segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Lenços enamorados


Museu Alberto Sampaio 

«Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades.» O poeta Camões escreveu-o há séculos e o verso não deixa de ser uma afirmação pejada de contemporaneidade. O povo por seu turno, di-lo de forma mais seca: «A tradição já não é o que era.»
Não é, nem poderia ser, pois tudo o que fica pela tradição acaba por morrer. Por isso, recuperar e valorizar a tradição acrescentando-lhes elementos contemporâneos é o que está na base do projecto dos Lenços Enamorados, que teve ínicio em 2012 em Guimarães e que se prolongou até 2014.
Na génese do projecto liderado pela Câmara de Guimarães e pelo Museu Alberto Sampaio está  a revitalização  do Bordado de Guimarães através da antiga tradição minhota dos Lenços dos Namorados, que aqui ganhou outra denominação.
Nos dias que correm, a troca de presentes entre namorados é comum e quase sem significado, tendo-se mesmo instituído um dia dedicado ao namoro, precisamente o 14 de Fevereiro que amanhã se assinala.


 De conversados a namorados

Porém, há cerca de 155 anos, as coisas eram bastantes diferentes e nem sequer de namorados se falava. Os relacionamentos amorosos eram mais discretos e contidos e o que realmente acontecia eram conversas, daí que à época os namorados fossem designados por «conversados».
É então que surge a tradição dos Lenços dos Namorados, que resistiu até inícios do século XX, caindo em desuso com o advento da modernidade. Por altura da oficialização da relação, a rapariga oferecia um lenço bordado por si ao seu «conversado», que este passava a usar como sinal de compromisso.


«Os motivos bordados eram normalmente florais, integrando imagens relacionadas com o amor, com o coração ou as setas, para além de um poema. Há lenços muito trabalhados, mas também alguns muito simples, com um pequeno bordado num dos cantos e o resto liso», explica Maria José Meireles, investigadora do Museu Alberto Sampaio.
Esta é uma tradição que tem raízes no Minho, mas que se estende um pouco por todo o país.
Emprestar contemporaneidade à secular tradição é, segundo todos os intervenientes no projecto vimaranense, a única forma de esta sobreviver ao passar dos anos. Assim através da recriação desta tradição, na versão dos Lenços dos Namorados, relembra-se a história e preserva-se a arte de recamar de Guimarães.


«Só valorizamos o passado se o catapultarmos para o futuro», sustenta Francisca Abreu, vereadora da Cultura da autarquia de Guimarães, responsável por  A Oficina, entidade que há anos trabalha na recuperação e valorização do bordado de Guimarães.
«Quando começamos a trabalhar e a investigar o Bordado de Guimarães, pensámos que uma forma de o manter vivo era também trazê-lo para a contemporaneidade, deixando de fazer aquele lenço dos namorados a que estávamos habituados e que continha sempre erros de português», recorda Isabel Fernandes, directora do Museu Alberto Sampaio, prosseguindo: «Então, criámos os Lenços Enamorados, com poesia do melhor que temos na língua portuguesa e desenhos de artistas plásticos consagrados, a fim de serem trabalhados com o bordado de Guimarães.»



Dois por ano

A iniciativa entronca na criação de 14 lenços, numa evocação do dia 14 de Fevereiro, Dia dos Namorados. Inicialmente, o projecto tinha por objectivo a exibição dos 14 lenços num único acto, mas os responsáveis optaram pela  apresentação de dois lenços por ano, prolongando a iniciativa até 2014. Tentando revitalizar uma outra tradição vimaranense, os responsáveis decidiram que Dezembro era a altura ideal para promover a iniciativa, coincidindo com as festividades em honra de Santa Luzia, em que tradicionalmente as raparigas oferecem as «passarinhas» aos namorados e estes os «sardões» às pretendidas. Refira-se que sardões e passarinhas são um doce local feito de açúcar em forma dos pequenos répteis e aves.


«A tradição só se mantém se se for incorporando elementos novos, senão as pessoas não se identificam», assevera a vereadora vimaranense, justificando a escolha dos poetas e artistas plásticos que participaram no projecto, que já deu à estampa quatro Lenços Enamorados. Até ao momento assinaram trabalhos os poetas António Ramos Rosa e Casimiro de Brito (2008), Albano Martins e Fernando Guimarães (2009), e os artistas plásticos José de Guimarães e João Machado (2008) e, na última edição, Joana Vasconcelos e Helena Cardoso.
Para esta última, o convite foi uma honra e um orgulho, mas as restrições, que se prendem com as normas da tradição, cercearam-lhe a criatividade. «O que queria era fazer do Lenço Enamorado uma peça de escultura», começa por referir a também estilista, acrescentando: «Isso é que era um desafio… Com os mesmos bordados e a mesma tradição, que são as silvas e os poemas de amor, deviam deixar-nos sem normas…»


Para a criadora, «O tamanho do lenço foi restritivo, pois queria fazer uma coisa muito maior, com outra visualidade, e se calhar não era quadrado. Depois seria todo branco, porque Portugal, a nível de bordado, tem um lugar fantástico no Mundo. Poucos países bordam como nós, a branco».
«Para morrer não era necessário a morte. Bastava o teu corpo.» Foi sobre este poema de Albano Martins que Helena Cardoso trabalhou o seu lenço: «Segui as normas, fui buscar as silvas, que são o entrelaçar do amor, mas depois tive uma dificuldade, quando descobri que o poema era erótico.»
Já para a bordadeira Adélia Faria, que corporizou as ideias de Helena Cardoso, esta foi «uma experiência riquíssima». Para a bordadeira, que pela segunda vez trabalha com a estilista depois de bordar umas roupas para um desfile, este «foi um trabalho exigente, mas muito aliciante».

À jovem artista Joana Vasconcelos calhou o estimulante poema de Fernando Guimarães: «Podemos encontrar em tudo o que esperamos um fruto só que exista na direcção dos ramos.»


Por seu turno, a bordadeira Isabel Oliveira, responsável pela execução do lenço, não regateia encómios à iniciativa: «É um prazer enorme e este trabalho mais contemporâneo dá-nos mais gozo, tanto nesta colecção dos Lenços Enamorados que começamos em 2008, como também noutros trabalhos que nos encomendam.»

Renovar a tradição

Para a Investigadora Maria José Meireles, que actualmente desenvolve um profundo estudo sobre os têxteis da região, «a iniciativa dos Lenços Enamorados tenta não só recuperar a tradição, como o bordado de Guimarães, mas também estimular a criatividade, senão as coisas morrem. Se as coisas se mantêm imutáveis acabam por desaparecer».


Uma aliança de metal precioso, um peluche, um telemóvel ou outro qualquer gadget, sinal dos tempos do progresso tecnológico que se vivem, são as trocas mais frequentes entre enamorados, mas a tentativa de preservar uma tradição como a dos Lenços dos Namorados, mais ainda quando, como está a fazer a secular cidade de Guimarães, se lhe empresta o cunho da modernidade, é um trunfo para a riqueza de qualquer povo.
«Todas as tradições, de carácter poético ou plástico, devem ser sempre renovadas, porque há um espírito novo do tempo e as artes devem estar sempre vivas e a acompanhar as pessoas», sustenta Firmino Mendes, responsável pela escolha dos poetas para o projecto.



A Palavra aos poetas



Firmino Mendes, poeta vimaranense actualmente a viver em Lisboa, foi o escolhido para seleccionar os 14 criadores que emprestaram os seus «poemas de amor, não extensos e que, de preferência, fugissem ao esquema da quadra». Sem critérios específicos, Firmino Mendes escolheu poetas de língua portuguesa consagrados, sem qualquer distinção geográfica, mas que representassem a universalidade da língua de Fernando Pessoa. A lista integra os nomes de Agripina Costa Marques, Albano Martins, Ana Luísa Amaral, Ana Paula Tavares (Angola), António Ramos Rosa, Arménio Vieira (Cabo Verde), Carlos Poças Falcão, Casimiro de Brito, Fernando Guimarães, Firmino Mendes, Luís Carlos Patraquim (Moçambique), Manuel António Pina e Silva Chueire (Brasil). Para o poeta Fernando Guimarães, esta é uma forma de «comunicação estimulante, porque tende para o amor», deixando ainda uma palavra sobre a iniciativa: «Guimarães encontra nas linhas dos bordados as linhas que a ligam ao passado.» Amantes incorrigiveis, os poetas encontram nas palavras mais banais a beleza do amor e da eternidade, como fez, para um lenço em 2008, António Ramos Rosa: «Na tua luz eu descubro/O meu verdadeiro fundo/Se eu te perdesse a ti/Perderia o sol do mundo.»

Um fio que vem do Século XIX



O que hoje é conhecido como bordado de Guimarães tem raízes no século XIX e nasce da apropriação pelas mulheres do povo de uma arte até aí quase exclusiva das classes nobres e da burguesia. A origem reside no bordado a branco – que segundo a estilista e artista plástica Helena Cardoso é uma riqueza ímpar de Portugal – quando as lavradeiras sentiam necessidade de adornar o vestuário, especialmente o domingueiro, dando-lhe  magnificência e maior ostentação. «As mulheres do povo vão aproveitar os pontos mais volumosos desse bordado a branco e começam a bordar consoante a sua própria sensibilidade e sem regras», conta Maria José Meireles, investigadora do Museu Alberto Sampaio, de Guimarães, referindo que este não é um bordado muito cuidado, pois «elas enchiam quase o pano todo com ponto muito cheio, exuberante, volumoso, repetitivo e assimétrico». As lavradeiras passam a bordar as camisas dos maridos a branco e os coletes para elas, geralmente, a vermelho, apesar de usarem ainda outras cores.
Até aos nossos dias o bordado de Guimarães passou por diversas fases e não pode dizer-se que seja um bordado contínuo, que foi evoluindo – passou por várias épocas e da miscelânea dessas influências a tradições é que surge o bordado actual. Após a apropriação do bordado pelo povo, a chegada da industrialização, em finais do século XIX, leva a uma quebra de importância do bordado, «pois muitas das lavradeiras vão trabalhar para as fábricas», explica a investigadora. É nesta altura que as senhoras da cidade começam também a bordar, salvando o bordado da extinção. Com os linhos da industrialização surgem nas lojas os atoalhados e demais têxteis para o lar «com um bordado que mais tarde se começou a chamar de Guimarães», revela.
Com as lavradeiras nas fábricas, as empresas recorrem às casas de bordados da Lixa, que fazem um bordado ligeiramente diferente, ao mesmo tempo que algumas das lavradeiras mais velhas continuam a fazer o bordado de memória, sem grandes regras, como afinal ele tinha nascido e resistido ao tempo.


Já em plena época nacionalista do século XX, a Escola Francisco de Holanda passa a leccionar no curso de formação feminina a disciplina de Lavores, o que vai aperfeiçoar e normalizar o bordado de Guimarães. A espontaneidade e a enorme criatividade de que o bordado viveu até meados do século passado são, então, restringidas. E como alguns dos professores eram originários de Viana do Castelo, o bordado vimaranense sofre nova influência vizinha, desta feita do bordado feito na cidade da foz do Lima. É um período de fraco progresso do bordado de Guimarães, que finalmente tem regras definidas: monocromia, podendo utilizar-se apenas cinco cores (branco, vermelho, azul, preto e bege), 21 pontos definidos e feito com linha de algodão. Quanto a motivos, o bordado vimaranense nunca fez escola, sendo predominantes os motivos rurais e os geométricos feitos ao sabor da sensibilidade e saber de cada bordadeira.
Com a Revolução de 25 de Abril de 1974 e o advento da Liberdade e da igualdade entre os sexos, o bordado sofre nova quebra, uma vez que as mulheres rejeitam as aulas de lavores. Então, nos anos 1980, por altura da candidatura de Guimarães a Património da Humanidade, a Câmara promove cursos de artesanato, um dos quais de bordados. «As professoras são as antigas alunas da Escola Francisco de Holanda e o resultado é um bordado mais perfeito, fruto do amadurecimento de todas as influências que sofreram enquanto alunas», conta Maria José Meireles.


A nova vida do bordado de Guimarães, entretanto certificado pela autarquia, é assegurada por bordadeiras que passaram por esses cursos e que aplicam o bordado, já não tanto em atoalhados, mas em vestidos de cerimónias, como de noiva e de baile, e ainda noutras peças tradicionais e mais pequenas, como lenços, bomboneiras, naperons, marcadores de livros e suportes para utensílios de cozinha, entre muitas outras.
Hoje, Isabel Oliveira, maria Conceição Pereira e Adélia Faria são as três bordadeiras que alimentam a loja d’A Oficina, estrutura criada pela Câmara para divulgar as artes tradicionais de Guimarães, e que continuam a bordar um fio que vem desde o século XIX e que tenta ganhar nova vida.

Fonte: Revista Notícias Magazine 14 /02/2010
Texto/Autor: Pedro Vasco Oliveira
Fotos da net
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domingo, 12 de fevereiro de 2017

Lisboa – O grande Terramoto

Palácio Duques de Aveiro

Diz-se que o povo da cidade saía da missa de Todos-os-Santos quando a terra tremeu. O maremoto e o incêndio aumentaram a tragédia. 

Pintura antes do Terramoto de 1755

O que fez o Marquês de Pombal? Mandou enterrar os mortos e tratar os feridos. Esta frase é um clássico dos manuais da escola primária sobre História de Portugal, uma expressão impressionante para qualquer criança. As imagens de destruição completavam o quadro. Era a história do Terramoto de 1755, o maior abalo sísmico de que há registo.
Nessa manhã de 1 de Novembro, Lisboa perdeu dez mil dos 250 mil habitantes que tinha na época e teve de socorrer um número de pessoas muito superior a este. 

Terreiro do Paço antes do Terramoto

Segundo textos de então, eram 9 horas e 35 minutos quando se ouviu um “estrondo subterrâneo” e a terra começou a tremer; primeiro com lentidão, depois num crescendo de intensidade e de violência. O abalo durou vários minutos – cada autor mede o tempo de forma diferente – e deixou a cidade antiga desfeita em ruínas. Logo a seguir três ondas gigantes – “três grandes serras de água”, conta um autor - entraram pela barra do Tejo e inundaram as zonas mais baixas da cidade. O fluxo e o refluxo das águas atingiu tal dimensão que se via “o centro” do rio,” nunca de vista humana investigado”. Pelo menos duas réplicas do sismo, de menor intensidade, foram ainda sentidas nessa manhã.

Painel de azulejos com a Praça do Rossio antes do Terramoto

À destruição causada pela terra e pela água, juntaram-se os efeitos do “desatino” dos outros dois elementos – o fogo e o ar. Muitos edifícios foram devastados, nos dias a seguir, por um incêndio incontrolável, agravado por ventos fortíssimos.

Ilustração (fantasiosa) do Terramoto de Lisboa

Pode imaginar-se o pânico e o sofrimento dos lisboetas de então. Mas a destruição da cidade, vista à distância de mais de dois séculos, pode ser considerada providencial. Lisboa tinha atingido um ponto de saturação, com a população a aumentar rapidamente – em 1729 os habitantes eram apenas 200 mil – e dificilmente se criaram condições para criar infra-estruturas adequadas a uma cidade medieval de ruas estreitas e tortuosas.
O reinado de D. João V, com os seus inúmeros e grandiosos projectos, terminara cinco anos antes. D. José ordenou em 1752 a construção de uma grande e luxuosa sala de espectáculos – o Teatro da Ópera ou a Ópera do Tejo, a cujo palco subiu, em 2 de Abril, a ópera Allessandro nell’India. O Terramoto deitou por terra este edifício.

Paço Real, OTerreiro do Paço em 1650, meados do séc.XVIII. Óleo sobre tela de Dirk Stoop, patente no Museu da Cidade, em Lisboa

A verdade é que a cidade contava com um forte grupo de arquitectos entre os quais se destacam os grandes nomes da reconstrução: Eugénio dos Santos, o militar que definiu a estratégia, Manuel da Maia, já idoso, e Carlos Mardel, entre outros.

Parte da destruição causada pelo Terramoto e fogo

Foi o Marquês de Pombal quem assumiu com rapidez e eficácia o controlo da reconstrução, integrada numa estratégia de poder que lhe permitiu governar durante 20 anos. Como apontava Siza Vieira, no arranque da construção do Chiado depois do incêndio de 1989, os arquitectos de Lisboa pombalina dependiam do Marquês e nunca tiveram mais do que uma delegação de poderes.

Convento do Carmo em ruínas

As dificuldades burocráticas em que ficou preso o Gabinete do Chiado- no âmbito da Câmara Municipal de Lisboa – foi um entrave à rapidez dos trabalhos. Não se vivia um tempo de poder absoluto e os direitos dos proprietários não podiam ser atropelados. Basta dizer que só o caso do edifício dos Grandes Armazéns do Chiado demoraram nove anos a ter uma solução legal.

Depois Desenho do Terreiro do Paço, atribuido a Carlos Mardel, já com a estátua de D. José ao centro.

Três edifícios ficaram ainda por reconstruir, mas os projectos ficaram prontos a arrancar. Um deles é, tantos anos depois, uma vítima do Terramoto de 1755 – “O Leonel” vistosamente escorado na Rua do Carmo à espera do resultado de um estudo que o Laboratório Nacional de Engenharia Civil encomendou. Passa mesmo ali a falha sísmica que atravessa o edifício dos Armazéns do Chiado e se prolonga até às ruínas do Convento do Carmo que o mesmíssimo Terramoto derrubou.

Fonte: Revista Focus
Texto/Autor: Ana Sousa Dias
Fotos da Revista e da Net
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sábado, 11 de fevereiro de 2017

Parece Frango, cheira a frango, sabe a frango...

O desejo de comer carne coloca uma questão ética, desde que os seres humanos conseguiram uma produção agrícola fiável: precisamos, realmente, de matar animais para viver? Mas há mais: os gases e os dejectos de todas essas galinhas, porcos e vacas estão a contribuir para as mudanças climáticas. A ideia da carne de imitação nunca foi, por isso, tão atractiva.
No ano de 2010, cientistas da Universidade do Missiouri (EUA) anunciaram que, após mais de uma década de investigação, tinham criado o primeiro produto de soja que não só pode ser preparado para saber a galinha, como se desfaz na boca da mesma maneira. O mundo vegetariano anda em pulgas para ter acesso à invenção. «Juntamente com o presunto, o frango sempre foi o santo Graal», diz Seth Tibbott, 59 anos, decano dos inventores da carne de soja.
A empresa de Tibbott, a Turtle Island Foods, tornou-se famosa pelo peru falso bem apaladado. Mas Tibbott diz que os esforços para criar um frango falso credível chocam com a textura magra da ave e com o seu sabor delicado. «O peru tem um sabor parecido com o da caça», diz, «e é mais fácil imitar sabores fortes.»

Tibbott está agora a estudar a possibilidade de comprar a invenção do Missiouri. Segundo a Associação de Alimentos de Soja da América do Norte, as vendas anuais de produtos de soja totalizaram 3 300 milhões de Euros em 2008, contra os 240 milhões em 1992. Mas 3300 milhões são, para usar uma metáfora alimentar, apenas pevides. Os norte americanos gastam cerca de meio bilião de dólares em carne, todos os anos. Uma alternativa que conseguisse conquistar nem que fosse 10% deste mercado faria alguém muito rico.


Galinha ‘in vitro’


Há muito que os especialistas de saúde pública anseiam por uma carne de soja credível, pois ela é uma excelente fonte de proteína e tem menos gordura e colesterol do que a de animais. Mas embora a galinha falsa do Missiouri tenha  a consistência certa, ainda lhe falta ser temperada e fortemente salgada para saber a carne. Daí que a próxima fronteira da alimentação verde seja a carne real criada  in vitro – que não é cortada de um animal, mas de um prato de laboratório, e que oferece todo o sabor sem a carnificina de gado.
A Organização People for the Ethical Treatment of Animals (PETA) oferece um prémio de 1 milhão de dólares (800 mil Euros) a quem consiga colocar no mercado galinha in vitro até 2012. Tal como muita coisa que a PETA faz é uma habilidade publicitária: segundo Jason Matheny, um vegetariano que gere uma firma de capital de risco chamada New Harvest, a carne in vitro está «pelo menos a dez anos de distância».
Entretanto, Tibbott e outros defensores de soja, incluindo os cientistas da Universidade de Missioury, acreditam que podem preencher a lacuna, oferecendo carnes falsas mas realistas. Quem sabe? Talvez um dia possamos encomendar uma fajita de galinha com picante, feita de soja. Podemos até nem dar pela diferença, mas o planeta vai dar.

E do pó fez-se carne


Como é que se cria uma textura carnuda e musculada, sem sangue?
Primeiro
Pega-se numa mistura seca de proteína de soja em pó e farinha de trigo, junta-se água e deita-se num processador de comida industrial. Inicialmente, parece uma massa de bolo. Mas, à medida que passa pelas rodas do misturador e é aquecida a, precisamente, 175 graus, a massa começa a ganhar firmeza e forma estrias complexas. Os cientistas precisaram de muitos anos para chegar à temperatura certa, e mais uns tantos para descobrir como arrefecer o bolo de soja rapidamente, antes de se desfazer.

Fonte: Revista Visão (8 de Julho de 2010)
Texto/Autor: Revista TIME por John Cloud
Fotos da net

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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Amêijoa com 405 anos


Nem elefantes, nem mamutes, nem tartarugas, nem peixes pré-históricos. O animal mais velho do mundo é uma amêijoa. A surpreendente descoberta foi feita por um grupo de cientistas ingleses no fundo do Oceano Atlântico, a norte da Islândia. Depois de analisado e testado, chegaram à conclusão de que o bivalve tinha 405 anos.
Tinha, porque entre a recolha do oceano e a análise da sua concha, a amêijoa morreu.
Ming foi o nome dado pelos cientistas a um exemplar de amêijoa oceânica, encontrada no ano de 2006, e cuja idade foi inicialmente datada em 405 anos, através do método de contagem dos anéis da concha. Com esta notícia, Ming passou a fazer parte do Guinness Book por ser o molusco mais velho descoberto até à presente data. O recorde de Ming ultrapassa o de uma outra sua parente com 220 anos encontrada em 1982.

Uma segunda revisão dos anéis revelou que a idade real de Ming era afinal de 507 anos. A anterior estimativa foi subestimada devido à compressão dos anéis da concha (tal como se faz para saber a idade das árvores), havendo alguns anéis que ficavam sobrepostos sobre outros. A este método tradicional foram feitos outros testes mais avançados, entre os quais o teste do Carbono 14, podendo-se assim ter a certeza de que este molusco nasceu no ano de 1499 (mais ano, menos ano), na época da dinastia Ming na China, e apenas sete anos após a primeira viagem de Cristóvão Colombo até ao continente americano.
Para se ter uma ideia de longevidade, no seu primeiro ano de vida, Portugal estava sob o domínio Espanhol, Filipe II era o rei e William Shakespeare apresentava as suas primeiras obras. Quando completou 308 anos, Portugal passou a ser uma Republica. Alan Wanamaker, um dos cientistas afirmou ao ‘Sunday Times’ que não fazia ideia de que a amêijoa pudesse ser tão velha. Até que se deparou com a descoberta de mais de 400 linhas nas conchas. Em comparação com outros animais do planeta, convém referir que a mais velha tartaruga das ilhas Galápagos chegou aos 176 anos e um esturjão alcança os 150 anos de vida.

Fonte: Revista Notícias Sábado
Fonte/Autor : RS
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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

O Regresso dos bisontes


A espécie pode voltar a expandir-se na América do Norte, do México ao Alasca.

São boas as notícias para a natureza, numa altura em que quase todos os dias nos chega a informação de que mais uma espécie (ás vezes, várias de uma assentada) está à beira da extinção.
O bisonte, um dos animais mais emblemáticos da América do Norte, que esteve intimamente associado à “conquista do Oeste” nos Estados Unidos – no decurso dessa epopeia foi caçado quase até à extinção -, pode voltar a povoar largas porções do continente norte-americano, do México ao Alasca, durante os próximos cem anos. A previsão é de um grupo de peritos em ecologia e conservação de espécies, que fez um estudo para avaliar essa possibilidade, a pedido de várias organizações, como a Wildlife Conservation Society.
Os autores desse estudo estão convencidos de que a preservação de regiões de pradaria que existem no continente, nomeadamente no Sudoeste dos EUA, as extensões de taiga no Alasca, e outras zonas idênticas no Canadá, podem voltar a ser repovoadas por bisontes, desde que esses locais permaneçam vedados a qualquer outro tipo de actividades.
Para fazer esta avaliação, os especialistas idealizaram um modelo que incorporou vários factores da ecologia de cada local (incluindo as outras espécies aí existentes). Encontradas desta forma as zonas com mais potencial, o repovoamento terá de ser feito a partir da população que resta desta espécie: 500 mil exemplares, 20 mil dos quais no estado selvagem.

Fonte: Revista Notícias Sábado
Texto/Autor: João Ferreira (Ciência)(Biodiversidade)
Foto da Net
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terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

As Mansões dos Famosos - 24


Uma antiga moradia do século XIV foi recuperada com carinho pela actriz Jane Saymour.
Parece um castelo mas na realidade é uma antiga casa de campo do século XIV que a actriz de Dr.Quinn e o marido, o realizador James Keach, reconstruiram com todo o amor e cuidado e transformaram num lar para os seus seis filhos.

Assemelha-se em tudo a um castelo, mas Jane Seymour apesar da grandiosidade não gosta que o chamem assim. Na realidade a actriz prefere que a sua mansão, Saint Catherine’s Court, uma grandiosa herdade, seja somente encarada como uma casa de família, a sua, constituída pelos seus seis filhos – dois são enteados – e pelo marido James Keach.
Apaixonada, quando comprou a casa que data do século XIV e viu que muito era necessário fazer, a actriz, com todo o empenho que lhe é característico, falou com arquitectos que lhe deram as directrizes de como transformar a antiga mansão numa casa de família. Tudo parecia estar por fazer: da electricidade à canalização.
O resultado: cada um dos quartos duplos da herdade é verdadeiramente único. Todos eles foram decorados com mobiliário confortável e pleno de sumptuosidade de acordo com a história implícita neste local.


Existem ainda os quartos de criança remodelados com um extremo cuidado, pois, afinal, trata-se de uma casa de família.
A sala de banquetes foi propositadamente deixada com o mínimo de mobiliário pelas suas excelentes condições acústicas que favorece a realização de festas e eventos musicais.
A Suite principal tem ainda a particularidade de ser decorada com peças de fabrico exclusivo para Jane Seymour. Trata-se de um quarto de grandes dimensões e conforto e com uma fantástica vista para o campo.
Na imponente sala de jantar domina uma enorme mesa, sendo este o sítio que a actriz de Dr. Quinn considera como o ideal para receber toda a família e do qual a mãe é uma fã incondicional. Ao todo, Seymour consegue reunir nesta sala do tempo da Rainha Isabel 18 pessoas. O local predilecto da actriz é sem dúvida a biblioteca, não só pelo tecto espectacular, mas também por aqui se encontrarem obras adquiridas pelo seu pai, um grande apaixonado por livros antigos.
As paredes de toda a casa estão decoradas com quadros, alguns da actriz, também pintora, mas muitos deles foram comprados pela proprietária ao longo dos anos. Se os interiores foram essencialmente a preocupação de Jane Seymour, os exteriores são o resultado de um grande investimento pessoal do marido, o realizador James Keach.


No total, são nove quartos, incluindo a suite principal, seis casas de banho, dois tocadores, dois closet, seis salas de estar, uma biblioteca, uma sala de dança, uma sala de jantar, a cozinha e uma sala de pequenos-almoços. Todas estas comodidades estão também ao serviço de hóspedes que o casal costuma receber para algumas actividades lúdicas.
Ao longo de 20 anos, Jane Seymour tem investido o seu tempo e o seu amor em Saint Catherine’s Court e, deliciada, dá todo o tempo e esforço como bem empregues.

Fonte: Revista Flash!
Texto/Autor: Desconhecido
Fotos da revista /net
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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Os Brincos nos rituais Mágicos



A origem de muitos rituais mágicos ainda hoje realizados perde-se na noite dos tempos. As práticas vão e vêm ao sabor das modas, mas nunca são esquecidas. O uso de um único brinco na orelha, actualmente muito comum entre os homens, tem uma curiosa origem lendária.

No fim do século XVI, mais ou menos na época do «Invencível Armada», um navio espanhol perdeu-se durante uma tempestade e foi parar à Costa da Noruega. A sua tripulação era constituída por marinheiros cruéis, hábeis e implacáveis, que tiveram de permanecer algum tempo em terra para consertar um dos mastros do navio. Espalharam armadilhas na zona onde tinham ancorado para apanharem pequenos animais e, inesperadamente, certa noite, capturaram um gnomo que rondava o acampamento que haviam montado na praia. Ninguém pode imaginar as torturas e humilhações a que o submeteram. Hornuk – era este o nome do gnomo -, no entanto, era esperto e aguardou o momento certo para negociar a sua vida.


A certa altura ouviu os marinheiros a falarem sobre o seu medo de morrer no mar, onde não poderiam receber uma sepultura adequada, ou de serem levados para uma praia onde os habitantes, considerando-os piratas, os deixassem insepultos.
Hornuk não perdeu a oportunidade. Disse-lhes então que tinha um amuleto capaz de proporcionar aos marinheiros uma sepultura condigna, fosse no mar ou em terra. Isso atraiu a curiosidade dos espanhóis, que lhe ofereceram a sua vida em troca desse amuleto.


Hornuk passou a noite a furar orelhas e a pendurar brincos. A partir daí espalhou-se a crença de que isso garantia aos marinheiros uma sepultura condigna, onde quer que fosse. Na verdade, sempre que um cadáver de um náufrago com um brinco na orelha dava à costa, os gnomos dessa terra encarregavam-se de o enterrar numa sepultura condigna. Desde então, os marinheiros passaram a acreditar na história do gnomo e a furar as orelhas, onde usavam brincos de ouro.
A história de Hornuk foi mais do que uma inspiração do momento para se salvar. Para os gnomos, o ouro, mais do que um bem com valor material, sempre foi considerado um elo entre o homem e o Sol. Por isso gostam de ouro e trazem-no sempre com eles.


Segundo esses pequenos seres, o metal reduz a sua necessidade de sol. Quando fazem amor, mantêm um objecto de ouro de qualquer tipo em contacto com o corpo. Este objecto pode ir de uma pulseira a um anel ou a uma corrente. Segundo eles, qualquer destes objectos reforça a energia. Muitas vezes, na noite de núpcias, espalham pó de ouro sobre os lençóis para garantir energia e felicidade ao novo casal.


Muitos rituais mágicos específicos para os animais ou utilizando elementos da natureza, como plantas, cristais e metais, foram criados por gnomos e espalhados por todo o mundo. A proximidade entre os gnomos e os homens tornou possível a disseminação dessa sabedoria ancestral. Hoje, mais do que nunca, o homem descobre novamente, uma natureza devastada, aliados importantes que foram negligenciados. Com eles, aprende importantes segredos – como estes.

Fonte: Revista Esperança
Texto/Autor: desconhecido
Fotos da revista
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domingo, 5 de fevereiro de 2017

Paranóia


Entende-se por paranóia o conjunto de perturbações de carácter que pode traduzir-se em orgulho excessivo, na desconfiança em susceptibilidades fora de controlo, na falsidade do julgamento e em interpretações erróneas. Estas disfunções podem provocar reacções agressivas e fazer com que o individuo atinja um estado delirante. Nestes casos, o doente pode desenvolver um delírio paranóico de interpretação, de perseguição ou de reivindicação. Antigamente designava-se por este termo um delírio crónico de interpretação sistematizada, com conservação aparente da clareza e da lógica do pensamento.
A paranóia crónica pode resultar de lesões cerebrais, do abuso de anfetaminas ou do consumo excessivo de álcool. A esquizofrenia ou a doença maníaco-depressiva são também outra das causas. Pode também manifestar-se em pessoas desconfiadas e sensitivas que parecem emocionalmente frias e se melindram facilmente.
Já a paranóia aguda – uma crise com duração inferior a seis meses – pode surgir em indivíduos com perturbações prévias da personalidade e que sofrem alterações radicais no seu meio ambiente. Nestes indivíduos, se existe uma personalidade vulnerável e predisposta a um factor de intenso stress, o resultado pode ser uma ruptura psicótica mais ou menos transitória.

Fonte: Revista Nova Gente (Dicionário de Saúde)
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sábado, 4 de fevereiro de 2017

Pit bull


Foram criados para combater outros cães e divertir a nobreza. Revelaram-se amáveis e obedientes. Durante os séculos XIX e XX eram utilizados para fazer companhia às crianças.
Os Pitt Bull foram responsáveis, com os Rottweiller, por 70% das mortes por ataque canino entre 2005 e 2009 nos Estados Unidos. São considerados uma das raças mais perigosas do mundo, mas o problema pode estar apenas na forma como são treinados. É que durante muitos anos quem tinha filhos escolhia-os como animal de estimação por serem de confiança e carinhosos – até lhes chamavam The Nanny Dog (cão-ama).
A raça nasceu no século XIX. Em 1835, o parlamento inglês proibiu o bull baiting, um jogo em que os bulldogs atacavam touros na arena. A realeza encontrou então uma nova diversão na luta entre cães.
Os criadores misturavam bulldogs e terriers e esse cruzamento foi reconhecido em 1898. Os pit bull começaram a ser usados não só para luta e caça, mas também para protecção: além de eleitos por famílias ricas para tomarem conta dos filhos, eram os preferidos dos soldados da I e da II Guerra Mundial.
Especialistas defendem que eles não são naturalmente perigosos e que é o treino que lhes define a personalidade. Um estudo da American Temperament Tests Society, de 2004, diz mesmo que, 83% destes cães não são agressivos - a média geral é de 77%.



Crânio achatado e focinho largo e comprido. As orelhas são pequenas; o temperamento é alegre e são fiéis ao dono. Não são agressivos para os humanos, mas podem revoltar-se contra outros cães; precisam de socializar, de exercício físico e de regras.

Fonte: Revista Sábado
Texto/Autor: Sofia da Palma Rodrigues
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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Rei Eduardo VII


Curioso episódio no funeral do Rei Eduardo VII



No livro «Memórias do Sexto Marquês de Lavradio» há um episódio, por ocasião do enterro de Eduardo VII, Rei de Inglaterra, que merece ser transcrito. Ei-lo contado por quem a ele assistiu e muito quis a El-Rei D. Carlos:
«Às 9.25 da manhã saía o féretro de Westminster para a estação de Paddington, de onde seguiu o comboio para Windsor.
Incorporaram-se no cortejo, seguindo a cavalo em filas de 3, de Westminster para a estação: O Rei Jorge, O Imperador da Alemanha, o Duque de Connaught, os Reis da Noruega, da Grécia, de Espanha, de Portugal e da Bélgica, os Príncipes herdeiros da Turquia, da Áustria, da Roménia e da Sérvia e mais 35 príncipes, por si ou como representantes dos seus soberanos.


Da estação de Windsor para a capela de St. George seguiram todos a pé.
Em Windsor, os ofícios realizaram-se na capela de St. George, havendo depois almoço na Waterloo Chamber.
Como disse, os Reis, em Londres, seguiram a cavalo o féretro do Rei Eduardo. O Rei Fernando da Bulgária, que já não era criança e era pesado, teve alguma dificuldade em montar, o que provocou sorrisos dos Reis de Portugal e Espanha, então novos e montados com ligeireza. O Rei Búlgaro viu os sorrisos e, depois de estar a cavalo, aproximou-se deles e disse-lhes: «Meus queridos amigos, com certeza estais mais firmes na sela do que eu, mas qual de nós estará mais firme no trono?».

Fonte: Almanaque Diário de Notícias
Texto/Autor: Desconhecido
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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Tremoços


Aperitivos lendários



Uma das lendas em redor desta semente afirma o nome “Estremoz” teve origem na palavra “tremoços”

A utilização dos tremoços como aperitivo perde-se na história dos hábitos dos portugueses. Embora também se comam noutras alturas do ano, é com a chegada do calor que o seu consumo dispara. Afinal, as pessoas bebem mais cerveja nos dias quentes, algo que não se faz sem se trincar uns tremoços. Esta é uma regra bem conhecida de todos.
Em Portugal, o tremoço está para a cerveja como a manteiga está para o pão e café que se preze tem que oferecer o pires de tremoços. A relação que os portugueses estabelecem com estas sementes só tem semelhança em alguns países mediterrânicos, como a Itália e a Grécia. Assim, não admira que existam lendas sobre os próprios tremoços. A mais famosa conta que, em certo dia, a Sagrada Família atravessou um campo de tremoceiros enquanto fugia dos soldados do rei Herodes. A família caminhava lentamente na tentativa de passar despercebida mas, a cada passo que José e o burro davam, os tremoceiros estalavam por baixo dos seus pés. Em cima do burro e com Jesus no colo, Maria desesperava com a situação e decidiu amaldiçoar os tremoços, afirmando que nunca mais estas sementes matariam a fome a alguém. Lenda ou não, a verdade é que quem come um tremoço, come sempre o segundo e depois o terceiro. Alem disso, os tremoços servem sempre como aperitivo, ao contrário de outras sementes que servem de alimento, como o feijão, a ervilha e a lentilha. Outra das lendas afirma que o nome “Estremoz” teve origem na palavra “tremoços”.


Supostamente quando os primeiros habitantes chegaram ao local onde hoje se encontra a cidade, nada mais havia do que o sol, a lua e campos gigantescos de tremoceiros. Estas e outras estórias podem ser fruto da imaginação popular, mas demonstram como estas sementes estão enraizadas na cultura portuguesa. Fazer o tremoço saltar da sua casca é uma arte que os portugueses aprendem desde crianças. E enquanto houver sol, calor e cerveja, mais portugueses aprenderão a comer tremoços e mais lendas serão inventadas.
A maioria dos tremoceiros tem a propriedade de fixar azoto nos solos, e muitos são utilizados como fertilizante natural em zonas agrícolas.


A Lupinus albus L. é originário da Península Balcânica, bastante cultivada na região mediterrânea, Macaronésia, centro e sudeste da Europa, Rússia, norte de África, África do Sul, Austrália e América. Reconhecida pelas suas propriedades medicinais a Lupinus albus L. também é usada para alimentação humana e animal.
 Subespontânea no nosso país em searas, campos e lugares arenosos, em solos ácidos, a Lupinus albus L. ficou conhecida popularmente como Tremoço.
 Os tremoços crus e secos são utilizados para baixar o diabetes. Deve ser tomado logo pela manhã com um copo de água e em jejum. O uso do Tremoço não deve ser constante por causa de sua toxidade se consumido em grande quantidade.

 Uso: Os tremoços são usados crus. Macetar 3 Tremoços crus e sem casca, colocar num copo com água e deixar repousar durante a noite, beber de manhã em jejum. Esta prática não só lhe vai reduzir a glicemia, como também o ácido úrico.

Fonte: Jornal Diário de Notícias
Texto/Autor: João Silva
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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

As casas de Garrett


Almeida Garrett, que conforme nos diz o seu biógrafo Gomes de Amorim, tinha o gosto das mudanças, pelo que não parava por muito tempo na mesma casa, foi, em 1836, morar para o pátio do Pimenta 13 – A, ali ao, ainda hoje pacato e aristocrático sítio de Santa Catarina. A residência era pequena, mas bonita, e muito ao gosto de Garrett, pois dispunha de um jardinzito de que ele próprio tratava com o maior cuidado. Que contraste entre o Garrett requintadamente elegante, poeta e dramaturgo, homem de Estado e diplomata, e o Garrett, jardineiro, talvez de socos e avental, largo sombreiro de palha e regador na mão…

Naquela casa decorreram serenamente os primeiros anos da sua ligação com D. Adelaide Pastor e ali nasceu, em 1837, o seu primeiro filho. O falecimento deste, em 1839, levou Garrett a mudar-se para a rua da Conceição de Cima, à Cotovia, mas em 1844 voltou ao Pátio do Pimenta, desta vez para a casa com o número 13 – F, e vindo da rua do Alecrim.

Fonte: Almanaque Diário de Notícias (1954)
Texto/Autor: Desconhecido
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