasos depois do seu casamento com o herdeiro da coroa britânica. E foi ver Nicole Kidman abandonar as sabrinas e regressar aos saltos altos e finos depois de se divorciar de Tom Cruise. Para já não falar das recentes imagens da novíssima primeira-dama francesa, a modelo Carla Bruni (Sarkozy), que até mesmo de elegantíssimas sabrinas ultrapassa o marido nuns bons centímetros tornando a vida dos responsáveis pelo protocolo um autêntico pesadelo.
Mas se os saltos altos e afilados concorrem insdiscutivelmente para o aumento da auto-estima de uma mulher, os médicos garantem que também podem contribuir para lhe arruinar a saúde, a começar pelos pés, coluna, má postura. E há quem defenda que são também responsáveis pelo aparecimento de rugas prematuras, dores de cabeça e acessos de fúria devido ás dores que é preciso suportar quando se passa algumas horas em cima destas verdadeiras obras de arte.
Se há personagem que sacralizou os sapatos de salto alto foi Carrie, interpretada por Sarah Jessica Parker em O Sexo e a Cidade. A sua paixão por sapatos, especialmente os Manolo Blahnik e os Jimmy Choo, vai ao ponto de suplicar a um assaltante que lhe leve tudo o que tem, mas lhe deixe ficar  os «Manolo» que acabara de comprar por um bom preço numa sessão de saldos…

Manual de Utilização


Há regras de ouro para poder usar saltos altos. A primeira é aprender a andar em cima deles para que a candidata a sexy do ano não se transforme na desconjuntada da festa. Cinzia Felicetti, direrectora da edição italiana da revista Cosmopolitan, aconselha, no seu livro Absolutamente Glamourosas!, a que se use o salto agulha com saias justas, pelo joelho (no caso de saias muito curtas ou muito compridas é melhor não exagerar na altura do salto). Também são adequados os clássicos casual como calças de ganga/top de seda, ou com um vestido preto justo, estola de pele (imitação!) e brincos chandelier. Sugere que se reservem os sapatos de veludo ou de seda para a noite. Dourados e prateados, «que alternam nas passerelles de estação para estação», devem guardar-se para o verão: o dourado vai bem com o branco e o prateado com os tons pastel. As chinelas com saltos, que dão pelo afrancesado nomes de mule vão bem com corsários.
A jornalista italiana desaconselha o uso de saltos altos e finos a quem tiver de caminhar ou manter-se de pé por várias horas: «Lágrimas e sangue por um par de sapatos nunca vale a pena.» Mas como terapia para um dia desastroso sugere a frenética busca pelas lojas para encontrar o salto agulha perfeito. E cita George Bernard Shaw: «Se não se consegue adaptar aos saltos altos, procure pelo menos compensar com um chapéu muito elegante».

Fonte: Revista Notícias Magazine
Texto: Sofia Barrocas
Fotos da Net
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sábado, 15 de outubro de 2016

Defesas


“A listagem dos mecanismos de defesa de que fazemos uso para enfrentar a vida e viver todos os dias é extensa, complexa e por vezes pouco compreendida.”

As pessoas, tal como os outros animais, as máquinas e praticamente todos os sistemas que construímos e inventamos, têm defesas. Estas defesas são de diferentes níveis. Umas dirigem-se ao meio envolvente, quer dizer, aos recursos de que fazemos uso para modificar o que à volta nos incomoda ou agride. É por exemplo o caso de evitarmos ir a um sítio ou colocarmo-nos numa situação que antevemos nos provoque sarilhos ou desconforto.
Mas há também, e talvez mais importante, as defesas internas, quer dizer, os recursos psicológicos que ao longo da vida vamos acumulando no sentido de nos protegermos em relação àquilo que nos faz mal. Estas defesas não são as mesmas para toda a gente. Alguns de nós fazemos de conta que não vemos ou percebemos situações potencialmente críticas. Aquela coisa típica de o marido ser sempre o último a saber prefigura um mecanismo de defesa bem afinado, em que o que desejamos interfere de tal forma no que percepcionamos que nos torna selectivamente palermas.
Outros de nós chateamo-nos permanentemente ao lado, quer dizer, deslocamos a nossa agressividade para pessoas, objectos ou situações com sabemos e podemos lidar e passamos a vida em lutas de alecrim e manjerona quando a fonte do nosso mal-estar é outra, que não admitimos nem para nós próprios.
Vulgar, muito vulgar, é atribuirmos aos outros os nossos próprios sentimentos, sentirmo-nos frustrados e dizermos que vivemos num círculo de gente frustrada, sentirmos inveja de alguém e acharmos de pedra e cal, que é esse outro que nos inveja a nós por razões que sistematizamos e apresentamos depois de forma lógica e estruturada.
A listagem dos mecanismos de defesa de que fazemos uso para enfrentar a vida e viver todos os dias é extensa complexa e s vezes pouco compreendida, sobretudo porque algumas dessas defesas se vão transformando em verdadeiros empecilhos, que, em vez de nos protegerem dos eventuais ataques à nossa integridade psicológica, se instalam como vírus num sistema operativo, a inventar ataques que não existem. De facto, verifica-se com uma frequência surpreendente que muitas pessoas não precisam de inimigos. Elas sozinhas, sem ajudas nem estímulos, encarregam-se de se boicotar. Assumem que não podem, não sabem, não são capazes. Assumem que têm medo, que irão perder o amor de alguém muito significativo se fizerem isto ou aquilo. Acreditam que o destino, as fadas ou os astros exigem delas atitudes e comportamentos especiais, de que ninguém se lembraria. Vivem ensombrados por regras, que elas próprias inventaram, por expectativas irrealistas, por fantasmas que os outros não conhecem.
As razões por que as defesas se tornam em resistências, quer dizr, os motivos por que os mecanismos que temos disponíveis para lidar com os problemas se transformam, eles próprios, em problemas, também são múltiplas e complicadas por agora, sublinhe-se apenas a responsabilidade que temos em ir actualizando o que somos, em ir pensando o que nos acontece, em dar nome ás coisas que sentimos.
(Pode ser que um dia se inventem antivírus humanos, que procedam automaticamente á actualização das defesas.)

Fonte: Revista Caras
Texto/Autor: Isabel Leal (Professora  de Psicologia)
Foto da Net
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sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Soares dos Reis

As duas únicas estátuas que Soares dos reis esculpiu em granito

Retrato de Soares dos Reis por Marques de Oliveira

No alto da rua que o célebre Corregedor Almada e Mendonça abriu e tem o seu nome, ligando a «baixa» com o campo de Santo Ordeo, foi construída, no último quartel do século passado, a Capela do Divino Coração de Jesus, réplica da famosa «Sainte Chapelle» de Paris.

É do melhor granito de S. Gens e mandou-a edificar o abastado capitalista José Joaquim Guimarães Pestana da Silva, engenheiro e figura de grande relevo e destaque nos meios portuenses.
Tanto pelas linhas, conjunto arquitectónico e ornamental, como pelas preciosidades que a valorizam, interior e exteriormente, é um monumento digno de alto espírito do seu fundador e das melhores jóias do tesouro artístico da capital do norte.
É que na Capela do Divino Coração de Jesus, mais conhecida pela Capela dos Pestanas, encontram-se numerosos trabalhos do mais desventurado e genial artista português – Soares dos Reis -, que modelou e esculpiu no granito, ao jeito gótico, as estátuas de S. José e S. Joaquim; os ornatos do interior e do exterior; os pináculos, rosetões e mísulas, os doceis, as platibandas, etc.


A cerimónia do lançamento da primeira pedra realizou-se em fins de 1878, gastando-se na sua construção a avultadíssima soma de 22 mil libras.
«A frontaria é preenchida a meio por uma torre saliente e amparada nos cunhais, até à altura da nave, por gigantes decrescentes, de três secções, providos de cornijas. Rasgam-na interiormente arcos ogivais, um em cada face, de duas arquivoltas emolduradas, o que lhe permite servir de átrio ou alpendre, coberto com abóbada, nervada, uma rosácea em trevo, quadrilobulada e cingida por uma orla de miosótis soltos de oito pétalas, em alto-relevo, cujo vivo cerra um vitral, sobrepujando o arco da frente, á qual correspondem nos outros parâmetros seteiras vazadas.
«No andar superior, onde se guardam os sinos, alinham-se, em cada lado, janelas gémeas e ogivadas, mui esguias, de dois toros emoldurados e com os vivos ocultos com rótulas; nos ângulos das arestas chanfradas erguem-se colunelos, os quais rematam acima da cornija, pináculos apainelados e cogulados nas esquinas.
«Cada empena tem a decorá-la um sóbrio florão. Constitui a cobertura da torre um alto carochéu em flecha, vazado com duas séries de trilóbulos, no vértice do qual se firma a cruz de ferro à altura de 20 metros. Aos lados da fachada é que, em mísulas, estão as duas estátuas de S. José e S. Joaquim, as únicas que Soares dos Reis esculpiu em granito».


Esta é a descrição sucinta que um arqueólogo e crítico de arte faz do exterior da Capela do Divino Coração de Jesus, dando também conta das opiniões discordes de escritores ilustres sobre as estátuas de S. José e S. Joaquim. Fortunato de Almeida apontou-lhe o defeito de serem muito humanas e Teixeira Gomes classificou-as de obras de falsa ingenuidade. O Professor Joaquim de Vasconcelos elogiou-as sem restrições, sendo aplaudido pela maioria dos críticos e amadores de arte.
O interior da capela é muito gracioso e a luz coada através dos vitrais dá místico encanto ao ambiente. Nas paredes e nas abóbadas foram pintadas primorosas imitações de tapeçarias. Uma grade de bronze separa a nave do altar-mor, também de bronze, dividido em sete nichos de fundo esmaltado, ao gosto bizantino, sendo a base decorada com blocos de cristal. O sacrário, lâmpadas e lampadários são góticos e de bronze dourado e foram executados em Gand, sob desenhos do barão de Béltume.

Interior da Capela dos Pestanas

A Capela está ligada ao Palácio dos Pestanas por uma «passerelle» coberta de vidro, que bastante lhe prejudica a elegância e beleza. Se se encontrasse no meio de um jardim, em ponto elevado, ofereceria aos olhos dos amadores de arte, motivo de surpreendente efeito, ressaltando em toda a plenitude as suas linhas admiráveis.

Fonte: Almanaque Diário de Notícias (1954)
Texto/Autor: Desconhecido
Fotos da Net
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quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Como se orientavam os primeiros navegantes?


As aves possuem um maravilhoso instinto de orientação que está vedado à espécie humana. O homem não saberia orientar-se se, carecendo dos aparelhos que para isso se têm inventado, o situássemos numa planície deserta ou na imensidade dos mares, onde não encontrasse um ponto de referência.


Sabemos que, com o auxílio da agulha náutica, cruza o marinheiro os mares duma para outra parte do globo com precisão matemática; que também serve a bússola para determinar o caminho conveniente se pretendêssemos atravessar os imensos areais dos desertos do Sahara ou da Arábia. Mas tão úteis instrumentos, ainda que date o seu uso de era remotíssima, não existiam, sem dúvida, na época das primeiras navegações. Se isso foi assim como se orientariam no mar os primeiros aventureiros que se atreveram a sulcá-lo?

Primeiras navegações


Segundo o testemunho assente dos historiadores, foram os fenícios os primeiros navegantes: povo eminentemente produtor e comerciante, não é de estranhar que, impelido pela necessidade de expansão, surgissem dele os iniciadores da navegação, que, anos mais tarde, devia unir entre si os povos e confundi-los numa comum civilização.
Naquela época isto representava uma proeza que só podia ser levada a cabo pelos povos superiores. O perigo não estava só nos temporais que nos aterram ainda hoje, navegando nas modernas moles transatlânticas, tôdas solidez, luxo e confôrto; nem nos furacões que faziam naufragar facilmente as frágeis canoas, mas também em que os perigos mais terríveis nasciam na imaginação daquelas gentes como fruto das superstições religiosas da época. Segundo aqueles seres, as águas do mar, que por isso eram amargas, achavam-se coalhadas de sereias, ninfas, tritões e demais monstros aquáticos, que devoravam sem compaixão o ser humano que se atrevesse  a profanar, penetrando no seu elemento, o segrêdo das suas impúdicas leviandades. De bôca em bôca, contadas e acreditadas cegamente, divulgavam-se tôdas estas lendas tenebrosas…
Os primeiros navegantes transferiam-se, por isso, de um para outro país, ao amparo das costas, que não se atreviam a abandonar por temor do misterioso influxo das fascinantes nereidas.
Os pontos de referência que iam descobrindo, os acidentes das costas, os montes elevados, a variada vegetação, o desaguamento dos rios eram conhecimentos preciosos que se gravavam em sua mente para as próximas expedições e, assim, em cada viagem, navegavam com mais segurança, devido à acumulação de dados obtidos em anteriores expedições.

Sempre mais longe…



Dêste modo, foi decorrendo o tempo, sem que experimentassem a necessidade de inventar melhores meios de orientação.
Mas esta necessidade surgiu por fim: já não bastavam aos fenícios as costas do Mediterrâneo para as suas expedições. Mais que o desejo de expansão, o afã aventureiro levou aquelas gentes muito longe, mais longe de onde lhes parecia que terminava o Mundo. Existem dados históricos de navegações efectuadas pelos fenícios até ao Golfo da Guiné. Ainda que não saibamos a forma em que tais viagens se realizaram, poderia supôr-se que as fizessem sem perder de vista a costa. Mas contra essa  suposição está o facto de que, numa navegação longa como aquela, o embate dos ventos e das ondas e correntes marinhas do Atlântico dominariam as frágeis embarcações e a vontade férrea daqueles titãs.
E, uma vez internados num mar sem limites, rodeados de um imenso círculo de água que, além nos longes, se confunde com o céu, como se arranjariam para voltar às costas perdidas de vista?...
Aqueles homens, à falta de uma cultura que não podiam possuir, tinham engenho e talento naturais. Não poderia assegurar-se, entretanto que os fenícios, na sua viagem à Guiné, tivessem usado o simples sistema que vai expôr-se para averiguarem de que lado estava a terra; mas, estando enraizado o processo entre os primeiros navegantes, que nas suas incursões chegaram até aos países do Norte da Europa, muito posteriores aos fenícios, nada aventurado resulta o juízo, atendendo a que a origem do sistema pode atribuir-se a um episódio bíblico: aquele em que Noé, quando o diluvio universal tinha submergido o Mundo, lançou da sua arca uma pomba para que explorasse o estado do tempo…

Aves de exploração


Imitando Noé, aqueles primitivos navegantes, que desconheciam ainda as vantagens da agulha magnética, embarcavam corvos e, quando a incerteza de encontrarem a terra que tinham abandonado os embargava; soltavam um e observavam a direcção que empreendia. Se não regressava, podia deduzir-se que, seguindo o caminho do corvo, encontrariam terra em tempo relativamente curto. Outros corvos rectificavam ou ratificavam a direcção que seguiam, e já não cessavam de lança-los até que chegavam finalmente à vista de terra firme.
Reconhecido o terreno, observavam, mediante a direcção dos raios solares, a sua situação com respeito ao ponto da sua partida; examinavam detidamente, para que ficassem gravadas em sua mente, as irregularidades das costas e adquiriam, enfim, conhecimentos geográficos práticos, muito benéficos para o feliz êxito das posteriores excursões às mesmas paragens.
Entregues os fenícios à navegação, foi-lhes preciso, para poderem praticá-la com relativa segurança, adquirir, em Astronomia, Geometria e Matemáticas, conhecimentos superiores aos que possuíam  os demais povos.

A Bússola

Naquele tempo era o Império Chinês o que possuía uma cultura mais sólida e uma maior civilização.
Tinham os chineses realizado importantes inventos, que não se generalizavam, por um lado, pelas dificuldades de comunicação entre os povos, por outro, pela grande aversão que os chineses sentiam pelos naturais dos outros países. Conheciam êles, de longa data, a propriedade do íman e, quando conheceram a sua polaridade, tiraram disso inúmeras e úteis consequências.
Há historiadores que afirmam que os povos do Oriente, nas suas viagens marítimas através do Oceano Índico, durante os primeiros séculos da era cristã, já usavam bússola. E Destres comenta que, dez séculos antes de J.C., para caminharem pelas áridas terras da Tartária, se orientavam por meio de uma balança magnética que «semelhava uma figura humana, um dos braços indicando constantemente o sul».
Não obstante, datam do século XII as primeiras notícias que da existência dêste aparelho têm os povos do Oriente. Parece incrível que, sendo a bússola conhecida de recuados tempos pelos orientais, tardasse tantos séculos em propagar-se aos outros povos.

Caminho aberto!


A primeira bússola empregada pelos povos do Ocidente foi uma agulha magnetizada, a que davam o nome de «Pedra Marinheira» e era usada pelos navegantes do Mediterrâneo. A agulha flutuava num recipiente de água sôbre um pedacito de cortiça, indicando sempre o mesmo ponto do horizonte, e era igual á que usavam os navegantes do mar da Síria.
Mais tarde, no século XIII, um napolitano chamado Flavio Gioja, que efectuou frequentes viagens pela Arménia e pelo Japão, viu a aplicação que na Ásia davam à propriedade do íman e aperfeiçoou notavelmente a bússola. Por isso algumas vezes o navegante napolitano é apontado como inventor de tão importante instrumento.

Fonte: Revista Ver e Crer nº3 (Julho 1945)
Autor: Desconhecido
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quarta-feira, 12 de outubro de 2016

As Mansões dos famosos - 22

Pamela Anderson 


Tem quatro quartos, quatro casas de banho, sete lareiras e acesso fácil à praia.
Esta casa de Malibu, num estilo muito agrado das estrelas de Hollywood, é uma cópia de um Castelo Francês e esta avaliada em seis milhões de euros. É aqui que Pamela Anderson vai passar o Verão. Perguntarão os leitores: por que razão terá ela alugado esta mansão se já tem uma pequena cabana na mesma zona? Simplesmente porque já tinha entregue a dita para aluguer enquanto arrendava uma outra casa de praia a poucos quilómetros…
Confuso? Imagine então que a actriz que já foi seguramente a loira mais famosa do Planeta, é agora assistente de Hans Klok, um mágico que dá espectáculos em Las Vegas.

Fonte: Revista Nova Gente
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terça-feira, 11 de outubro de 2016

Não eram demónios

Não eram demónios, apenas alucinações


Quando os gregos praticavam os ritos de Eleusis em honra da Deusa Demeter e da sua filha Perséfone, bebiam uma poção chamada ‘kykeon’ que os induzia a estados de êxtase e que, por conseguinte, os levava a ter alicinações. Hoje, crê-se que a substância responsável por estas viagens imaginárias era o claviceps purpúrea, um fungo que parasita os cereais (principalmente o centeio). Possuidores de alcalóides, que têm como núcleo o ácido lisérgico, não só fazem a pessoa ‘flipar’ como intoxicam, e muito, o organismo humano. O seu efeito produz gangrena nos dedos, nariz e orelhas. Provoca também ataques epilépticos e asfixia. Em abundância, pode até causar a morte.
Até ao século XVII foram muitos os que comeram pão contaminado e que juraram a pés juntos ver demónios. É o caso de Santo António quando andava de eremita. Daí que o mal fosse conhecido por fogo de Santo António. Os antonianos consagraram-se suas vítimas e encomendaram o quadro que ilustra esta peça de Brueghel. O resultado é simplesmente alucinante.

Fonte: Revista Domingo
Foto da revista
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segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Raul Dufy


No dia 23 de Março de 1953 as artes Plásticas perderam um dos seus cultivadores mais apaixonados – o pintor Raul Dufy.
Em 1952, na Bienal de Veneza – onde lhe reservaram uma sala no Pavilhão francês -, obteve o grande prémio da pintura internacional. Repórteres procuram-no para entrevistas – encontram-no a pintar uma procissão na Praça de S. Marcos.
No Verão de 1952, em Genebra, tem uma última alegria ao ver a exposição retrospectiva organizada pelo Museu desta cidade.
Já não assistiu à inauguração da bela exposição do Museu de Arte de Paris – que até hoje nunca consagrara tão grande certame a um só pintor. O catálogo desta exposição – prefaciado por Jean Cassou e anotado por Benard Dorival – assinalava mais de 260 obras.


Com setenta e cinco anos Dufy demonstrou sempre, com clareza e serenidade, o seu bom humor e a sua agudeza de observação.
Gravador, pintor, ceramista, cartazista, decorador de teatro, de tecidos e tapeçarias, em tudo demonstrou talento.
Jamais se poderá olvidar o gravador das madeiras do Bestiaire, de Apollinaire; ou o gravador dos cobres de La Belle Enfant. É inegável que se lhe deve a ressurreição da gravura no livro de luxo.
As cerâmicas decorativas dos jardins-miniaturas de Artigas são duma enorme graciosidade.
Em pleno período 1910/25, em que as Artes Plásticas sofrem forte influência do «ballet» russo, da exposição de Artes decorativas de Munique, do Salão de Outono (Paris, 1910) e sobretudo das criações do costureiro Paulo Poiret, em 1920 Dufy torna-se um inovador da impressão de tecidos – O Caçador é simplesmente admirável.
As tapeçarias O Sena, O Oise,e o Marne dão-nos outra bela faceta deste homem elegante e levemente trocista.
Além de tudo isto executa a maior pintura mural feita nos últimos séculos – a decoração para o Pavilhão da Electricidade da Exposição Parisiense de 1937. Nestes magníficos painéis – que fazem a história da electricidade – estão expressos todos os dotes deste pintor: a profunda fantasia, a imaginação apoiada na realidade e a riqueza infinita da sua cor.


Esta última qualidade, a cor da sua paleta, creio bem que se filia no facto do seu nascimento no Havre. Foi a busca da cor, feita sem a menor nota de pessimismo, com um ar de simplicidade, que levou certos apressados a considera-lo um petit-maitre, foi essa busca que o levou a ser impressionista aos 21 anos, fauvista na maturidade, estudante apaixonado dos processos de Cezanne e admirador profundo de Van Gogh.
Os azuis, os verdes-amarelados, os vermelhos e os negros dos seus quadros hão-de ajudar a romper uns restos de falso academicismo porventura ainda existente.

Fonte: Almanaque Diário de Notícias (1954)
Texto/Autor: Joaquim Navarro
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domingo, 9 de outubro de 2016

Grécia


Uma viagem cultural
Aliar o descanso à descoberta do passado é sinónimo de optar por uns dias de férias num país onde a cultura e as raízes passadas sempre falaram e continuam a falar por si mesmas.

Foi a anfitriã de um dos maiores encontros mundiais, ou seja dos Jogos Olímpicos, mas a Grécia tem, na sua natureza, muitas e diversas atracções turísticas. Na verdade, este é um país bastante procurado, tanto pela sua beleza como pela grandiosidade e sumptuosidade dos seus patrimónios centenários e afamados além-fronteiras. Se quer reunir a tranquilidade à ânsia de descoberta, a Grécia é um destino a ser considerado.

Um passado com história


De acordo com os historiadores, a Grécia antiga construiu uma civilização que, ainda hoje, continua a exercer o seu fascínio nos vários domínios do saber humano. Desde a ciência até à política, passando pela literatura, a filosofia, a arte, entre outros campos de interesse, a sua influência mantem-se intacta e vários são os turistas que procuram conhecer um pouco melhor os segredos de um país que está tipicamente ligado ao mistério e a um passado pautado de diversos testemunhos efémeros e eternos. Apesar de quase todas as cidades serem conhecidas pelas suas raízes históricas, Atenas parece ser, ainda hoje, o local mais procurado. Para além dos Mosteiros de Meterora, uma das curiosidades mais célebres da Grécia, os turistas poderão ainda admirar o centro religioso e monástico datado dos séculos XII ao XVII, constituindo-se como uma verdadeira obra de referência.

A Paixão pelos Deuses


Se há países que são conhecidos por serem católicos ou protestantes, esta é uma nação vista como puramente mitológica. Na verdade, falar da Grécia é falar da deusa Afrodite, da Atena ou mesmo do deus Dionísio e ninguém consegue dissociar a ideia da mitologia ao conhecimento mais profundo deste país. Quem visita os locais históricos depressa se vê a “penetrar” num mundo diferente onde descobrir é a premissa principal, ao mesmo tempo que nos deixamos levar pelo mistério de uma tradição singular e única.

O Povo


Para além dos monumentos tão populares, a Grécia é também conhecida pelo seu povo. Desde sempre os gregos se destacaram em variadíssimos temas, como por exemplo, na cultura, na escrita e na matemática. Quem não conhece as divagações de Sócrates ou então o tão falado Onassis, um empresário de renome, já falecido, mas em tempos portador de uma fortuna que, ainda hoje, é vista como a maior do mundo? Uma coisa é certa: quem visita este país não se dedica apenas ao descanso. Visitar a Grécia é aprofundar os nossos conhecimentos e, acima de tudo, aprender a gostar de uma cultura que, apesar de ser uma das mais antigas, continua a ser de referência e de eleição mundial.

Fonte: Revista Click In
Texto/Autor: Desconhecido
Fotos da Revista
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sábado, 8 de outubro de 2016

O Sushi

Japoneses e ocidentais estão a extinguir o atum azul, cuja carne é a base do sushi.
No Pacífico e no Índico já quase desapareceu.



Está a provocar a extinção de várias espécies de peixes. A pesca industrial já levou a que  12 tipos de tubarão ficassem comercialmente esgotados no Mar Mediterrâneo. No Mar do Norte, o fiel amigo, o bacalhau, praticamente desapareceu. E a próxima vítima, ao que parece, será o atum azul. A sua carne macia e muito apreciada – especialmente a da barriga – faz as delícias do Mundo inteiro, sob a forma de sushi e do seu “primo”, o sashimi.
A captura deste animal começou a duplicar regularmente durante a década de 1990, á medida que os pratos japoneses se tornavam populares na Europa (uma moda que chegou tarde a Portugal) e
Nos Estados Unidos da América. A actividade dotou-se de recursos tecnológicos poderosos – como sonares, aviões de reconhecimento e satélites – eliminando as hipóteses de fuga dos cardumes perseguidos.
No Mediterrâneo, há em vários países viveiros, para nde esta espécie é levada depois de pescada. Aí, ficam dentro de gaiolas, ou aquários, em processo de engorda. Quando atingem o peso ideal, são abatidos e comercializados. Claro que, com uma procura tão intensa, as populações não têm tempo para se renovar.


Cada exemplar nascido demora dez anos a ser capaz de procriar. Agora são capturados antes de conseguir fazê-lo. As duas principais zonas onde este ser cobiçado é apanhado são o Mediterrâneo e o Atlântico. Nas duas, as quantidades existentes hoje representam dez por cento das que havia na passada década de 1950. Nos oceanos Pacífico e Índico, os Japoneses capturaram-no com tal intensidade que se encontra semiextinto. Na Escandinávia, já não existe.
Mesmo nos viveiros que foram construídos no Ocidente, os stocks baixaram 25 por cento nos últimos dois anos.
Em Espanha, por exemplo, seis deles já foram encerrados.
Foi no ínicio dos anos 1960 que os nipónicos concluíram ser o atum azul um ingrediente inagualável na confecção do sushi. Mas só três décadas depois é que o consumo aumentou drasticamente.


Um estudo do Governo daquele país indica que a culpa foi do aumento do número de mulheres a trabalhar fora de casa e de pessoas a viver sozinhas. Os japoneses passaram a gastar menos 30 por cento com a alimentação no lar, ao passo que a compra de sushi em restaurantes de fast-food cresceu 30 por cento. Nos supermercados e lojas de conveniência a subida foi de 70 por cento.

Fonte: Revista Nova Gente
Texto: Rosana Zakabi/Revista Veja
Fotos da Net

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Tikashi Fukushima


Tikashi Fukushima nasceu em 1920 em Suma, Fukushima, no Japão. Trabalha na lavoura e como desenhador de aviões. Com 20 anos emigra para o Brasil, instalando-se no interior de São Paulo, em Lins, onde conhece Manabu Mabe. Começa a pintar. Seis anos depois muda-se para o Rio de Janeiro e estuda pintura com Tadashi Kaminagai. Regressando a São paulo, em 1949 casa-se com Ai Saito, abre uma oficina de molduras e forma o Grupo Guanabara, fazendo tertúlias com vários pintores, entre os quais Arcangelo Ianelli. Participa em diferentes iniciativas, como o Salão Paulista de Arte Moderna, tendo obtido vários galardões, entre os quais p Prémio Leirner na pintura, e figurado sete vezes na Bienal de São Paulo, desde o início, em 1951, até 1967. Foi eleito presidente da comissão do Salão de Artes Bunkyo, cargo que ocupou até 1999.


“ Composição em Vermelho e Azul”, óleo sobre tela (135,5cm x 65cm), executado em 1962.

Tikashi Fukushima é mais um dos pintores nipo-brasileiros que tem grande responsabilidade na afirmação da pintura abstracta no Brasil, talvez porque, no pensamento japonês, o abstracto é o concreto firmem relações dialécticas de proximidade e intensidade. Germinando no seio de uma comunidade que se fixa no Brasil na altura da Segunda Guerra Mundial, as linguagens abstractas permitem na sua padronização a liberdade individual expressa na cor, matéria e gestualidade, que marca formalmente a tela e se afirma no primeiro plano. A obra de Fukushima, inicialmente, nas décadas 40 e 50, centrada na pintura de paisagens com alguma referência pós-impressionista, a partir de 1957 evolui para um registo mais emocional e para uma linguagem claramente abstracta. Estruturada a partir de registos de grande carga dramática, que neste caso a enorme porção de vermelho acentua. A sua pintura é sobretudo uma exposição de sensações numa simbiose entre referências a estados de espírito subjectivos e paisagens atmosféricas ou eventos cósmicos.

Fonte: Revista Caras
Texto/Autor: Júlio Quaresma
Foto da Revista
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quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Tiróide

Tiróide ou Triplo Reaquecedor?


A tiróide produz e liberta para a circulação sanguínea as denominadas hormonas tiroideias, as tiroxinas T3 e T4, cuja função é a de obter diversos efeitos no metabolismo e desenvolvimento do corpo, por exemplo, para a utilização da gordura corporal, a temperatura basal, a frequência cardíaca, a pressão arterial, os estados de humor, a velocidade cerebral…
Para a tiróide funcionar bem, há que ter em conta que ela necessita de duas hormonas que são geradas noutros órgãos, a hipófise e o hipotálamo, que produzem, respectivamente, as hormonas TSH e TRH, e ainda que exista um bom equilíbrio da imunidade, pois muitas vezes a origem das doenças da tiróide é a falha na imunidade, ou seja, quando o organismo fabrica anticorpos (“defesas”) contra si próprio, neste caso contra a tiróide, resultando quase sempre em quistos e nódulos, para além dos erros na quantidade de tiroxinas fabricadas. Acontece por exemplo, na tiróide de Hashimoto, muito frequente em Portugal. Os problemas de tiróide são muito comuns, sendo mais frequentes nas mulheres do que nos homens, e traduzem-se em hipertiroidismo quando há excesso de hormonas tiroideias e hipotiroidismo quando há falta destas.
O hipertiroidismo, torna o organismo “acelerado”, sendo o mal estar evidente, podendo desenvolver: palpitações, transpiração excessiva, ansiedade, tremores, perda de peso, intolerância ao calor, queda de cabelo, fraqueza geral, exoftalmia…
Já o hipotiroidismo, causa uma “lentidão” no organismo, promovendo por exemplo, aumento de peso, fadiga física e mental, dores sem causa aparente, obstipação, etc.


A medicina chinesa, identificou os quadros clínicos de disfunção tiroideia há três mil anos, enquadrando a tiróide num órgão não material, que designa por Triplo Reaquecedor, tendo funções que incluem as da tiróide e as da imunidade; ao regula-lo, pela acupunctura e fitoterapia, equilibra a tiróide em particular e os metabolismos em geral, tratando com sucesso os hipo e os híper “tiroidismos”. Curiosamente pelo mesmo mecanismo estabiliza a imunidade, o que beneficia igualmente os que sofrem de tiróide por auto-anticorpos.

Fonte: Revista Nova Gente
Texto: Dr. Pedro Choy
Fotos da net
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